Projetos interdisciplinares e atividades lúdicas aproximam o conteúdo da realidade dos alunos e fortalecem competências do século 21
As críticas ao modelo tradicional de ensino têm impulsionado escolas brasileiras a investir em metodologias que combinam rigor acadêmico, experiências concretas e o desenvolvimento de competências socioemocionais. Mais do que responder às demandas de famílias, essas práticas dialogam com o perfil esperado por universidades e pelo mercado de trabalho, que valorizam alunos críticos, criativos e capazes de colaborar em diferentes contextos.
O movimento também reflete uma mudança de mentalidade na gestão escolar: o foco não está apenas na transmissão de conteúdos, mas em como transformar o aprendizado em algo significativo e conectado à vida real. Em Brasília, tanto o Colégio Objetivo DF quanto a Heavenly International School (H•I•S) oferecem exemplos de como experiências práticas e projetos interdisciplinares podem gerar engajamento, despertar valores e fortalecer a autonomia estudantil.
“O mais bonito é ver o brilho nos olhos deles quando percebem que estão aprendendo de verdade, com propósito e conexão com o mundo. É esse tipo de aprendizagem que fica para a vida inteira”, resumiu Bruna Freitas, vice-diretora do Colégio Objetivo de Águas Claras.
Para gestores, o recado dessas práticas é claro: o futuro da educação passa por um equilíbrio entre excelência acadêmica, metodologias ativas e desenvolvimento humano. O desafio está em desenhar currículos e ambientes de aprendizagem que favoreçam tanto o domínio cognitivo quanto as competências interpessoais e éticas.
“Em tempos de inteligência artificial, algoritmos e desafios sociais profundos, talvez o caminho para formar seres humanos completos comece mesmo com um pouco de terra nas mãos, peças de LEGO e valores bem fincados no coração”, afirmou Bruna.
Atividades que despertam curiosidade e propósito
No Objetivo, a aposta é transformar disciplinas clássicas em vivências que estimulam descobertas. Alunos do 2º ano aprendem ciências a partir do plantio e germinação de plantas, enquanto turmas do 5º ano recriam o computador ENIAC com peças de LEGO e exploram o protagonismo feminino na história da computação.
Projetos de história e ciências também ganham novos contornos: estudantes produzem fósseis em argila, recriam pinturas rupestres com pigmentos naturais e associam aprendizagem a consciência ambiental. Até matemática e letramento são ressignificados em gincanas, jogos e desafios inspirados em narrativas como “Alice no País das Maravilhas”.
Segundo a equipe pedagógica, a intencionalidade por trás dessas práticas é dupla: engajar os alunos em atividades prazerosas e, ao mesmo tempo, garantir que competências cognitivas e socioemocionais — como cooperação, oralidade e pensamento crítico — sejam fortalecidas.
Projetos interdisciplinares com impacto comunitário
Na Heavenly International School, o ensino bilíngue e a aprendizagem por projetos formam a base de um currículo que integra áreas de conhecimento. Nos learning centers, grupos de alunos do 7º ano investigam questões ligadas ao meio ambiente, como a redução de resíduos escolares, ou à cadeia produtiva do chocolate, passando do cultivo ao consumo consciente.
Essas experiências incentivam pesquisa, colaboração e comunicação oral, além de promoverem uma visão integrada da realidade. “Exemplos como estes ilustram como a escola do século 21 vem sendo desenhada para ser mais do que transmissora de conteúdos: ela se torna um espaço vivo de descoberta, construção de sentido e formação integral”, disse Tainah Nóbrega, diretora de Comunicação e Marketing da instituição.
A proposta é formar cidadãos que não apenas compreendam conteúdos, mas que consigam aplicá-los para resolver problemas reais, exercitando valores de responsabilidade e empatia.










