Chegada da BNCC às escolas impulsiona mudanças no comportamento profissional dos professores e na gestão escola
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem impulsionado a mudança de cultura que impacta positivamente o comportamento profissional dos professores, a gestão escolar e a participação da comunidade. Essas são as principais conclusões do monitoramento da implementação da BNCC nas etapas de Educação Infantil e Ensino Fundamental nas redes públicas de ensino. O levantamento foi realizado pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd) da Universidade de Juiz de Fora (UFJF), de Minas Gerais, e divulgado no fim de setembro.
Os resultados da primeira parte da pesquisa relatam que 79% dos professores já percebem o quanto a BNCC tem alterado de forma positiva sua prática profissional. Ou, no mínimo, têm predisposição para as mudanças que a BNCC propõe, como o trabalho com competências e habilidades visando uma educação integral e maior integração entre as diferentes áreas do conhecimento. A gestão escolar também sentiu os efeitos positivos da chegada da BNCC, de acordo com a percepção de 87% dos gestores escolares.
“Na maior parte dos estados e municípios estudados, houve uma intensa mobilização em torno da implementação da BNCC, que se reflete em uma percepção muito positiva acerca de seu impacto sobre a cultura profissional. Merece destaque o entendimento de que a BNCC favorece a centralidade do currículo e estimula a diversidade e a autonomia, na medida em que redes, escolas e professores buscam se aproximar das realidades locais e concretas de seus estudantes”, disse Marcelo Burgos, coordenador do estudo do CAEd.
O levantamento de evidências sobre o processo de implementação da BNCC na Educação Infantil e no Ensino Fundamental realizado pelo CAEd foi encomendado pela Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC) e conta com o apoio da União Nacional dos Municípios (Undime) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Foi realizado por meio de uma plataforma digital utilizada pelas redes, que coletou 24,2 mil respostas de profissionais da educação — entre eles, 18,8 mil são professores –, e por meio de entrevistas com gestores municipais e estaduais.
educadores têm boa parcepção sobre a implementação da BNCC nas escolas
De acordo com o estudo, o ponto de partida para todas essas mudanças foi a reelaboração dos currículos locais tendo a BNCC como referência. Dessa forma, abriu-se espaço para o envolvimento da comunidade e para a valorização da identidade dos territórios, aproximando as propostas de aprendizagem da realidade dos estudantes. Cerca de 79% dos diretores, 74% dos coordenadores e 70% dos professores têm uma percepção alta ou média-alta dos efeitos da BNCC na centralidade do currículo. Até 15 de setembro deste ano, 5.133 municípios (92% do total) já haviam alinhado seus documentos curriculares à BNCC, de acordo com o monitoramento do Observatório da implementação da BNCC e do Novo Ensino Médio.
“Os resultados desta primeira etapa do monitoramento reforçam a importância da BNCC como política estruturante na garantia de uma educação mais significativa e igualitária e merecem ser celebrados. Todas as mudanças constatadas são fruto do trabalho incansável dos conselhos municipais e estaduais e das redes e seus profissionais, que se dedicam à construção da BNCC desde 2015 e à sua implementação”, disse Alice Ribeiro, diretora de articulação do Movimento pela Base.
É ainda mais notável, do contexto da pandemia, que a BNCC tenha se consolidado e se fortalecido como grande referencial para as aprendizagens dos estudantes de todo o Brasil. “A BNCC contribui para uma prática pedagógica com foco no que realmente é significativo. Pensar em um currículo alinhado à BNCC é pensar em um currículo vivo, que apresenta ao professor ferramentas que contribuem com o desenvolvimento integral de crianças e jovens”, afirmou Lucileda Vieira Sobrinho, educadora há 15 anos e técnica da Secretaria Municipal de Educação de Araguaína, Tocantins.
