Em artigo, o coordenador do curso de Engenharia de Computação da ESEG, Rodrigo Aquino, fala sobre a retomada da potencialidade científica do Brasil
Rodrigo Aquino*
O ano de 2022 foi marcado pela retomada das atividades de pesquisas na área de Tecnologia. Depois de um longo período atravessando uma fase de desaceleração por conta da crise sanitária e econômica ocasionadas pela pandemia da Covid-19, o Brasil vem demonstrando potencialidade para voltar a ser uma potência em ciência, tecnologia e inovação.
Ao longo do ano, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) contou com uma quantia substancialmente maior de verbas discricionárias para investir em bolsas, projetos e infraestrutura de pesquisa. O valor previsto na proposta original do governo era R$ 6,6 bilhões, o que já representaria um aumento de 140% em relação a 2021. Embora tenha havido cortes, podemos considerar que os números melhoraram e devem seguir crescendo em 2023.
Muitas inovações surgiram neste último ano e devem continuar a movimentar o setor. Por exemplo, no setor da Saúde, a inteligência artificial (IA) tornou-se uma pauta recorrente, uma vez que é capaz de otimizar todos os serviços voltados para o paciente, aumentando a qualidade dos processos de atendimento e diagnóstico. A tecnologia se estende para além do consumidor final, trazendo melhorias em todas as esferas da cadeia. Armazenamento de dados precisos, otimização de resultados, diagnósticos mais precisos e softwares de gestão mais ágeis e integrativos são alguns dos benefícios que podem ser observados com a implementação da IA, sem falar no aumento das chances de cura de doenças complexas.
Outra inovação é o Data Science (ou Ciência de Dados). Ainda tomando como exemplo a área da saúde, ele consiste em gerar soluções baseadas em dados por meio da compreensão de problemas reais da área de Saúde, empregando o pensamento crítico e a análise para obter conhecimento a partir dos dados. Esse setor utiliza muito o Data Science para descoberta de novas drogas, na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças e no monitoramento da saúde de pacientes.
Durante a pandemia de Covid-19, esta tecnologia foi um dos primeiros auxílios buscados para que se pudesse entender o comportamento do vírus na população mundial, criando modelos preditivos sobre seus impactos.
Já na área de Esportes, outro segmento no qual o Data Science já vem sendo aplicado, veremos mais iniciativas interessantes no próximo ano. A NBA já utiliza soluções interessantes que possibilitam acesso em tempo real às condições físicas dos jogadores, previsão de fadiga, mensuração de novas variáveis sob demanda etc. Com esse tipo de tecnologia aplicado ao time, informações como essas alimentam análises estatísticas e modelos de Machine Learning, levando as performances para outros níveis. Sem dúvidas, essa é uma tendência importante.
Por outro lado, outras tecnologias promissoras ainda não tiveram oportunidade de se destacarem. Muito se falou da Blockchain como sistema de certificação, como as NFTs, e observamos recentemente uma grande queda nos valores de ativos desta tecnologia. Isso indica a possibilidade de uma bolha, e talvez, futuramente, as NFTs não tenham valor algum.
Para 2023, ainda que algumas soluções baseadas em Blockchain possam ter sido utilizadas com fins apenas financeiros, ainda existem aplicações interessantes que se utilizam da confiabilidade e segurança dessa tecnologia em diversas áreas. Muitas startups investem em identidade e assinatura eletrônica de documentos, e no fornecimento a outras empresas e governos. Assim, recursos que seriam gastos com burocracia analógica podem ser aplicados de outras formas.
A expectativa é que, em 2023, surjam mais abordagens de IA e Data Science aplicadas a diferentes setores, fazendo com que os usuários sejam ainda mais surpreendidos pelas novas tecnologias.
Daqui para a frente, este será o futuro: cada ano, mais repleto de surpresas inovadoras.
*Coordenador do Curso de Engenharia de Computação da ESEG – Faculdade do Grupo Etapa