Familiarizados com a tecnologia, os estudantes devem utilizar suas habilidades digitais em atividades educativas supervisionadas
A proibição do uso de celulares na sala de aula é um tema cada vez mais debatido e que gera dúvidas entre educadores e especialistas sobre os benefícios e os desafios associados à essa medida. No Brasil, essa regulamentação se aplica às escolas públicas e privadas do Estado de São Paulo com o objetivo de evitar distrações durante o horário de aula e promover um ambiente de aprendizado mais focado. E a Comissão de Educação (CE) da Câmara de Deputados aprovou, no dia 30 de outubro, o projeto de lei 104/2015, que proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos portáteis em salas de aula.
A utilização do aparelho como ferramenta pedagógica, quando orientado e supervisionado de forma adequada, tem se mostrado um recurso valioso no ambiente escolar. Algumas instituições de ensino já adotam uma abordagem equilibrada, permitindo o uso do telefone móvel em atividades supervisionadas e integrando a tecnologia de maneira planejada ao currículo, sempre com um propósito educativo. Plataformas de gestão de classe, como o Google Classroom, ajudam a restringir o acesso a redes sociais enquanto o aluno está na unidade de ensino, o que facilita o foco em atividades educacionais.
Segundo a psicopedagoga e escritora Paula Furtado, banir o celular no colégio não aborda a raiz do problema, que pode estar relacionado à forma como o aprendizado é conduzido. “Pessoas desmotivadas podem buscar refúgio em inovações, o que indica que a questão talvez esteja mais ligada à necessidade de inovar nas práticas educativas. Essa geração nasceu imersa na tecnologia, e ignorar isso pode aumentar a desconexão entre os métodos de ensino e o que os acadêmicos estão acostumados. Escuto relatos de pacientes que culpam alguns professores com suas aulas monótonas, o vilão da fuga para a tecnologia”, explicou.
Compreender o momento adequado para usar o celular é primordial para os estudantes, a fim de garantir aulas mais fluidas e de qualidade. Controlar o uso nos colégios requer a adoção de políticas claras e equilibradas, com envolvimento dos responsáveis. “Nessa fase, a escola deve aproveitar o interesse natural dos alunos para desenvolver habilidades eletrônicas que complementem o aprendizado tradicional. Isso inclui ensinar a usar esses recursos de forma segura e eficiente, preparando-os para os desafios do mundo digital”, disse a psicopedagoga, completando que uma medida eficaz que os responsáveis podem adotar é o uso de ferramentas de bloqueio seletivo, que restringem o acesso a aplicativos inadequados durante o período escolar.
Especialistas defendem o uso dos aparelhos celulares com moderação
Uma pesquisa recente lançada pela Mobile Time em colaboração com a Opinion Box revelou dados surpreendentes sobre o uso de smartphones por crianças. De acordo com o estudo denominado “Crianças e Adolescentes com Smartphones no Brasil”, aproximadamente 26% das crianças com idades entre 4 e 6 anos já possuem seu próprio aparelho. Mas o dado que mais chama atenção é que, mesmo entre os pequenos, de 0 a 3 anos, 7% já têm seu próprio smartphone. Diante desse cenário, os pais são incentivados a refletir: como podemos aproveitar a familiaridade das crianças com a tecnologia de maneira construtiva?
“Devemos considerar que o desafio não está na tecnologia, mas sim na forma como a utilizamos. Ao explorarmos as diversas ferramentas disponíveis, como a música, apps de leitura, jogos que estimulam o desenvolvimento cognitivo e até mesmo o aprendizado de idiomas, percebemos que a tecnologia, quando empregada de forma eficaz, favorece um crescimento saudável na infância”, explicou a psicóloga Renata Santana de Moura.
Para os pais preocupados com o impacto da tecnologia na vida de seus filhos, vale a pena lembrar que o estímulo positivo é tudo e investir em uma educação que promova o uso consciente e criativo da tecnologia pode ser a chave para prepará-los para os desafios do século 21.
Marco Giroto, fundador da SuperGeeks, rede de escolas especializadas em competências para o futuro, ressaltou que é fundamental entendermos que a tecnologia não é apenas uma ferramenta de entretenimento, mas sim uma oportunidade de preparar nossas crianças para o futuro. “Acreditamos que os pais podem aproveitar a aptidão natural que as crianças têm pela tecnologia para incentivá-las a desenvolver habilidades que são essenciais em um mundo cada vez mais digitalizado”, disse.
A proposta da SuperGeeks vai além de apenas ensinar programação ou robótica. Os cursos oferecidos são completos e práticos, voltados para capacitar as crianças e estimular a criatividade. Durante as aulas os alunos aprendem desde habilidades básicas de programação até o desenvolvimento de jogos e aplicativos, adquirindo conhecimentos que serão fundamentais para o futuro.
“Podemos ver que com a orientação adequada, o uso consciente e criativo da tecnologia pode se tornar uma ferramenta poderosa para o crescimento e aprendizado das crianças. Na era digital em que vivemos, não se trata apenas de acompanhar a tecnologia, mas sim de estar à frente dela”, afirmou Giroto.