Marcel Costa, fundador e CEO da IntegralMind, fala da sua experiência como educador e ressalta a importância de melhorias na formação de professores
Marcel Costa*
Qualquer “manual’ atualizado como referência para a formação de professores deverá ter incluído as competências socioemocionais como prática para o ensino. O desenvolvimento de habilidades e competências socioemocionais dos alunos são cada vez mais valorizadas. Por isso mesmo, professores e educadores em geral devem ser capazes de promover um ambiente que apoie a saúde mental e emocional dos estudantes, além de modelar e ensinar habilidades como empatia, resiliência e colaboração.
Outubro merece mesmo ser celebrado como o mês do professor – dia 15 é o Dia do Professor. Mas há muito o que evoluir ainda antes de qualquer comemoração entusiasmada. Afinal, não só a boa formação dos professores é preponderante para isso. Bons salários e estrutura para o ensino-aprendizagem se fazem mais que necessárias nesse processo. Até lá, podemos comemorar, mas com parcimônia.
Ao pensar a formação dos professores com foco nas competências socioemocionais, evidente que precisamos desenvolver em nós professores a excelência acadêmica acompanhada de autoconhecimento. Como podemos ensinar aos nossos estudantes conteúdos que não sabemos, não temos formação para tal? Da mesma forma, como promover saúde mental e emocional nos estudantes se nós mesmos não nos dedicamos ao autoconhecimento, se não estamos bem e preparados mental e emocionalmente?
Sempre acreditei que para ensinar bem era preciso primeiro entender o ser humano em sua totalidade — seus medos, suas motivações e suas capacidades. Aprendi desde cedo, já aos 14 anos de idade, que era necessário autodesenvolvimento e bem-estar. Sem titubear e sem “pré-conceitos”, relato sempre a minha gratidão ao Centro de Desenvolvimento Integrado Luz do Vegetal, uma dissidência da União do Vegetal, que combinava o uso do chá Ayahuasca com práticas psicológicas profundas voltadas para o autodesenvolvimento e o bem-estar. O grupo era liderado por Elza Piacentini, uma terapeuta com uma formação extensa e internacional em terapias alternativas. A abordagem de Piacentini ia além da simples prática religiosa, incorporando técnicas psicológicas e espirituais que buscavam melhorar não apenas o indivíduo, mas o coletivo.
Aliás, isso tudo não difere da prática de Paulo Freire, que sempre esteve aliada ao amor, ao diálogo, à esperança, à atitude ética da humanização e ao respeito ao outro. Até porque, incorporar técnicas psicológicas e espirituais que buscavam melhorar o indivíduo são atitudes poderosas para o autoconhecimento e para a transformação social.
Mas nada disso fará sentido se o professor-educador não percorrer uma jornada única e multifacetada que entrelaça espiritualidade, conhecimento acadêmico e prática profissional em áreas tão diversas como a educação e a saúde.
Percebi isso desde cedo. Enquanto me desenvolvia espiritualmente, também comecei minha carreira profissional de maneira precoce, aos 16 anos, trabalhando como tutor para crianças vizinhas. Esse foi o início de uma relação duradoura com o ensino, uma profissão que abraçaria e reinventaria ao longo da vida. Durante a adolescência, percebi que gostava de ensinar e que tinha uma habilidade natural para me conectar com meus alunos. Aprendi ainda a transformar essa habilidade em uma fonte de renda, dando aulas particulares e de reforço escolar.
Foi nesse contexto que, aos 18 anos, decidi ingressar na Faculdade de História da Universidade de São Paulo (USP). Inicialmente, a intenção era estudar Psicologia, mas meu interesse pela evolução e pelo passado humano me levou a optar por História. Embora tenha completado dois anos e meio do curso, senti que curiosidade intelectual além do que o currículo acadêmico tradicional poderia oferecer. Queria entender o ser humano não apenas através da história, mas também da ciência e da natureza do universo.
Essa busca por conhecimento me levou a prestar uma prova de transferência para o curso de Química, também na USP. Lá, me dediquei ao estudo das estruturas atômicas e moleculares, complementando a compreensão filosófica e histórica do mundo com uma base científica sólida. Durante esse período, frequentei aulas de Matemática, buscando ampliar ainda mais o entendimento sobre as leis que regem a natureza.
Hoje entendo que a formação dos professores deve ser integral. Aprendi isso aos 23 anos, quando ingressei na Escola Politécnica da USP (Poli), um dos cursos de engenharia mais exigentes do Brasil. A decisão de me dedicar à engenharia foi, em parte, motivada pela necessidade de estruturar múltiplas áreas de interesse de uma forma prática e aplicável.
Foi também nesse período que comecei a ser forjado não só como professor-educador, mas também como empresário/empreendedor. Com a necessidade de me sustentar, já vivendo sozinho desde os 21 anos, trabalhei incansavelmente dando aulas em cursinhos e escolas particulares, dividindo meu tempo com a faculdade em período integral. E foi aí que comecei a desenvolver uma metodologia de ensino própria, que era muito mais do que simples aulas de reforço. Percebi que a chave para o sucesso dos meus alunos estava na compreensão profunda das necessidades individuais e na aplicação dos conceitos que aprendera tanto na minha formação espiritual quanto acadêmica.
E a partir dessa assa abordagem inovadora que me dediquei à formulação de uma metodologia própria. Surgia aí a IntegralMind, uma empresa de educação que aplica conceitos de alta performance, otimização de processos e cuidado humanitário no ensino, centrada no aluno.
Como professor-educador, passei o conhecimento pra frente, ou seja, comecei a treinar outros professores para aplicar a metodologia Engenharia Educacional, que integra conceitos de alta performance aprendidos na Poli com os princípios de amor e respeito ao próximo que havia desenvolvido ao longo de sua formação espiritual. A fusão dessas duas abordagens resultou em um modelo de ensino que é ao mesmo tempo rigoroso e humanitário, eficiente e amoroso.
A IntegralMind nasceu em 2018, para aplicar Educação com propósito! Porque expandimos o método para além das disciplinas de exatas. A ideia sempre foi, e é, criar um sistema de ensino completo, capaz de substituir os cursinhos tradicionais e escolas de reforço, e preparar os alunos de forma mais eficiente e personalizada para o Enem, os vestibulares, para a vida acadêmica, para as provas de alta performance e aulas de reforço escolar para alunos do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, com o mesmo conceito de Engenharia Educacional.
Por isso, a IntegralMind foi construída sobre dois pilares: a excelência acadêmica e o autoconhecimento. Tudo isso porque acredito que quando andam juntos o aprendizado intelectual com o amadurecimento emocional o aluno se desenvolve para ter melhor desempenho e, consequentemente, aprovação, seja na escola ou vestibular.
Neste mês dos professores, não poderia deixar de expressar que nosso pensamento – e acredito que de muitos professores-educadores Brasil afora, é tornar a Educação verdadeiramente uma marca que se traduza como um legado de transformação. Que busca de forma constante o conhecimento, o autodesenvolvimento e a excelência, com respeito e cuidado pelo ser humano. Porque isso, a educação deve transformar a vida de inúmeros alunos e suas famílias, sendo um exemplo de como pode ser um veículo poderoso para o autoconhecimento e a transformação social.
*Fundador e CEO da IntegralMind, escola e curso preparatório