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O assessor pedagógico da Mind Makers, Victor Haony, explica o que muda no exame internacional a partir do próximo ano com a chegada da inteligência artificial

Em 2025, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), terá novidades no que diz respeito às tecnologias de aprendizagem digital. A nova edição do exame internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que a cada três anos oferece informações sobre o desempenho de estudantes na faixa etária dos 15 anos, será denominada “Aprendendo no Mundo Digital”, e utilizará a tecnologia para medir não apenas o conhecimento adquirido pelos estudantes, mas também linha de raciocínio, motivação e regulação emocional.

A avaliação se concentrará em duas competências tecnológicas fundamentais para a formação dos estudantes. Uma delas é a aprendizagem autorregulada, que consiste em monitorar e controlar os processos metacognitivos, cognitivos, comportamentais motivacionais e afetivos durante a realização do exame. Além disso, o exame terá práticas de investigação computacional e científica – ou seja, a capacidade que o aluno tem de utilizar ferramentas digitais para explorar sistemas, representar ideias e resolver problemas com lógica computacional.

Segundo a OCDE, essa será a primeira vez que o PISA fornecerá comparações internacionais de processos de aprendizagem autorregulados dos alunos, incluindo medidas de motivação e regulação emocional. Para isso, os organizadores recorrerão a técnicas de machine learning, ramo da inteligência artificial (IA) pautado na construção de sistemas de computador que se aprimoram conforme acumulam dados. Assim, durante a realização das provas, será possível coletar, por meio da tecnologia, informações de cognição, comportamentais e de autorregulação dos alunos.

“O PISA vai inserir em sua plataforma de prova, tutoriais, exemplos e feedbacks para compor o aprendizado em conjunto com a avaliação. Também será avaliado o tempo que os alunos levarão para realizar cada atividade proposta, sendo mais um modo de identificar o padrão de aprendizagem”, explicou Victor Haony, assessor pedagógico da Mind Makers.

O que efetivamente muda para as escolas

Nos últimos anos, as transformações tecnológicas vêm exigindo que os estudantes estejam preparados para constituir uma força de trabalho na qual os computadores desempenham um papel cada vez maior. A OCDE justifica que, embora nem todos os jovens se tornem engenheiros de software, os empregos do futuro exigirão cada vez mais que eles interajam com modelos computacionais e realidades simuladas, e que resolvam problemas utilizando ferramentas digitais.

Para Victor Haony, as novidades da próxima edição do PISA apontam para a necessidade de adequações no cenário de educação convencional. “Podemos dizer que é um ponta pé inicial para inserir ainda mais a tecnologia nos meios educacionais. Muito se fala sobre a proibição das telas e pouco sobre o ensino do uso consciente delas, sendo que melhor do que proibir é viabilizar um caminho de uso seguro e responsável”, disse.

Essas mudanças no cenário da escola apresentam responsabilidades tanto para os educadores, como para a gestão. “A viabilidade de recursos e estrutura ficam a cargo da escola, sendo necessário implantar equipamentos e capacitações para os profissionais que conduzirão esse trabalho com os alunos. À escola, cabe ensinar o uso consciente da tecnologia a partir das práticas que podem ser das mais diversas disciplinas, não sendo algo específico para a disciplinas de tecnologia”, complementou o educador.

Tecnologia no dia a dia escolar: dicas práticas

Para ajudar educadores a se ajustarem ao cenário ressaltado pelas mudanças no PISA, Victor Haony sugere algumas atividades que podem ser realizadas tanto em celulares quanto em computadores.

  • Uso de simuladores de realidade aumentada, a exemplo dos aplicativos da QuiverVision, que a partir de modelos prontos de imagens em 3D, ajudam na compreensão de temas de disciplinas como geografia, biologia e química.
  • Realização de visitas em museus do mundo todo por meio do Google Earth ou pelos próprios sites de galerias de arte, como o Museu do Louvre e o British Museum; Rodas de conversa sobre navegação segura em ambientes controlados, citando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para discutir com os alunos de que forma os rastros deixados por usuários na internet podem impactar na violação de privacidade.
  • Proporcionar atividades que utilizem recursos como o ChatGPT para apresentar um modo diferente do convencional de construir textos e fazer pesquisas, sempre reforçando a importância de os alunos desenvolverem as próprias habilidades com a atividade e não apenas copiarem o conteúdo produzido pela ferramenta.

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