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Para a educadora Roberta Guedes, a mudança no ensino médio não deve ser apenas no currículo, e precisa incorporar a escuta ativa

Roberta Guedes*

Falar da nova configuração do Ensino Médio não é pensar apenas em uma mudança de currículo, é pensar na transformação de uma escola por completo. A proposta irá trazer uma contextualização da educação, promovendo integralidade e atendendo ao projeto de vida do adolescente. Uma nova organização curricular mais flexível, o aumento da carga horária e o foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional são algumas das novidades do projeto desenvolvido a partir de mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) e da elaboração da parte para o Ensino Médio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Falar do Ensino Médio não é pensar apenas em mudança de currículo, é pensar na mudança de uma escola por completo. O Novo Ensino Médio traz uma percepção diferente do que queremos como projeto de vida para o estudante a partir do desejo deles. Ele pretende trazer uma contextualização da educação para o ambiente contemporâneo, promovendo uma educação integral e atendendo o projeto de vida do estudante.

A escuta de toda a comunidade escolar está entre os desafios do complexo cenário de aplicação do novo currículo e a transformação só vai ocorrer se houver a participação de todos os integrantes. Para acompanhar a implementação gradativa do novo currículo personificado, é importante a preparação da família e dos próprios jovens, além da formação do corpo docente. A escuta ativa possibilita um espaço para reflexão e cultivo de relações afetivas. É fundamental ouvir as juventudes, dando voz e autonomia aos jovens. Usamos “juventudes”, no plural, porque cada estudante está inserido em sua própria vivência. Ao aproximar o currículo apresentado pela instituição de ensino à realidade dos adolescentes de hoje, o estudante se sente provocado a pensar em seu próprio projeto de vida e em seu desenvolvimento enquanto ser humano.

A intenção do Novo Ensino Médio é colocar o estudante como o ator principal da jornada de aprendizagem, passando a assumir o protagonismo em parceria com os professores. Os educadores possuem máxima importância no papel de escuta dos jovens. Devem proporcionar um ambiente favorável ao diálogo. Para isso, é necessário que o professor passe a assumir um papel de facilitador e mediador dentro da aprendizagem. É necessário dar liberdade ao mesmo tempo em que se guia, estimulando a participação dos estudantes.

A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil tem contribuído para a formação de educadores e para a implantação do Novo Ensino Médio nas escolas de educação católica. Há dois anos vem trabalhando para na produção de lives, conteúdos especializados sobre o tema. A ANEC tem se consolidado, não só como assessora, mas como produtora de conhecimento que fomenta suas associadas na construção de currículos.

Para a instituição, a implementação da escuta é uma das principais ações para o sucesso do novo currículo. As escolas que optarem pela simples imposição de novos currículos sem entender primeiro as necessidades da comunidade escolar, não estarão estimulando o protagonismo do estudante nem abrindo espaço para que a instituição seja um espaço para o desenvolvimento da criatividade, do pensamento crítico e inovador. Se faz necessário entender que o colégio precisa dar aos estudantes formas de compartilhar ideias e participar da construção de uma solução vantajosa para todos.

A concretização do novo Ensino Médio é uma política pública necessária e, mais do que nunca, é uma ação que precisa ser feita à luz de discussões curriculares e da Base Nacional Comum Curricular. Mas, o novo Ensino Médio só será efetivo, quando houver uma escuta ativa da comunidade escolar e, especialmente, das juventudes. Os discentes precisam ter mais autonomia em relação aos estudos, enquanto se preparam também para exercer suas funções de cidadãos. Se conseguirmos aliar a flexibilidade do novo currículo à escuta ativa que dá ao jovem protagonismo e que atende às necessidades sociais do país, teremos sucesso na implementação da nova grade curricular.

*Gerente da Câmara de Educação Básica da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC)

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