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Pesquisa sobre Infodemia realizada pela Mind Lab com professores mostra que os educadores estão atentos em sala de aula

O surto de desinformação potencializado por notícias falsas compartilhadas nas redes sociais é mais uma das sequelas da pandemia do coronavírus nas escolas e na educação brasileira. Considerando a importância do tema e a presença das redes sociais e plataformas digitais no dia a dia dos estudantes, suas famílias e professores, a Mind Lab buscou entender a visão do professor sobre o seu papel contra a infodemia e sobre a escola como ambiente preparado para essa batalha.

Dada a extensão dos seus efeitos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a infodemia como uma das reações geradas com a eclosão da Covid-19, descrevendo-a como uma “uma superabundância de informação, algumas precisas e outras não — que dificulta para as pessoas encontrarem fontes e orientações confiáveis quando precisam.”

A empresa líder no desenvolvimento de tecnologias de impacto social com foco no desenvolvimento socioemocional disponibilizou, entre outubro e dezembro de 2022, uma pesquisa aos 40 mil professores, grande parte da rede pública de educação, que utilizam a sua metodologia na rotina escolar. Desses, cerca de 4% ou 1.619 responderam às perguntas.

O objetivo foi entender o papel da escola em relação à construção de um cidadão crítico, capaz de distinguir se uma notícia é verdadeira ou falsa e como isso pode ser estendido ao seu dia a dia, como, por exemplo, no momento de fazer ou compartilhar uma postagem em uma rede social. Os resultados mostram que “os professores estão atentos ao tema e levando-o para o dia a dia da sala de aula”.

Amostragem representativa da pesquisa garante sua relevância

Foram realizadas seis perguntas buscando medir a visão dos professores sobre o tema, garantindo uma amostragem representativa dos 40 mil professores atuantes nas 10 mil escolas públicas onde se aplica a metodologia Mind Lab em 17 estados brasileiros.

Por meio de seis perguntas, buscou-se verificar como eles estão encarando o desafio da educação midiática, considerando o fenômeno da Infodemia, considerando três eixos recomendados de ação:

Leitura Crítica: formar alunos e alunas para consumir informações com olhar crítico, conseguindo desconfiar, verificar, validar ou rebater a informação
Escrita: Formar alunos e alunas capazes de se expressar de maneira assertiva e responsável nas redes
Participação: Desenvolver a cidadania e a responsabilidade para compartilhar informações na rede

Infografico

Fonte: MindLab

Confira uma rápida análise dos principais dados da pesquisa Infodemia

Mais de 87% dos professores afirmaram que já utilizam um pouco do seu tempo em sala de aula para realizar atividades que auxiliem os alunos a não propagar fake news. Outros 81% afirmaram que estimulam seus alunos a desenvolverem redações argumentativas sobre assuntos do cotidiano, que possam ajudá-los a ter um uso mais responsável nas redes sociais, educando e informando. E mais de 98% deles acredita que ainda há muito espaço para as escolas incluírem mais atividades que facilitem o olhar e a leitura crítica dos alunos. Por exemplo, trazendo comparativos de reportagens reais e falsas.

Segundo dados divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em maio de 2021, 67% dos estudantes brasileiros de 15 anos não sabiam diferenciar fatos de opinião, reforçando a importância do papel ativo do professor e da escola nesta jornada. Nesse sentido, é importante reforçar que a Competência Geral número 5 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais, já ressalta a batalha contra a infodemia como parte diária do trabalho do educador:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.”

A coordenadora Pedagógica da Mind Lab, Miriam Dantas, responsável pelo time de capacitadores que acompanham os 40 mil professores, afirmou que nesse contexto do mundo digitalizado, com excesso de informações, o professor precisa começar a entender seu lugar no processo educativo sendo o curador do conhecimento.

“Essa função deve ser entendida de forma ampla e exercida também no sentido ‘legal’, como a pessoa que representa os interesses de outros ‘incapazes’ de fazê-lo, no caso, os alunos”, complementou Miriam, ao destacar qie a descrição de curador é aquela que seleciona, organiza e supervisiona os conteúdos que devem ser apresentados. Esse papel, no caso do professor, não deve se encerrar aí.

Os professores entrevistados também entendem a importância do seu papel nesse sentido, pois mais de 98% deles respondeu que acredita que a realização de atividades de reflexão e problematização de temas polêmicos na sala de aula ajudaria os estudantes a terem mais cuidado no momento de analisar se uma informação é verdadeira ou é uma fake news. E 81% afirma fazer algo prático neste sentido, incluindo em suas aulas propostas que ajudam os alunos a refletir sobre os impactos da publicação de seus pensamentos e opiniões nas mídias sociais. Por isso, outro ponto relevante nesta discussão é se o professor está pronto para exercê-lo.

“Sempre que uma nova questão surge, a sociedade, de forma geral, olha para a escola e para os professores em busca de soluções. Como se esses profissionais fossem os mais versáteis, capazes de se adaptar a tudo em tempo recorde. Nós, que atuamos no mundo da educação, sabemos que não é assim. A formação de nossos docentes precisa ser repensada para que os professores possam atuar como curadores, com pleno conhecimento de conceitos midiáticos e digitais. É um longo caminho, que depende de políticas públicas assertivas. É importante, porém, trazer o professor para o centro desse debate”, observou Dantas.

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