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Na primeira coluna de 2021, Thiago Almeida oferece três dicas para lidar com os desafios educacionais do ano letivo e implementar inovações pedagógicas necessárias para o período

O ano de 2021 começa abrindo uma nova década em que muito se espera sobre a educação brasileira. A expectativa central é que nossas escolas e universidades sejam capazes de lidar com os desafios educacionais para as próximas gerações, e principalmente, implementar inovações pedagógicas capazes de evoluir as experiências de aprendizagem dos estudantes.

Neste ano, eu também completo uma década de experiência com projetos de inovação na aprendizagem: na escola básica, ensino superior, pós-graduação e cursos livres; no Brasil, Europa e África; em instituições públicas e privadas; com crianças, jovens, adultos, executivos e empreendedores de baixa renda. Desta forma, decidi construir a primeira coluna do ano focada em três dicas, a partir de minha experiência, para gestores interessados em implementar ou desenvolver projetos de inovação pedagógica neste ano de 2021!

Primeira dica: Comece ouvindo sua equipe

É comum projetos de inovação educacional terem início com uma decisão gerencial, de diretores acadêmicos, coordenadores pedagógicos ou mesmo mantenedores. De fato, faz sentido que as lideranças das instituições deem o pontapé inicial para ações que possuem tamanho impacto estratégico. No entanto, é fundamental que após a decisão de alta cúpula, o primeiro passo para iniciar o projeto seja ouvir a equipe.

Educação é um serviço, portanto depende de pessoas executando sua entrega na ponta. Escutar a equipe docente e de gestão é fundamental para compreender o ponto de vista de quem está na ponta sobre o que funciona e o que não funciona, assim como compreender outras dores que acabam não sendo ouvidas no dia a dia. Começar sem ouvir a equipe aumenta substancialmente os riscos de o projeto agarrar ou mesmo fracassar.

Um outro elemento importante tem a ver com compartilhar responsabilidades.

Quando as soluções são construídas coletivamente, todos se sentem responsáveis e donos do projeto, elevando os níveis de comprometimento com os resultados. Um projeto de inovação educacional costuma gerar muita visibilidade interna e externa para seus líderes. É fundamental que o processo dê oportunidade para todos se destacarem. Elencar uma estrela e dar a ela todos os holofotes dificilmente resulta em sucesso.

Sempre que inicio um projeto de inovação em alguma instituição (seja como consultor, ou nas minhas próprias escolas), eu sempre começo reunindo o time e perguntando: “O que podemos melhorar na experiência de aprendizagem dos nossos estudantes?”. Costuma ter bons resultados.

Segunda dica: Ouça também seus estudantes

O segundo passo crucial é ouvir os estudantes. Eles são tão impactados quanto a equipe e é preciso conhecer aquilo que funciona, aquilo que não funciona, e as prioridades de melhorias na visão dos alunos. Depois de compreender o que a equipe acredita que pode levar a instituição a oferecer uma melhor experiência aos alunos, é hora de ir conversar com os mesmos e validar se as ideias procedem ou fazem sentido.

Já vivi situações em que a instituição realizava ações muito interessantes e que eram apreciadas pelos estudantes, mas ao implementar o projeto de inovação, por não ouvir o corpo discente, aquilo que era apreciado, foi eliminado, gerando insatisfação.

Muitos gestores afirmam ter receio da postura dos estudantes diante do anúncio do projeto de inovação (e também das famílias, no caso da escola básica). Pois bem, é necessário ouvir, conhecer os receios, conhecer os anseios, e ser sincero quanto aquilo que a instituição acredita. Um projeto de inovação educacional trará mudanças, e toda mudança acarreta perda de parte da base de alunos que não se sente alinhada com a nova visão e nova proposta pedagógica.

No entanto, também acontecerá a chegada de novos alunos, atraídos justamente pelo novo. O importante é que a instituição faça aquilo que ela acredita que será o melhor para a aprendizagem.

Terceira dica: Inovação na aprendizagem é sobre pessoas e não tecnologias

Muitos confundem inovação com tecnologia. Não são a mesma coisa. A inovação é um processo e ao mesmo tempo um resultado. Tecnologia é um artefato, processo ou elemento, capaz de permitir que uma atividade seja realizada de maneira melhor do que anteriormente. Portanto, muitas tecnologias contêm inovações, e são resultado de longos processos de inovação.

No caso da educação, toda e qualquer tecnologia sempre surge num contexto de serviços. Não haverá recurso tecnológico que atue de forma independente dos gestores e professores. Um LMS necessita que os docentes lhe abasteçam com dados e conteúdos; aplicativos e jogos precisam que objetivos de aprendizagem sejam traçados para que eles funcionem dentro de um contexto específico conduzido pelo professor; a lista é longa.

Adoção de inovações na educação depende fundamentalmente das duas dicas anteriores: ouvir equipe, ouvir estudantes. Se todos os envolvidos no processo acreditam estarem diante de algo que trará prosperidade ao processo de aprendizagem, seguramente adotaram com muita felicidade e alegria as inovações.

Forçar uma equipe a adotar determinada tecnologia, na qual não acreditam, é desperdiçar tempo, dinheiro e energia. Precisamos exercitar outro tipo de mentalidade quando desenvolvemos projetos de inovação: construir coletivamente com os envolvidos os caminhos e soluções.

Ficaram famosas as apresentações de novos produtos da Apple, em que o CEO assume o protagonismo e apresenta ao mundo o produto desenvolvido por ele e pela equipe. Em serviços, e principalmente na educação, este modelo não funciona. É preciso que todos possam assumir uma condição de protagonistas, contribuindo com suas perspectivas e experiências. O sucesso depende da energia das pessoas envolvidas. Inclusive os estudantes.

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