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Instituições de ensino se preparam para adaptar currículos e infraestrutura diante da exigência de 50% de carga horária presencial; especialista destaca a importância da flexibilidade da Educação a Distância

A nova regra do Ministério da Educação (MEC), que exige 50% de carga horária presencial para os cursos de formação de professores – incluindo Licenciatura e Pedagogia –, está gerando debates significativos sobre o futuro da Educação a Distância (EAD) no Brasil. Entre 2012 e 2022, o crescimento de docentes formados nessa modalidade foi de 119%, destacando-se pela flexibilidade e democratização de acesso, que são bases do conceito EAD.

Um dos principais pontos está justamente na carga horária que, de acordo com as normativas educacionais do país, não se enquadra no formato tradicional do EAD. Geralmente, tais cursos são caracterizados pela realização predominantemente online, com interações remotas entre alunos e professores. “Um curso com 50% de presencialidade se enquadra como híbrido ou semipresencial”, explicou William José Ferreira, consultor educacional na Faculdade Única.

A Faculdade Única, mantida pelo Grupo Educacional Prominas, soma 27 anos oferecendo uma ampla gama de cursos de graduação e pós-graduação nas modalidades presencial e a distância (EAD), e tem mais de 600 mil alunos formados. Para se adequar à nova regra, as instituições de ensino terão de reestruturar seus currículos, integrar mais atividades presenciais e investir em infraestrutura e capacitação de professores. Isso deve impactar no custo dos cursos.

“Para manter a acessibilidade aos cursos, bem como a qualidade do aprendizado, é crucial equilibrar as vantagens do ensino presencial com a flexibilidade do EAD e esse será o principal desafio das instituições”, explicou Ferreira.

Desafios serão enfrentados pela instituições e pelos alunos de EAD

A nova regra impõe desafios também para os estudantes, que podem ser surpreendidos por custos adicionais, como despesas de transporte e alimentação, por exemplo. “Estamos trabalhando para manter a flexibilidade como pilar de sustentação, com uma programação atrativa no presencial aliada a todos os benefícios que o ensino a distância já oferece, a fim de que nossos alunos possam continuar seus estudos sem grandes obstáculos”, disse o docente, ressaltando que a versatilidade é essencial para atender as necessidades de alunos que trabalham ou têm outros compromissos ao longo do dia.

Neste sentido, a sustentabilidade financeira dos cursos EAD para as instituições também está em jogo, uma vez que devem se deparar com um aumento dos custos operacionais – como a necessidade de mais espaços físicos e contratação de pessoal adicional. “Sem dúvidas, as instituições devem revisar suas estruturas de custos, explorando novas estratégias para mitigar esses impactos financeiros”, revelou o porta-voz.

Apesar dos desafios, o docente afirma que a Faculdade Única – que contabiliza mais de 20 mil docentes formados pela instituição nos últimos três anos nos cursos listados pelo MEC – já dispõe da infraestrutura necessária para atender às novas demandas e que está preparada para realizar os ajustes necessários nos polos de apoio: “Contamos com 263 polos ativos espalhados em todo território nacional e estamos prontos para adaptar todos eles, garantindo que estejam bem equipados para suportar o acréscimo das atividades presenciais”.

Em relação ao futuro da modalidade na formação de professores, o especialista ressalta o papel crucial que ela tem na democratização do acesso à educação superior, reforçando que os desafios enfrentados neste processo não podem ser atribuídos apenas ao método de ensino. “Culpar a EAD pelos problemas na formação de professores é simplificar demais uma questão complexa. Precisamos de políticas que considerem a qualidade do ensino em qualquer modalidade e promovam a valorização e o suporte adequado aos professores”, complementou Ferreira.

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