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O colunista Leonardo Libman reflete sobre como o uso de dados e analytics está transformando a personalização do ensino e as decisões pedagógicas

Por décadas, a educação enfrentou um desafio persistente: a dificuldade de identificar, de forma rápida e precisa, onde cada aluno realmente precisa de apoio. Professores lidavam com turmas heterogêneas e, muitas vezes, precisavam confiar na intuição ou em observações pontuais para avaliar o desempenho dos estudantes. O problema se agravava pelo fato de que a avaliação tradicional se apoiava quase exclusivamente em testes e provas esporádicas, que ofereciam apenas uma visão fragmentada do aprendizado.

Essa abordagem limitada não só deixava lacunas invisíveis no acompanhamento do progresso individual, como também impedia intervenções ágeis e personalizadas. Gaps de aprendizagem passavam despercebidos, e muitos alunos ficavam sem o suporte necessário, enquanto os professores continuavam sobrecarregados tentando ajustar estratégias sem dados concretos que fundamentassem suas decisões.

Essa falta de visibilidade gerava dois efeitos claros: alunos que ficavam para trás sem que ninguém percebesse, e professores sobrecarregados tentando adaptar estratégias de ensino sem informações precisas. O resultado? Aprendizado desigual e baixa personalização, que até hoje impacta a qualidade da educação em diversas redes de ensino.

É aí que entram as ferramentas de engajamento e analytics. Plataformas modernas coletam dados sobre participação em atividades, respostas a exercícios, tempo de estudo, desempenho em avaliações e até padrões de comportamento em sala. Com essas informações, professores podem identificar rapidamente os alunos com dificuldades específicas, medir a eficácia de estratégias pedagógicas e tomar decisões baseadas em dados concretos, não apenas na percepção subjetiva.

Além disso, essas soluções permitem que os próprios estudantes visualizem seu progresso, compreendam onde precisam melhorar e assumam maior responsabilidade pelo aprendizado. Em um ambiente cada vez mais data-driven, a sala de aula se torna um espaço de decisões inteligentes e personalizadas.

Nos últimos anos, falar em personalização do ensino deixou de ser um ideal utópico e futurista para se tornar um imperativo. E, no centro dessa revolução silenciosa, estão métricas e dados — toneladas deles, coletados a cada interação entre aluno e tecnologia. É por meio desses dados que professores e gestores podem finalmente enxergar o que antes era invisível: o ritmo, as dificuldades e até a motivação de cada estudante.

Um bom exemplo de como isso já acontece na prática é a QANDA, uma edtech sul-coreana criada pela Mathpresso. Nascida em Seul, a plataforma combina inteligência artificial com análise de dados para transformar a maneira como os alunos aprendem — e como as escolas ensinam. A dinâmica é simples, mas poderosa: o estudante envia uma dúvida (muitas vezes de matemática ou ciências exatas), e a plataforma devolve uma explicação detalhada, passo a passo.

Até aí, nada de novo. O diferencial está no que acontece nos bastidores. A QANDA analisa cada interação, mapeia padrões de comportamento e constrói perfis de aprendizagem personalizados. Com mais de 90 milhões de usuários em mais de 50 países, ela já se tornou um dos maiores exemplos do que significa ser data-driven na educação.

O impacto disso vai muito além de responder perguntas. A QANDA antecipa dificuldades, identifica lacunas e recomenda conteúdos específicos para cada aluno — algo que, em larga escala, muda completamente a lógica do ensino tradicional. Estamos falando de uma educação que se adapta ao aluno, não o contrário.

Enquanto plataformas como essa se consolidam globalmente, o Brasil ainda parece preso no século passado. Nossas escolas, em sua maioria, ainda tomam decisões pedagógicas no “achismo”, com pouca base em evidências e quase nenhuma cultura de análise de dados. É um atraso que custa caro: perdemos eficiência, engajamento e, principalmente, a chance de oferecer uma educação realmente personalizada.

A tecnologia para mudar isso já existe. O que falta é vontade — e visão — para transformar dados em decisões. Se quisermos preparar nossos alunos para o futuro, precisamos começar aceitando uma verdade simples: não há educação moderna sem dados.


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