Skip to main content

Aprendizado 100% presencial já praticamente não existe mais, e nova proposta é o ensino phygital. E esse modelo não é passageiro

Depois da pandemia de Covid-19, a educação a distância – que já vinha conquistando cada vez mais adesão por parte dos jovens – ganhou ainda mais força. Após quase quatro anos vivendo um cenário atípico, o ensino remoto, que já registrava crescimento nos anos anteriores, ganhou um impulso ainda maior. Com isso, um novo modelo de ensino surgiu e está cada vez mais popular e presente nas escolas, universidades e cursinhos preparatórios para provas: o ensino phygital.

O termo “phygital” se refere à junção das palavras “physical” (físico, em inglês) com o “digital”. Representa, assim, a integração entre o online e offline, visando proporcionar aos estudantes experiências cada vez mais interativas e personalizadas, que possibilitem o aprendizado efetivo e criem boas experiências.

O percentual de estudantes matriculados em EAD aumentou 274,3% nos últimos anos, evidenciando a expansão dessa modalidade. No entanto, fica cada vez mais claro que não é preciso optar por um outro modelo (online ou presencial). Na verdade, um formato precisa do outro para que o ensino seja mais completo e atenda às necessidades dos estudantes de hoje.

“O isolamento social impediu os alunos de saírem de casa, e, com isso, a única forma possível de continuar a estudar era por meio da internet. Assim, muitos jovens aderiram ao ensino online e tiveram a oportunidade de aprender fora de uma sala de aula tradicional”, comentou Michel Arthaud, influenciador e professor de Química da Plataforma Professor Ferretto, voltada para a preparação para Enem e vestibular.

Educador prova que o modelo phygital já é uma realidade

Na visão de Michel Arthaud, já não é mais possível distinguir com clareza até onde vai o ensino tradicional e onde começa o aprendizado online. Isso porque cada vez mais professores utilizam recursos digitais para chamar a atenção dos seus alunos, mesmo em uma aula presencial. E com isso, o aprendizado acaba acontecendo o tempo todo, no dia a dia do aluno.

“Acreditar que o ensino a distância é um complemento do presencial hoje é uma visão ultrapassada, pois na verdade as duas realidades estão interconectadas, e muitas vezes é até mesmo difícil diferenciar o que é físico o que é digital. Então, não se deve mais pensar em optar por um ou outro modelo, ou pelo aprendizado pelos canais online como algo complementar da aula ‘de verdade’, e sim ver que não é mais possível ensinar e aprender, de maneira de fato eficaz, adotando canais 100% presenciais, e é aí que entra o conceito de ensino phygital”, defendeu Arthaud.

Pensando nisso, o docente listou cinco provas de que esse modelo educacional veio para ficar:

Flexibilidade

Como parte dos conteúdos são apresentados de forma online, e as aulas ficam gravadas, os estudantes não precisam se adequar 100% do tempo a uma grade horária fixa, seguindo uma rotina menos “engessada”. “Cada um pode fazer seu planejamento como preferir, e pode alternar os estudos entre um dia e outro – dividir as disciplinas da forma como fizer mais sentido para si. Independentemente do horário que o aluno prefira se dedicar ao aprendizado online – manhã, tarde, noite, ou até madrugada – o importante é reservar de fato aquele período do dia para se dedicar aos estudos, sem distrações ou interrupções”, alertou o educador.

Hiperconexão

Não é difícil notar que, cada vez mais, a fronteira entre o “mundo real” (offline) e o “mundo virtual” (online) está menos clara. Enquanto as gerações mais antigas lembram com saudosismo da “vida analógica”, os mais jovens já nasceram na era da internet, em um ambiente hiperconectado, e não costumam fazer uma separação tão clara entre as duas realidades.

“O modelo phygital ganha cada vez mais espaço nas mais diversas áreas- cultura, comércio, marketing, saúde, tecnologia – e é claro que a educação não ficaria de fora. O conceito visa aproveitar o melhor dos dois mundos, oferecendo uma experiência mais imersiva e com mais possibilidade de interação, dessa forma construindo um ensino mais alinhado à realidade atual”, resumiu o docente.

Protagonismo

Por meio das plataformas online e da mescla entre o offline e o online, os alunos ganham maior autonomia para aprender da maneira mais adequada ao seu perfil, diferentemente do modelo 100% presencial. “No aprendizado phygital, o estudante faz a gestão de seu próprio plano de estudos, se organizando para participar das aulas presenciais e para acessar os conteúdos online”, disse Arthaud.

No entanto, é claro que a disciplina do aluno é fundamental. “É preciso traçar um cronograma equilibrado, que contemple todas as disciplinas e as aulas presenciais e remotas, e seguir o que foi planejado. Não é recomendado faltar em aulas, sejam físicas ou remotas, nem deixar de lado as matérias que não gosta ou que têm mais dificuldade. Mas, se organizar de forma adequada, flui bem”, explicou.

Custo x benefício

De forma geral, as plataformas de ensino online oferecem preços mais acessíveis, já que não precisam de um espaço físico que comporte um número determinado de alunos. Como podem ser acessadas por milhares de estudantes, do Brasil todo, os valores são muito mais em conta que os dos cursos presenciais.

“Dessa forma, aliando o ensino presencial com o aprendizado pela internet, o modelo phygital permite oferecer educação mais acessível, sem deixar de lado a qualidade de ensino. Na internet, se trabalha em escala, e por trabalhar com turmas pequenas, devido à limitação física de uma sala de aula, obviamente o ensino tradicional é bem mais caro. Sendo assim, no phygital o aluno acaba tendo que investir menos, e também economiza por não precisar se deslocar todos os dias, poupando gastos excessivos com transportes, comida, etc”, disse o influenciador.

Versatilidade

Hoje as distrações são muitas, e é um desafio cada vez maior para os jovens se concentrar e se aprofundar em um determinado assunto. “É um grande desafio para os professores de hoje, seja na aula presencial ou na remota, prender a atenção do aluno até o final da explicação. Hoje o jovem recebe múltiplos estímulos e é muito mais inquieto e imediatista do que as gerações anteriores. Sendo assim, o modelo phygital ajuda a fugir do ‘mais do mesmo’ e a manter a concentração do aluno, por ser mais versátil e  oferecer os conteúdos em diferentes formatos e canais”, avaliou o professor da Plataforma Ferretto.

Compartilhe: