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Para a diretora-geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho, o grande desafio da educação frente o uso da IAG está em desenvolver habilidades cognitivas sólidas dos alunos

Esther Carvalho*

Estamos diante de um momento crucial na história da humanidade, impulsionado pela ascensão da Inteligência Artificial Generativa (IAG). Este é um marco que redefine não apenas a maneira como vivemos e trabalhamos, mas também a forma que nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. Assim como o carvão na Revolução Industrial e a eletricidade no século passado, esse mecanismo tem o potencial de transformar profundamente nossa existência.

Trazendo para o universo da Educação, é imperativo que reconheçamos a natureza irreversível desse avanço tecnológico e levemos aos nossos alunos uma compreensão crítica do que é a inteligência artificial e suas implicações. A inclusão dessa ferramenta em nossas vidas cotidianas exige uma análise cuidadosa de suas limitações, bem como de suas capacidades. Com origem datada da década de 1950, a inteligência artificial apresenta suas próprias restrições, especialmente em áreas como criatividade, previsibilidade e emoção, características intrinsecamente humanas.

Na escola, nos deparamos com o dilema de como integrá-la de forma produtiva. Ferramentas como o ChatGPT podem ser valiosas para ampliar conceitos e ideias, mas não devem ser vistas como fontes exclusivas de conhecimento. O desafio reside em desenvolver habilidades cognitivas sólidas dos alunos para continuarem aprendendo de forma autônoma, sem depender excessivamente de recursos tecnológicos que oferecem soluções rápidas e, quase sempre, bem elaboradas, mas não necessariamente corretas.

A curadoria do conteúdo gerado automaticamente é outra preocupação importante. Como garantir que os alunos desenvolvam discernimento crítico ao avaliar a qualidade e a veracidade das informações? Como prepará-los para fazer perguntas relevantes, quando a capacidade de questionar está intrinsecamente ligada ao repertório adquirido ao longo do tempo?

Além disso, devemos considerar as questões éticas e de privacidade inerentes ao uso da inteligência artificial generativa. A desigualdade de acesso a essas tecnologias também é uma realidade que não pode ser ignorada. Enquanto avançamos para um futuro cada vez mais tecnológico, é essencial que os educadores sejam preparados para repensar suas práticas e adaptar-se a esse novo contexto educacional.

A IAG, como outras mídias, amplia a necessidade do que chamamos de letramento digital e educação midiática, algo essencial para os cidadãos do século 21. É fundamental que essa inclusão seja feita de maneira ética e responsável, considerando sempre o bem-estar dos alunos e o objetivo final da educação: prepará-los para uma vida de aprendizado contínuo e reflexão crítica.

A discussão volta a ser sobre ética e privacidade. Como eu uso a tecnologia a favor de um bem comum? E, ao mesmo tempo, como eu me preservo nesse contexto? Todos precisam ter acesso ao letramento digital para responder a essas questões. O avanço tecnológico requer, sobretudo, inclusão – não só no acesso às próprias inovações, mas no conhecimento e orientação de como usar, ser crítico e consciente.

Em suma, a revolução da Inteligência Artificial Generativa na educação é inevitável. Cabe a nós, educadores e responsáveis pela formação das futuras gerações, guiar nossos alunos através desse novo território, equipando-os com as habilidades necessárias para prosperar em um mundo em constante evolução.

*Doutoranda em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, pesquisadora sobre Inteligência Artificial e Currículo, e diretora-geral do Colégio Rio Branco

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