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A Coluna do LIV de julho traz um alerta sobre a saúde mental do professor, que não pode ser negligenciada no ambiente educacional

Quem já andou de avião sabe que a recomendação, diante de uma emergência, é colocar a máscara de oxigênio em si mesmo, antes de ajudar os outros. Mas, será que a gente também leva essa premissa, de que é preciso estarmos bem para cuidarmos daqueles ao nosso redor, para outros aspectos da nossa vida?

Sabemos, que, na prática, não é fácil. A maioria dos responsáveis prioriza os filhos, mesmo estando doentes, pois a correria da vida e a sobrecarga de tarefas atropela o autocuidado. Com os professores, não é muito diferente. Muitas vezes, as responsabilidades da profissão – que não são poucas – tomam muitos espaços do dia a dia. E, obviamente, isso tem um custo para a saúde mental.

“O professor tem uma carga mental que não é só a de ensinar conteúdo. Ele está envolvido na formação humana, na mediação de conflitos, tem a responsabilidade de ajudar a desenvolver as habilidades socioemocionais dos alunos, intermediar os desafios da convivência na sala de aula. E, além disso tudo, ainda tem as questões próprias, dele mesmo, suas emoções, para lidar. É complexo”, diz Andressa Abraão Costa, consultora pedagógica do LIV.

Todo esse trabalho do professor, físico e mental, muitas vezes não é visto, não é reconhecido em sua complexidade. Essa “invisibilidade” faz com que ele não receba o apoio necessário para exercer suas funções, o que compromete sua saúde mental, afetando também sua relação com os estudantes.

Burnout: pesadelo para um terço dos docentes

Com toda essa sobrecarga e enfrentando, muitas vezes, condições inadequadas, com jornadas muito longas e salas de aula lotadas, muitos professores estão “desabando”. O burnout – o esgotamento físico e mental associado ao trabalho – já é uma realidade da profissão.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que cerca de um terço dos professores da educação básica sofre da síndrome de burnout. No ano passado, outra pesquisa, da Nova Escola e do Instituto Ame Sua Mente, trouxe mais um retrato do que está acontecendo com os profissionais da educação. Dos 5.203 profissionais da educação pública e privada entrevistados — entre professores, coordenadores pedagógicos e diretores de escola — 34,6% disseram ter pensado em se afastar do trabalho por questões de saúde mental.

Além disso, três em cada cinco profissionais disseram que pensaram em se afastar do trabalho em 2022 por algum motivo. E o mais grave é a falta de cuidado com os problemas pelos quais os docentes passam: sete em cada dez profissionais afirmaram que não receberam qualquer tipo de apoio para saúde mental.

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Docente também precisa ser cuidado pela escola

Os números relativos à saúde mental assustam e nos obrigam a refletir sobre o problema. É necessário, mais do que nunca, pensar em como cuidar de quem sempre cuida dos outros. E as escolas têm um papel fundamental nessa discussão, já que professores, diretores e gestores estão constantemente preocupados com a saúde emocional de seus alunos, enquanto suas próprias emoções deixam de ser priorizadas no dia a dia.

O acolhimento, diz Andressa, pode ser feito com algumas mudanças simples, que podem ajudar a tornar o ambiente escolar um espaço de escuta e fala para todos, proporcionando impactos positivos na saúde mental.

“Quanto mais oportunidades de fala o gestor oferecer, melhor. Ele precisa se perguntar se realmente oferece espaços para a escuta atenta do professor. Não precisa ser nada complicado. Pode-se aproveitar momentos que já fazem parte do calendário pedagógico para isso. Por que não usar algum tempo do conselho escolar, por exemplo, onde se avalia os estudantes, para se falar também do docente e deixar que ele fale de si mesmo? É possível aproveitar o que já existe”, recomenda Andressa.

Outro ponto importante é que os gestores tenham em mente, diz Andressa, que o professor não é um super-herói. As escolas precisam estar preparadas para acolhê-lo quando ele simplesmente não der conta. É necessário criar um espaço de confiança para que o docente se sinta seguro para compartilhar quando não está bem.

“Existem várias formas de cuidado. Se for algo pontual, se aconteceu algo em aula que mexeu com alguma dor pessoal do professor, a escola pode dar um tempo para que ele possa digerir o que aconteceu.”.

É essencial que a subjetividade do professor seja acolhida, afinal as suas emoções não ficam de fora da sala de aula. E podem, inclusive, afetar o seu desempenho e o desejo de aprender dos alunos.

E o professor, o que pode fazer por si mesmo?

O professor precisa ficar alerta a alguns sintomas de Burnout, como cansaço excessivo, físico e mental, dor de cabeça frequente, insônia, dificuldades de concentração, negatividade constante e sentimentos como derrota. Segundo o Ministério da Saúde, alterações no apetite e problemas gastrointestinais também são sinais frequentes do problema.

O ideal, é claro, é que não se deixe a situação chegar a esse ponto. Andressa sugere que o autocuidado seja visto como prioridade. Ela listou algumas atitudes que podem contribuir para manter a saúde mental do professor em dia. Conheça algumas delas, voltadas para docentes:

  • Impor limites. Isso inclui combinar se pode ser acionado quando está fora da escola e, em caso positivo, em quais horários.
  • Não deixar sua saúde de lado em nome do trabalho. Se você está pulando uma refeição para preparar aulas, ou deixando de se hidratar, lembre que você normalmente fala para seus alunos beberem água. Por que não se lembra de olhar para si mesmo e fazer igual?
  • Ter tempo para o lazer, para ficar à toa. Vale tudo: ver uma série, sentar-se num banco no parque para ver a vida passar diante dos olhos. Reeduque-se para aproveitar momentos simples, mas prazerosos. Lembre-se de que você não é uma máquina de produtividade!

Como o LIV ajuda as escolas parceiras

O LIV acredita na importância de olhar para a educação socioemocional de toda a comunidade escolar. Por isso, além de oferecer propostas para alunos e famílias, o programa disponibiliza um percurso pedagógico exclusivo para os educadores de escolas parceiras, que acontece ao longo de todo o ano. Além disso, também promove um acompanhamento muito próximo, através  da consultoria pedagógica, que realiza palestras sobre diferentes temáticas com gestores e professores, abrindo nestes momentos, inclusive, espaços de fala e escuta.

E para quem ainda não faz parte de uma escola parceira do LIV, há também materiais gratuitos como o e-book “Saúde mental: cuidar de si é para todos!”. É só clicar no link e acessar!

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