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Na Coluna Gestão Inovadora deste início de ano, Christian Rocha Coelho traz à tona o conceito da andragogia — a ciência de orientar e motivar adultos a adquirir novos hábitos, conhecimentos e atitudes

“Quem está acostumado a ensinar, às vezes, tem dificuldade em aprender”. Alguns educadores quando escutam as palavras treinamento, capacitação, palestra, feedback, monitoramento ou outras palavras similares podem regredir ao condicionamento de suas experiências escolares anteriores, colocar o chapéu da pendência, cruzar os braços, encostar-se na cadeira e dizer: “tá bem, pode me ensinar”.

Adultos trazem consigo uma carga de experiência muito grande. E à medida que acumulam estas experiências, tendem a criar hábitos mentais, preconceitos e pressuposições que podem fechar a mente a novas ideias, a percepções mais atualizadas e a alternativas.

Para qualquer tipo de reestruturação acontecer, é necessário que todos os colaboradores estejam abertos a mudanças de atitudes e quebrem seus paradigmas.

É neste momento em que o entendimento das técnicas andragógicas pode auxiliar e atuar como facilitador para que etapas sejam cumpridas com a menor resistência possível e que as novas experiências provoquem sensações positivas, como o aumento de interesse, o desenvolvimento da autoestima e o espírito de equipe.

Andragogia

A palavra “andragogia” tem a sua origem na Grécia Antiga: andra (adulto) e agogé (condução). Segundo a definição, creditada a Malcolm Knowles em seu livro “The Adult Learner”, andragogia é definida como a ciência de orientar e motivar adultos a adquirir novos hábitos, conhecimentos e atitudes. Essa aquisição ocorre em adultos por meio de um processo mais complexo do que em crianças e adolescentes.

Linderman, Knowles e Wlodowski, três dos principais pesquisadores da educação de adultos, apresentam em seus trabalhos algumas explicações para essa diferença e sugerem que a motivação dos adultos para aprender é a soma dos seguintes fatores:

  • Acompanhar de perto – sentir-se seguro diante do novo
    Quando acompanhado, o adulto sente-se confiante em sua capacidade de experimentar ou adquirir um novo hábito, pois não está sozinho nesta empreitada. Ao seu lado, existe uma pessoa com conhecimento e com liderança para acompanhá-lo, ensiná-lo e apoiá-lo ao longo de uma nova experiência.
  • Autoestima e satisfação
    Adultos são motivados a aprender à medida que percebem que as necessidades e interesses que buscam estão e continuarão sendo atendidos. A decisão da equipe em envolver-se seriamente em um determinado projeto e aceitar a promover mudanças internas está relacionada ao valor que ela atribui para alcançar essas mudanças e os benefícios propostos. Além do reconhecimento formal (elogios) e dos ganhos por méritos (premiações), a comunicação tem um papel importante na valorização da equipe por meio das divulgações de seus trabalhos para os demais colaboradores, alunos e familiares.
  • Objetivos definidos
    Sem saber onde se quer chegar (objetivo), como conseguir (metas) e se o caminho está certo (análise de desempenho), não existe necessidade de se movimentar. Sem um objetivo claro, o adulto não tem motivo nem motivação para mudar de atitude ou progredir.
  • Visão do todo
    Os adultos têm uma profunda necessidade de se autodirigir: isto é, de serem responsáveis pela sua aprendizagem e estabelecerem seus próprios percursos educacionais. Para isso, é importante que eles tenham uma visão holística do processo e a ciência do planejamento estratégico.
  • Autonomia
    O adulto sente-se motivado quando participa da tomada de decisão e tem autonomia para agir em busca de seus objetivos.
  • Aprendizado experiencial
    A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender. Assim, o centro da metodologia da educação do adulto é a análise das experiências externas e do seu próprio cotidiano. Praticamente todo o conteúdo necessita ser de utilidade prática e imediata, porém deve resultar em mudança de atitudes e aperfeiçoamento de habilidades passíveis de gerar resultados em longo prazo. O adulto aprende aquilo que faz e vivencia, sendo a experiência o seu próprio guia.
  • Valorização da empresa em que trabalha
    Ninguém gosta de fazer parte de um time perdedor. As pessoas, de uma forma geral, motivam-se quando fazem parte de uma equipe de ponta, que alcança seus objetivos e é reconhecida por isso.

O livro “The medium is the message”, de Marshall Mcluhan, retrata a andragogia como um meio disponível para ajudar os colaboradores a desenvolverem competências que lhes permitirão melhorar as suas performances de trabalho, estima, autorrealização e que, por consequência, desempenhem seus papéis de forma que alcancem os objetivos da instituição.

Na verdade, ocorre uma reciprocidade: a escola proporciona a maximização do potencial dos seus colaboradores e, em troca, recebe e usufrui dessa evolução para aumentar o número de alunos. Por este motivo, é importante deixar claro para o colaborador que ele será o primeiro a ser beneficiado.

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