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O diretor-geral do Passei Direto, Ricardo Guia, fala dos desafios e do papel do professor diante da atual revolução tecnológica na educação

Ricardo Guia*

A educação está passando por uma significativa transformação. Os avanços tecnológicos e as mudanças sociais estão alterando as expectativas e os métodos de ensino e, com isso, acredito que estejamos em um momento crucial em que as decisões tomadas agora determinarão o futuro da educação e, portanto, as próximas gerações.

Em meio às mudanças, observo que é possível identificar algumas tendências essenciais que devem ser examinadas e aplicadas com cautela. Para começar, tecnologias emergentes como 6G (a próxima geração de redes de telecomunicações que promete velocidades de internet e capacidades de conexão muito superiores ao 5G), a Web3 (uma nova iteração da internet baseada em blockchain que visa descentralizar a web e devolver o controle dos dados aos usuários) e a Inteligência Artificial estão se tornando uma realidade iminente. A questão não é mais se devemos ou não usar essas tecnologias, mas sim “como” integrá-las de forma ética e eficaz no processo educacional.

Diante desse cenário, é natural, e necessário, que o papel do professor se transforme e ele passe de “guardiões do conhecimento” para “coreógrafos do aprendizado”. No entanto, ainda há muitos desafios a serem superados.

Em um estudo realizado pela McKinsey, apenas 49% do tempo dos professores é gasto em contato direto com os alunos, sendo o restante consumido por tarefas administrativas e preparação de aulas.

A integração de ferramentas tecnológicas pode aliviar essa carga, permitindo que os professores se concentrem mais na mentoria e no desenvolvimento pessoal dos alunos. Tecnologias como o ChatGPT já estão mostrando o caminho, auxiliando na correção de exercícios e na criação de planos de aula personalizados.

Mas nem tudo são flores. A acessibilidade é um desafio premente. De acordo com a ITU (União Internacional de Telecomunicações) 2,7 bilhões de pessoas no mundo ainda não têm acesso à internet. No Brasil, 32,2% das escolas não possuem laboratório de informática, uma estatística alarmante que limita severamente as oportunidades de aprendizado para milhões de estudantes. Além disso, a alta taxa de evasão no ensino superior e a projeção de uma significativa falta de docentes até 2040 no Brasil apontam para a necessidade de reformas estruturais profundas.

O futuro da educação é um campo repleto de oportunidades, mas também de desafios significativos. Como líderes empresariais e educadores, temos a responsabilidade de moldar esse futuro de maneira que beneficie a todos. A adoção inteligente de tecnologias emergentes, a promoção da aprendizagem ao longo da vida, o desenvolvimento de habilidades essenciais para a vida e a transformação do papel do professor são passos fundamentais para alcançar uma educação de qualidade e inclusiva.

No mais, para que essas mudanças sejam efetivas, devemos enfrentar de frente os desafios existentes, investindo em acessibilidade, confiança institucional e capacitação contínua dos educadores. Somente assim poderemos criar um sistema educacional que não apenas responda às necessidades do presente, mas também prepare nossos alunos para os desafios do futuro.

*Diretor-geral do Passei Direto

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