Na Coluna Edtechs, Leonardo Libman analisa como IA e plataformas digitais moldam empregos, habilidades e a formação profissional do futuro
Em um mundo onde a inteligência artificial redefine profissões e habilidades, a educação tradicional enfrenta um dilema: como preparar os alunos para um mercado de trabalho em constante evolução? A velocidade das mudanças tecnológicas exige uma adaptação urgente dos currículos e métodos de ensino. A escassez de profissionais qualificados em áreas como IA, análise de dados e programação é uma realidade global.
Enquanto o mercado exige profissionais com competências em análise de dados, programação e pensamento crítico, muitos alunos ainda passam anos decorando fórmulas como a equação de Bhaskara, memorizando a tabela periódica inteira ou estudando conceitos complexos de ligações químicas propostos por Linus Pauling. Embora esses conteúdos tenham valor acadêmico, raramente encontram aplicação prática no dia a dia da maioria das profissões. O resultado é uma formação que privilegia o acúmulo de informações pouco usadas, em detrimento de habilidades como estatística aplicada, lógica computacional, noções de finanças pessoais ou mesmo o uso de softwares de análise, que têm impacto direto na empregabilidade atual.
Os números evidenciam a gravidade do problema: apenas 30% dos graduados de 2025 conseguiram empregos de nível inicial em suas áreas de formação, enquanto 48% se sentiram despreparados para se candidatar a essas vagas. Mais de 50% dos funcionários em todo o mundo precisarão aprimorar ou requalificar suas habilidades até 2026 para assumir novas responsabilidades impulsionadas pela automação e novas tecnologias.
Na Índia, apenas 47% das escolas oferecem cursos baseados em habilidades para alunos do ensino médio, com apenas 29% dos alunos optando por esses cursos. Nos Estados Unidos, estima-se que 18,4 milhões de trabalhadores experientes com educação superior se aposentem entre 2024 e 2032, enquanto apenas 13,8 milhões de jovens trabalhadores entrarão no mercado de trabalho com qualificações equivalentes.
No Brasil, apenas 9% dos alunos do ensino médio fazem um curso técnico ou de qualificação, enquanto na União Europeia esse percentual é de 43%. Além disso, estima-se que 59% dos trabalhadores brasileiros precisarão se requalificar até 2030 para se adaptarem às mudanças no mercado de trabalho impulsionadas pela automação e novas tecnologias.
Para enfrentar esses desafios, a tecnologia educacional surge como uma aliada estratégica. Ferramentas de aprendizado baseadas em inteligência artificial, plataformas de microcertificação e cursos online personalizados estão permitindo que os alunos adquiram habilidades práticas e relevantes para o mercado de trabalho. Essas soluções oferecem flexibilidade, acessibilidade e alinhamento com as necessidades atuais das indústrias, criando uma ponte entre a teoria e a prática e preparando os alunos para os desafios e oportunidades do futuro profissional.
Além dos desafios educacionais, as empresas de recrutamento ainda enfrentam grandes dificuldades para conectar candidatos às vagas certas. Grande parte do mercado de contratação permanece excessivamente analógica, dependendo de processos manuais e planilhas para identificar habilidades, experiências e compatibilidade cultural.
Mesmo ferramentas consolidadas, como o LinkedIn, embora amplamente utilizadas, apresentam limitações claras: algoritmos baseados em histórico profissional e conexões de rede muitas vezes não conseguem capturar nuances de soft skills, potencial de crescimento ou alinhamento com a cultura organizacional de cada empresa. Como resultado, contratações podem ser imprecisas, demoradas e gerar altos custos tanto para empresas quanto para candidatos.
É nesse contexto que iniciativas como a OpenAI Jobs Platform ganham relevância. A OpenAI anunciou recentemente o lançamento de uma plataforma de contratação baseada em inteligência artificial, prevista para meados de 2026. Essa plataforma visa conectar empresas e candidatos de forma mais eficiente, utilizando IA para combinar habilidades, experiências e compatibilidade cultural de maneira mais precisa.
Além disso, a OpenAI planeja oferecer certificações para diferentes níveis de fluência em IA por meio da OpenAI Academy, com um piloto previsto para o final de 2025. Essa abordagem inovadora tem potencial para redefinir a forma como profissionais e empresas se conectam, alinhando ainda mais a educação e o desenvolvimento de habilidades às reais necessidades do mercado de trabalho.
OpenAI já é avaliada em cerca de US$ 300 bilhões, após uma rodada de financiamento de US$ 40 bilhões liderada pelo SoftBank, o que reflete tanto sua força atual quanto as expectativas enormes em seu crescimento futuro. É nesse contexto que iniciativas como a OpenAI Jobs Platform brilham como visão disruptiva.
Com uma empresa valendo centenas de bilhões e apoiada por grandes investidores, um projeto desses tem não só os recursos, mas o impulso para moldar como contratamos no futuro. Estamos vendo não só inovação em produto, mas uma mudança estrutural no encontro entre empregadores e profissionais — e isso tem tudo para transformar um mercado inteiro.
Para colaborar com as startups que desenvolvem tecnologias para a educação a se aproximarem cada vez mais das instituições de ensino, o educador21 está formando um “Cadastro de Edtechs”.
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CEO e cofundador da primeira plataforma de experimentação vocacional do país: a Seren, com metodologia própria e tecnologia, vem transformando a vida dos alunos, aproximando-os de profissionais de referência do mercado, online e ao vivo, para que encontrem seu propósito profissional.
Executivo com vasta experiência em empresas multinacionais e Startups. Sólida formação acadêmica com MBA em finanças corporativas pelo IAG PUC. Visão holística do mercado devido à combinação de expertise comercial e pensamento estratégico. Vivência em B2B e B2C, liderando expansão de 4 unicórnios: Gympass, Loggi, 99 & ClassPass.










