A colunista Amábile Pacios mostra como a formação de professores é o pilar fundamental para a transformação da educação brasileira
A formação de professores é, sem dúvida, um dos temas mais relevantes para o futuro educacional brasileiro. Se acreditamos que a educação é o caminho para o desenvolvimento do país, a qualidade dessa educação está intimamente ligada à capacitação dos docentes da educação básica.
Em maio de 2024, o Ministério da Educação (MEC), por meio do Conselho Nacional de Educação (CNE), publicou a Resolução que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial em Nível Superior de Profissionais do Magistério da Educação Escolar Básica. O documento busca alinhar os cursos superiores de licenciatura às necessidades contemporâneas da educação básica, enfatizando a importância de uma formação sólida e contextualizada. Entre os pontos destacados, está a exigência de que a carga horária de formação inicial seja, no mínimo, 50% presencial, garantindo uma interação mais efetiva entre docentes e discentes.
No entanto, a implementação dessas diretrizes enfrenta desafios significativos, entre eles, a atualização sobre a legislação dos cursos de educação a distância, a atualização de modelos de avaliação das instituições de ensino superior (IES) e das graduações de licenciatura. Outro ponto relevante a se considerar nessa jornada é a infraestrutura das IES, que precisam ser adequadas para atender às novas exigências, e os currículos dos cursos de formação que devem ser revistos para incorporar as inovações pedagógicas e tecnológicas que não podem mais ser ignoradas.
A formação continuada dos professores é igualmente crucial. Com as constantes mudanças na sociedade e no conhecimento, é imperativo que os educadores estejam em constante processo de atualização. As redes de ensino, tanto públicas quanto particulares, têm desempenhado um papel fundamental ao proporcionar programas de capacitação e desenvolvimento profissional, como ocorre com as Semanas Pedagógicas.
Contudo, é necessário um esforço coordenado para que essas iniciativas sejam sistemáticas e abrangentes, garantindo que todos os professores tenham acesso às oportunidades de aprimoramento. Além disso, a formação continuada deve estar alinhada às diretrizes nacionais, assegurando coerência e qualidade no processo educativo.
Vivemos em uma era de rápidas transformações tecnológicas que impactam diretamente a forma como pensamos, aprendemos e ensinamos. A inteligência artificial (IA), por exemplo, já é uma realidade que pode auxiliar nas práticas de sala de aula, oferecendo recursos para personalizar o ensino e atender às necessidades individuais dos alunos.
Para que os professores possam integrar essas tecnologias de maneira eficaz, é fundamental que sua formação inclua o desenvolvimento de competências digitais e o entendimento de como essas ferramentas podem ser utilizadas pedagogicamente. Isso implica repensar técnicas, estratégias e metodologias de ensino, tornando-as mais dinâmicas e interativas.
As mudanças na forma de ensinar e aprender exigem também uma revisão nos métodos de avaliação vigentes. Não é possível ensinar e aprender sob um novo paradigma e avaliar sob outro. As avaliações devem refletir as competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos, considerando aspectos cognitivos, socioemocionais e práticos.
A coerência entre ensino, aprendizagem e avaliação é essencial para garantir que o processo educativo seja significativo e relevante, preparando efetivamente os estudantes para os desafios do século 21.
A formação adequada de professores é a base sobre a qual se constrói uma educação de qualidade. As recentes diretrizes estabelecidas pelo CNE e pelo MEC representam um avanço significativo, mas sua efetividade dependerá da implementação cuidadosa e do compromisso de todos os atores envolvidos no processo educativo.
Como vice-presidente da Fenep e ex-conselheira do Conselho Nacional de Educação, reafirmo nosso compromisso em colaborar para que a formação de professores no Brasil atenda aos mais altos padrões de excelência, reconhecendo que investir nos educadores é investir no futuro de nossa nação.

Amábile Pacios é vice-presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) e ex-conselheira Nacional de Educação, com atuação destacada na Câmara de Educação Básica. Educadora com mais de 30 anos de experiência, é autora de livros didáticos e presidente do Grupo Educacional Dromos. Reconhecida por sua liderança no setor educacional, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito Educativo em 2022, em homenagem aos seus serviços prestados à educação brasileira.