Confira dados sobre como a pandemia afetou a relação dos jovens com os estudos e o impacto em seus projetos rumo ao mercado de trabalho
Quem tem filhos ou alunos no Ensino Médio, muitas vezes se pergunta sobre como será a inserção desses jovens no mercado de trabalho. Com a pandemia, as taxas de desemprego em alta e as mudanças drásticas no modo como trabalhamos, a questão passou a ser ainda mais frequente. Afinal, como deixá-los preparados para um futuro tão incerto?
Ainda que a formação escolar e as possibilidades de inserção sejam mais disponíveis e amplas atualmente do que em gerações anteriores, grande parte dos recém-saídos da escola luta para encontrar bons empregos que reflitam suas habilidades e seus interesses.
Relatório publicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a partir de dados do exame internacional PISA, mostra, por exemplo, que as aspirações profissionais de alunos do Ensino Médio não são um simples reflexo da capacidade acadêmica ou de seus objetivos pessoais. Em vez disso, elas refletem aspectos sociais bem mais complexos, como renda familiar, gênero e até nacionalidade.
No que diz respeito à renda, por exemplo, o documento aponta que, mesmo quando os níveis de proficiência entre estudantes são igualados, aqueles provenientes de famílias mais favorecidas têm probabilidade maior de querer ir para a universidade em comparação a estudantes provenientes de famílias mais pobres – o que muitas vezes os impossibilita de avançar na educação formal e no mercado de trabalho.
Essa assimetria de oportunidades é uma questão tão importante que não pode ser deixada de lado ao se pensar no futuro da juventude, especialmente quando as estatísticas apontam para discrepâncias marcadas por um evidente recorte de classe social e raça. Isso tudo deixa a nós, adultos, um questionamento central: quais oportunidades estamos oferecendo efetivamente às futuras gerações?
O mercado de trabalho para os jovens na pandemia
A garantia de acesso à educação de qualidade deveria ser o primeiro caminho para dar possibilidades de desenvolvimento aos jovens, contudo, as taxas de abandono no Ensino Médio e a baixa porcentagem de jovens no Ensino Superior mostram que o desafio ainda está longe de ser cumprido. Atualmente, cerca de 70% dos jovens estão fora da universidade, um índice que aumentou na pandemia.
É o que mostra a segunda edição da pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, realizada pelo CONJUVE em parceria com diferentes organizações. Segundo a pesquisa, 43% dos entrevistados pensam em abandonar os estudos em 2021, um percentual que em 2020 era de 28%.
Dentre os motivos, 21% alegaram questões financeiras e 14% dificuldades de acesso. Entre os que de fato cancelaram os estudos (5% dos entrevistados), chama a atenção o recorte de 20% dos alunos na faixa dos 15 aos 17 anos de idade que deixaram os estudos porque não conseguiram se organizar no ensino remoto e 18% que o fizeram por dificuldades com os conteúdos.
Lançado em junho de 2021, o levantamento analisa como o agravamento da situação sanitária impactou a educação, a saúde, a vida pública e o trabalho e a renda de mais de 68 mil jovens com idade entre 15 e 29 anos, tanto do Ensino Médio quanto Superior.
Confira mais dados no infográfico a seguir
Projeto de vida e fatores que impactam a escolha dos jovens pela profissão
Quando se fala sobre o desafio de preparar jovens para a incerteza do mercado de trabalho, outra questão que vem à tona é se nós, adultos, estamos incentivando os jovens a buscar suas aspirações ou estamos apenas replicando com eles os modelos de trabalho que já conhecemos.
Como destacamos em publicações anteriores, no mercado de trabalho futuro, a expectativa é que, cada vez mais, as profissões passem a exigir mais competências sociais e emocionais do que apenas competências técnicas – fator que já vem se tornando realidade em alguns setores.