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O colunista Marcel Costa alerta: na maratona do Enem, equilibrar preparo e saúde emocional pode ser o diferencial que leva estudantes à linha de chegada

Uma das provas mais emblemáticas dos Jogos Olímpicos é a maratona. Com seus tradicionais 42km, ela remete à jornada de Filípides, o soldado grego que, em 490 a.C., correu da planície de Maratona até Atenas para anunciar a vitória sobre os persas. Após cumprir sua missão, Filípides tombou – não por falta de preparo físico, já que era considerado um guerreiro hábil, mas, talvez, por ausência de estratégia e cuidados adequados com o próprio corpo.

Essa metáfora histórica nos convida a refletir sobre os desafios contemporâneos da Educação. Hoje, nossos estudantes vivem pequenas “maratonas” diariamente nas salas de aula e se preparam, ao longo de anos, para as grandes provas da vida acadêmica – como o Enem e os vestibulares de alta performance, especialmente para cursos como Medicina.

O Enem 2025 já tem datas definidas: inscrições entre 26 de maio e 6 de junho e provas nos dias 9 e 16 de novembro. O cronômetro está correndo – e a maratona dos estudos começou para valer. O senso de urgência se instala: é preciso agir com foco, mas também com equilíbrio.

A missão dos educadores: mais que ensinar, preparar

Cada aluno tem sua própria meta, seus desafios, sua história. E cada professor, sua forma de ensinar e orientar. Criar metodologias que atendam a esse mosaico de necessidades é um desafio.

Nossos jovens “Filípides” – muitos com apenas 15 ou 16 anos – estão prestes a enfrentar seus primeiros exames de larga escala. Alguns estão no último ano do Ensino Médio, outros voltam às provas após tentativas anteriores, buscando universidades públicas, federais ou estaduais.

Prepará-los vai além da transmissão de conteúdo. É preciso integrar conhecimento técnico com inteligência emocional. Professores sabem bem disso – e a tarefa exige mais que domínio de disciplinas: requer empatia, paciência, sensibilidade e, muitas vezes, uma atuação quase terapêutica frente à ansiedade generalizada dos alunos.

O peso da jornada

Ansiedade, pressão por resultados, cobrança por notas, rankings, expectativas familiares. Tudo isso compõe o cenário emocional que nossos estudantes enfrentam. Em meio a fórmulas, redações e conteúdos extensos, há também cansaço físico, mental e emocional. O estresse, inevitavelmente, compromete o desempenho.

Assim como Filípides entregou sua mensagem apesar da exaustão, nossos alunos muitas vezes chegam ao fim do processo com rendimento aquém do que poderiam alcançar, caso tivessem sido orientados com mais equilíbrio e estratégia ao longo do caminho.

Estratégias que acolhem e potencializam

Ensinar, hoje, exige uma abordagem holística. É preciso considerar o conteúdo, sim, mas também o bem-estar emocional, a postura diante dos estudos e a motivação interna do estudante. Professores, em parceria com especialistas – psicólogos, orientadores educacionais e terapeutas – podem ajudar a identificar e remover bloqueios emocionais, ansiedades e traumas que impedem o pleno aprendizado.

A personalização do ensino é uma das chaves. Para isso, o professor e/ou a escola podem incluir o acompanhamento individualizado de redações com feedback contínuos; aplicação de simulados reais, baseados nas instituições de interesse dos alunos; uso de tecnologia, como inteligência artificial, para mapear dificuldades e otimizar o estudo; emprego de técnicas baseadas em neurociência cognitiva, Programação Neurolinguística (PNL) e metodologias ativas para melhorar memorização e foco.

O legado da jornada

Filípides tinha habilidade e resistência. Faltaram-lhe estratégia e cuidado. Na maratona que leva ao Enem 2025 e aos Vestibulares, não faltam informações nem conteúdo – aliás, há até em excesso. O que falta, muitas vezes, é o equilíbrio entre técnica e emoção. A isso chamo de Estratégia Emocional.

Cabe a nós, educadores, oferecer essa travessia de forma mais saudável. Com estratégia, personalização e suporte emocional, podemos ajudar nossos alunos a cruzar a linha de chegada não exaustos, mas vitoriosos – conscientes de que entregaram a si mesmos o melhor que podiam ser.

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