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Com a necessidade de reforço do aprendizado e índices preocupantes de abandono e evasão escolar, focar no aprendizado para o domínio com ferramentas de avaliação e personalização é estratégico para a recomposição de aprendizagem no pós-covid

Sidnei Shibata*

Com o início da pandemia em março de 2020, o governo brasileiro anunciou o fechamento das escolas em decorrência do estado de emergência global e a necessidade de distanciamento social. Em todo o mundo, a educação teve que evoluir de forma acelerada para o ensino remoto e híbrido. No Brasil não foi diferente e por ter sido um formato pouco usado nas redes públicas, as dificuldades para implementar modelos de aprendizagem flexível foram múltiplas: recursos para as escolas, treinamento para o uso de recursos digitais para os professores, equipamentos e internet para os alunos, entre outros.

No entanto, passada a fase crítica da pandemia, as dificuldades persistem e se evidenciam no elo mais importante do sistema educacional, o aluno. O abandono escolar continua preocupante e segundo a pesquisa realizada pelo “Todos Pela Educação”, 244 mil crianças entre 6 a 14 anos não estavam na escola no 2º trimestre de 2021. A evasão escolar também sofreu um aumento de 171% durante a pandemia. E para os alunos que permanecem na escola, será necessário trilhar um longo caminho para reverter os efeitos da pandemia.

De acordo com o estudo “Educação Não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e Suas Famílias”, realizado pelo Datafolha a pedido do Itaú Social, Fundação Lemann e do BID, dois em cada três alunos (66%) necessitam de reforço escolar para dar continuidade ao aprendizado do currículo escolar.

Apesar do contexto crítico, é possível pensar em propostas que contribuam para resolver o problema com o uso eficaz de recursos educacionais digitais.
A aprendizagem voltada para o domínio é um conceito que facilita a recomposição da aprendizagem e que hoje pode ser colocada em prática na sala de aula com recursos da tecnologia. Proposta pelo psicólogo norte-americano Benjamin Bloom, pai da taxonomia da aprendizagem, a ideia básica é de que o aluno avance no currículo apenas quando demonstrar domínio de uma determinada habilidade.

Diferente das abordagens tradicionais que focam em períodos fixos de conteúdo, a aprendizagem voltada ao domínio favorece um conteúdo fixo a ser coberto no tempo requerido pelo aluno, evitando o acúmulo de lacunas de aprendizado e motivando o aluno a encontrar seu próprio ritmo. No passado, o esforço para o professor avaliar cada aluno e diferenciar a instrução para cada caso tornava a implementação do conceito impraticável do ponto de vista pessoal ou econômico.

Hoje, as plataformas adaptativas de ensino não apenas facilitam o diagnóstico do nível de conhecimento dos alunos, mas também fornecem ao professor as ferramentas e recursos para viabilizar a personalização da aprendizagem. Em diversos casos de uso, o professor consegue resgatar o papel de mestre e encorajar uma mentalidade de aprendiz nos estudantes frente a todo o
conhecimento disponível. E os resultados são generalizáveis. Décadas de pesquisa e mais de 300 estudos de eficácia também comprovam que a aprendizagem voltada ao domínio funciona.

A pandemia aprofundou o quadro de complexidade enfrentado pelos professores nas salas de aula no Brasil e é necessário um esforço deliberado, contínuo e coletivo para trazer e manter os alunos engajados nas escolas. A rotina de docentes cuidando de turmas de 30 a 40 alunos pode ser aliviada com o uso adequado de tecnologias que permitam o tratamento individualizado e humano, tão necessário para acolher os alunos neste e nos próximos anos.

A adoção da aprendizagem para o domínio é uma das alternativas para lidar com a realidade pós-covid e plataformas alinhadas a esse conceito, como a Khan Academy, podem contribuir no desenho das soluções.

*Country Manager da Khan Academy no Brasil. Sidnei Shibata também é palestrante na Bett Brasil 2022

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