Skip to main content

Pesquisa nacional mostra queda na motivação de professores; gestores devem atuar com valorização, suporte psicológico e formação continuada

O ensino brasileiro atravessa um período desafiador, em que a dedicação e o protagonismo dos professores se mostram mais essenciais do que nunca. Dados da 4ª edição do Estudo OPEE Educação, realizado em parceria com a Mercare! Educação, indicam uma queda preocupante na motivação docente: o percentual de educadores confiantes no futuro da educação caiu de 58,59% em 2024 para 45,21% em 2025, enquanto aqueles que se declaram pouco esperançosos ou pessimistas subiram de 2,84% para 10,27%.

O levantamento ouviu 1.763 professores e profissionais da educação de escolas públicas e privadas de todas as regiões do país, destacando a representatividade do Nordeste, responsável por 52,6% das respostas. O perfil dos participantes reforça a experiência e o comprometimento de quem mantém viva a missão de ensinar: 88,03% são mulheres, 63,18% têm entre 35 e 54 anos e 40,16% atuam há mais de 21 anos na área.

O estudo revela que a motivação, embora ainda ligada ao propósito de transformar vidas, apresenta sinais de desgaste. Apenas 7,8% dos entrevistados dizem sentir-se totalmente motivados, enquanto subiu de 3,17% para 6,18% o índice dos que veem a docência principalmente como meio de sustento. Para gestores, esses dados indicam que não basta apenas exigir resultados: é necessário criar condições estruturais, emocionais e pedagógicas que sustentem o engajamento docente.

A pesquisa também destaca que o propósito continua sendo a força motriz para a maioria dos profissionais: 44,81% afirmam seguir na profissão pelo impacto que geram sobre os alunos, embora este número tenha caído em relação ao ano anterior. A conjunção entre motivação, desafios diários e expectativa de valorização torna o papel do gestor escolar ainda mais estratégico: equilibrar metas de aprendizagem com cuidado com a saúde mental e o reconhecimento profissional é condição indispensável para fortalecer equipes e melhorar o desempenho institucional.

Segundo Silvana Pepe, diretora-geral da OPEE Educação, ouvir os professores é fundamental. “Dar voz a quem vive a escola diariamente é essencial. Só assim gestores podem agir de forma efetiva, garantindo não apenas a aprendizagem dos alunos, mas também o bem-estar de quem ensina, mantendo a escola como espaço de acolhimento e transformação”, disse a especialista.

Motivação e propósito: sinais de desgaste pedem atenção estratégica

O estudo evidencia um paradoxo: embora o compromisso com a transformação social e o impacto positivo sobre os alunos permaneça firme, a motivação diária apresenta sinais claros de desgaste. Apenas 7,8% dos educadores dizem sentir-se totalmente motivados, enquanto 6,18% enxergam a docência apenas como meio de sustento. Mesmo assim, 44,81% afirmam seguir na profissão pelo impacto que geram — número que era de 51,85% no ano anterior.

Para gestores, essa combinação de dedicação e desgaste exige atenção estratégica. Leo Fraiman, psicoterapeuta e autor da metodologia OPEE, reforçou esse coro. “A queda na motivação e o aumento do pessimismo não significam que os educadores desistiram, mas que precisam de apoio real, de condições de trabalho mais justas e de políticas que reconheçam sua importância. A educação precisa ser construída com os educadores e não apenas para eles”, disse.

Os fatores que sustentam a esperança docente, segundo a pesquisa, incluem resultados positivos com os alunos (49,57%), apoio da equipe gestora e colegas (39,93%), fé ou espiritualidade pessoal (35,45%) e formação continuada (35%). Esses dados indicam que gestores devem considerar o cuidado integral do professor — corpo, mente e propósito — como parte da estratégia institucional.

Quando convidados a apontar medidas que fortaleceriam a esperança, os professores foram enfáticos: melhor remuneração (66,93%), apoio à saúde mental (62,28%), maior envolvimento da comunidade escolar (40,05%) e oportunidades de formação continuada (38,85%). A integração entre valorização financeira, suporte emocional e políticas de formação aparece como caminho indispensável para que a esperança docente não apenas resista, mas se fortaleça, mantendo o professor como motor de transformação educacional.

Cinco anos após a pandemia, os efeitos sobre a saúde mental continuam visíveis, com índices crescentes de burnout, ansiedade e exaustão. A pesquisa deixa claro que gestores têm papel central em equilibrar a carga de trabalho, promover acolhimento e garantir condições de desenvolvimento profissional, conectando diretamente propósito e motivação ao futuro da escola.

Compartilhe: