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Levantamento feito pela Kanttum revela as dificuldades dos professores com aulas remotas durante a pandemia

A edtech Kanttum — que desenvolve soluções para o aperfeiçoamento das equipes por meio do ensino reflexivo e de feedbacks construtivos — realizou um levantamento inédito do SerProf para apontas as proncipais dificuldades dos professores no ensino remoto. A edtech compilou os dados de 450 aulas analisadas e 175 professores participantes de programas de mentorias desenvolvidos em duas grandes redes de ensino brasileiras, entre março e novembro de 2020, na plataforma.

“Foram duas rodadas de observações: a primeira no início da pandemia, com todos apreensivos com a adoção do modelo de ensino-aprendizagem remoto, e o segundo quando já estavam mais adaptados, mas cujas mediações tradicionais não atendiam às novas necessidades”, disse Ana Maria Menezes, head pedagógica da Kanttum.

O programa que é uma solução de formação continuada e mentoria para acompanhamento da equipe pedagógica criado em 2020, ajudou a revelar as cinco principais dificuldades dos educadores no processo de transição educacional:

  1. avaliação da aprendizagem
  2. autonomia do aluno
  3. atividades desenvolvidas na aula remota
  4. interação na aula online
  5. organização da aula remota

O processo consistiu na análise de aulas reais gravadas por professores de diferentes regiões do país, na observação da própria aula, na autorreflexão e na marcação na rubrica e mentoria a partir da prática, para a proposta de soluções. Um novo ciclo foi realizado meses depois, para apuração dos resultados.

“Os dados levantados nos permitem obter insights importantes a respeito dessa experiência tão singular vivida pelos educadores e podem nos apontar caminhos para a educação em 2021 e anos vindouros”, explicou Ana Maria.

Empatia do professor é ponto alto em 95% das aulas e acolhe alunos

O levantamento da Kanttum mostrou, também, que a atmosfera em sala de aula foi um dos pontos altos do material coletado. Em 95% das aulas, foi observado que os educadores priorizaram a empatia no trato com os alunos, preocupando-se em acolhê-los e ajudá-los.

“Em momentos de transformações e incertezas, nos quais a saúde emocional e mental foi colocada em cheque, essa competência demonstrada pelos professores foi fundamental para transmitir segurança e tranquilidade, primordiais para os processos educativos”, disse Luciana Ferruzzi, líder da Rede de Mentores SerProf, programa da empresa.

Os esforços e experimentações realizados pelos professores direcionam a um sistema educacional mais ajustado às necessidades do ensino-aprendizagem do século 21.

Para tanto, é importante que se continue investindo em qualificação docente. Não apenas para capacitar os educadores para lidarem com as tecnologias digitais. Mas, sbretudo, em uma formação que parta das experiências reais de sala de aula, que estimule uma postura reflexiva sobre a própria prática e que incentive a troca de vivências, buscando respostas em ambientes colaborativos que diminuam as dificuldades dos professores.

Conheça as cinco maiores dificuldades dos professores no ensino online

•1. Avaliação da aprendizagem

A avaliação da aprendizagem foi indicada como um espaço de melhoria na prática pedagógica do professor em 34% das aulas observadas. Ele tem de ampliar sua visão de avaliação para além das provas e trabalhos ao final das unidades de estudo e partir para um acompanhamento mais contínuo.

“São ificuldades dos professores de virada de chave, que já enfrentavam mesmo no contexto presencial. Nas aulas online, é necessário que ele adicione momentos de checkpoint ao planejamento, possibilitando observar o que e como os alunos estão aprendendo”, disse a head pedagógica.

•2. Autonomia do aluno

A autonomia cria condições para que o aluno exerça uma liberdade responsável, participando efetivamente da construção do próprio conhecimento. Essa habilidade é citada de forma recorrente na descrição das competências gerais para a Educação Básica propostas pela BNCC, por ser fundamental para que o cidadão do futuro possa atuar em cenários complexos e em constante transformação. Incentivar esse autogoverno, no entanto, é uma dificuldade apontada em 33% das aulas.

“Os educadores ainda precisam sistematizar práticas pedagógicas que possibilitem o maior desenvolvimento de autonomia pelos alunos, como oferecer mais opções de escolhas significativas, fortalecer a autoconfiança deles para que possam tentar novas opções sem a culpa do erro, permitir que expressem suas opiniões e necessidades e pesquisem temáticas diferentes das propostas pelo material didático”, explicou Ana Maria.

•3. Atividades desenvolvidas na aula online

Outro aspecto que pode ser melhorado são as atividades desenvolvidas nas aulas online, como apontado em 22% delas. Antes da pandemia, a utilização de recursos digitais na educação era rotineira apenas a uma pequena parcela de instituições brasileiras. Com o fechamento repentino das escolas e a constatação de que o modelo transmissionista não consegue manter os alunos engajados à distância, os educadores têm aprendido na prática como tornar as aulas remotas mais interessantes e efetivas por meio das ferramentas digitais. Este aprendizado leva tempo, mas já é possível constatar que os professores têm buscado e implementado cada vez mais atividades que possibilitam a construção colaborativa do conhecimento e a conexão entre os estudantes.

•4. Interação na aula online

Muitos formadores ainda se apoiam na participação oral dos alunos como principal ferramenta para promover interação, como constatado em 20% das aulas analisadas. O uso sistemático e proposital do chat, a ativação ou não das câmeras, a utilização de ferramentas que permitem edição colaborativa de textos, o uso intencional de mídias sociais e a utilização planejada das salas simultâneas são recursos que podem — e devem — ser mais explorados.

•5. Organização da aula

Em 2020, os professores brasileiros enfrentaram o grande desafio de desenvolver um modelo de aulas remotas, com a utilização de recursos virtuais e outros espaços de interação ainda que muitos não estivessem habituados a utilizar estas tecnologias e a fazer a gestão de uma sala virtual. As mentorias mostram que 20% deles ainda estão lidando com as transformações e adaptando a organização das aulas, um ciclo de formação continuada, em constante evolução.

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