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O colunista Christian Rocha Coelho chama a atenção para os fatores mais importantes na hora de matricular o seu filho na escola

É comum escutar das equipes de atendimento e de vendas que os pais não estão interessados na proposta pedagógica da escola, pois perguntam e se importam apenas com os valores, com a infraestrutura e, quando seus filhos são pequenos, focam as perguntas nos cuidados que receberão. A impressão ocorre devido ao fato de as famílias realmente verbalizarem somente os interesses acima mencionados.

Mas, na verdade, existe uma outra explicação para esses fatos: a mente do adulto tende, em um primeiro momento, a familiarizar-se com dados concretos, coloquiais e que compreenda integralmente como o preço a infraestrutura e a atenção com seus filhos pequenos. Já conceitos abstratos, de difícil mensuração e de pouco conhecimento, deixam as famílias inseguras
para formular questionamentos.

Mas isso não quer dizer que não se importam. Na verdade, os pais querem saber de aspectos mais relevantes: como a escola irá preparar o filho para a vida adulta para que este saiba fazer escolhas, viver e conviver em sociedade e enfrentar os desafios que estão por vir.

Por isso, o papel do atendimento é ser didático, de forma que explique os diferenciais da escola no que se refere à proposta pedagógica, à qualidade e à diversidade do corpo docente, além dos projetos pedagógicos. Assim, o próprio pai poderá retificar a ordem de prioridades. Desse modo, as escolas conteudistas e as tradicionais levam vantagem na comunicação com os públicos-alvo externos, pois seus diferenciais são mais claros e concretos.

A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender. Assim, tenderá a compreender e se familiarizar mais facilmente com um discurso tradicional contendo informações que ele já tenha vivenciado em sua época de estudante, como disciplinas compartimentadas, lição de casa e ditado. Nessa mesma linha de pensamento, os rankings do Enem e de vestibulares são dados concretos e simplistas, de fácil compreensão.

Por outro lado, as escolas mais modernistas ou com uma proposta mais ampla, como as que focam também na formação do indivíduo, necessitam de um atendimento mais explicativo e detalhado. Esta dificuldade em comunicar seus diferenciais e, por consequência, em manter ou captar novos alunos, tem levado algumas escolas a acharem que o erro está na sua cultura, na proposta pedagógica ou mesmo no propósito.

Com suas convicções abaladas, a insegurança tende a se alastrar para todos os públicos-alvo e piorar o problema. Mudanças repentinas e agressivas podem passar a sensação de falta de rumo, o que para uma instituição de ensino é muito perigoso. Os problemas das escolas não estão nas suas propostas
pedagógicas, mas sim nas falhas que ocorrem na sua apresentação.

“Mudanças e inovações não significam esquecer o seu propósito. Algumas escolas, com a desculpa de que precisam evoluir e acompanhar a concorrência, correm o risco de perderem a sua essência.”

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