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Metodologia ativa aproxima ensino da realidade dos alunos, cria experiências únicas e amplia o engajamento nas salas de aula

Milena Kendrick Fiuza Villani*

A educação é uma das áreas que mais se transformou nos últimos anos. Mais do que ser impactado pela chegada de novas tecnologias, o ensino passou a se libertar de algumas amarras convencionais e aumentar o foco em estratégias que dialogam com as singularidades dos estudantes. É nesse contexto que a gamificação se tornou uma grande aliada dos educadores.

O termo origina-se da expressão em inglês gamification, que significa a aplicação de elementos de jogos em atividades, teoricamente menos lúdicas. Ou seja, é uma estratégia que funciona como uma metodologia ativa, aumentando o protagonismo dos alunos nas suas jornadas em um sentido prático.

Isso acontece, por exemplo, com o próprio uso de tecnologia — tablets, smartphones e computadores — para promover atividades interativas entre os estudantes. Ou ainda quando componentes como superação, pontuação, avatares, desafios e rankings são abordados em contextos escolares. As possibilidades são inúmeras e cada uma vai depender do planejamento da escola e das individualidades dos estudantes.

Destaque nas escolas

Muito antes dos avanços tecnológicos, educadores já exploravam princípios da gamificação ao promoverem competições saudáveis entre alunos, utilizarem dinâmicas com recompensas ou recorrerem a estímulos externos para facilitar a construção do conhecimento. Com o tempo, à medida que mais instituições de ensino passaram a valorizar uma educação inclusiva e uma formação que fosse além do domínio técnico, essa metodologia ganhou ainda mais espaço no ambiente educacional.

A pesquisa “Game Based Learning Global Market Report 2025”, divulgada pela empresa The Business Research Company, é uma prova disso. O relatório aponta que esse mercado deve ultrapassar a marca de US$ 17 bilhões (mais de R$ 100 bilhões) em 2024 para quase US$ 21 bilhões (mais de R$ 122) em 2025.

Além disso, alguns estudos também já demonstram os benefícios da gamificação. A revista científica “Computers & Education”, por exemplo, fez um trabalho de campo e atestou que os estudantes que participaram de atividades gamificadas alcançaram uma performance 34% mais elevada em testes de aprendizagem em relação aos que não utilizaram esse formato.

Experiências únicas
Quando pensamos na transformação digital e no quanto os games fazem parte da vida de crianças e adolescentes, já podemos começar a entender o poder da gamificação na educação. É uma proposta que torna o aprendizado mais atrativo, já que está conectado ao cotidiano das crianças e adolescentes.

Porém, se fôssemos definir o verdadeiro diferencial dessa abordagem, não há como não citar a capacidade de criar experiências únicas. Não existe um único modelo gamificado que seja o “certo”, mas, sim, aquele que vai ao encontro de atender às necessidades específicas de cada aluno.

Essa construção torna o aprendizado mais dinâmico, construtivo e, acima de tudo, engajante. Seja em plataformas digitais ou na lousa, dentro da sala de aula ou em casa, o ensino pode ser personalizado de acordo com o ritmo e as características das crianças e jovens, de forma que desenvolvam uma maior autonomia durante o processo de aprendizagem.

Inclusive, a própria identificação dos pontos fortes e daqueles que precisam de mais atenção também acontece de maneira orgânica. Com o planejamento adequado, os educadores e os próprios estudantes podem detectar esses fatores em um desafio no qual enfrentam mais ou menos dificuldades.

E, por mais que o caráter único dessas experiências promova um olhar individualizado para os jovens, o aspecto coletivo não é deixado de lado. As atividades estimulam o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais, que integram habilidades como pensamento crítico, criatividade, trabalho em equipe e capacidade de adaptação.

Tudo isso ressalta o quanto a gamificação vai além de uma simples tendência, representando uma nova linguagem entre educadores e alunos — uma linguagem que se reinventa, estimula a curiosidade e valoriza trajetórias diversas. Ao aproximar o universo escolar de contextos que fazem parte da vida dos estudantes, essa abordagem convida o segmento educacional a criar um ambiente onde aprender passa a ser uma jornada totalmente envolvente e inovadora.

*Diretora Pedagógica do Sistema Positivo de Ensino

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