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Em sua estreia como colunista do Educador21, Christian Rocha Coelho traz dicas valiosas para os gestores elaborarem um planejamento estratégico pós-pandemia 

O calendário pedagógico da escola precisa respeitar a sazonalidade do mercado. A maioria das instituições de ensino comete um erro crasso no desenvolvimento de seus calendários anuais, ao concentrar no final do ano os grandes projetos de endomarketing como, Feira de Ciências, Feira Cultural e Olimpíadas, não levando em conta que nesta mesma época ocorre o período de rematrículas e um aumento significativo da procura de clientes novos. Esse acúmulo de tarefas leva a escola a se desorganizar, deixando os colaboradores com a sensação de impotência e estresse.

No primeiro semestre, a escola deve explorar ao máximo as ações de endomarketing, para divulgar a qualidade da prestação de seus serviços, seus diferenciais e, principalmente, o que os alunos aprendem em sala de aula. Assim, ao término do semestre, as famílias estarão encantadas com a escola e prontas para efetuar a rematrícula.

A realização e implantação das pesquisas de satisfação e de clima organizacional ocorrem entre maio e junho, para que haja tempo da escola tomar as devidas atitudes na virada do semestre.

Depois das férias do meio do ano, todos os colaboradores da escola unirão esforços na rematrícula, para depois se concentrarem nas estratégias de captação de clientes novos por meio de campanha publicitária, bom atendimento e pós-atendimento.

Não é aconselhável finalizar o ano com a reunião de planejamento para os colaboradores. Depois de um ano com tanto trabalho, as pessoas estão cansadas e precisam renovar as suas energias.

Da mesma forma, tenho como opinião proporcionar férias coletivas para toda a escola na semana entre o Natal e o Ano-Novo. O baixo número de contatos e matrículas não compensa o esforço de manter a escola aberta, com uma equipe que iniciará o próximo ano desgastada. Portanto, recomendo a reunião de planejamento estratégico e pedagógico no início do ano letivo.

A importância da primeira reunião de instrução

Esta é a mais importante de todas as reuniões de instrução do ano. Por isso, precisa ser tratada como tal. Algumas atitudes simples podem valorizar a reunião e mostrar a importância de sua magnitude:

• Mude o nome de encontro para evento ou semana de planejamento pedagógico e estratégico.
• Entregue um convite formal no final do ano e programe uma web-e-mail para ser disparada como lembrete uma semana antes do evento.
• Não se esqueça dos colaboradores das áreas não pedagógicas. No momento do evento em que forem explanados o calendário, as práticas de gestão, normas e diretrizes, apresentação das pesquisas e ações de marketing pedagógico, todos deverão estar presentes.
• O gestor de comunicação da escola deverá participar de todas as etapas do planejamento, mesmo quando o assunto for direcionado ao corpo docente. Esta prática permanecerá por todo ano, em todas as reuniões pedagógicas.

Novo mundo – novas atitudes

A aquisição de novos hábitos, conhecimentos e atitudes ocorrem em adultos por meio de um processo mais complexo do que em crianças. Para que os colaboradores façam ajustes pessoais e sociais em busca de um aumento de desempenho e qualidade de vida, vários aspectos precisam ser levados em consideração.

O que motiva e reduz o ciclo de adoção de uma equipe pode ser resumido em cinco aspectos importantes:

Confiança – O grau de segurança que sente em sua capacidade de efetuar as atividades.
Benefícios – O valor que atribui para alcançar essas mudanças e os benefícios propostos.
Objetivos definidos – A melhoria do desempenho das equipes docentes e não docentes melhoram quando são estabelecidos objetivos definidos.
Estratégias diferenciadas – As diferenças individuais aumentam com a idade, portanto, as estratégias devem prever diferenças de estilo, tempo de adoção e interesse.
Aumento da autoestima e valorização da escola – Sempre é motivador valorizar a empresa em que trabalha e perceber que as pessoas reconhecem seus méritos.

Confiança – Segundo Jerome Bruner*, para que o comportamento de um adulto seja desenvolvido ou mudado, faz-se necessário uma gestão com constância e periodicidade.

O evento de planejamento estratégico e pedagógico é somente o início de um processo de gestão continuada. Ao longo do ano, é preciso realizar reuniões periódicas em grupo e individuais, feedbacks e análise de desempenho. O líder de deve manter-se próximo do seu time e explicar todo o processo, gerando mais segurança e, consequentemente, um aumento do grau de satisfação.

Os mantenedores e coordenadores precisam estar preparados para algumas dificuldades iniciais, pois determinadas pessoas, acostumadas a trabalhar em ambientes de pouca gestão, podem estranhar e se sentir pressionadas, principalmente nas fases iniciais de organização.

*Jerome Seymour Bruner foi professor de psicologia em Harvard e Oxford, escreveu importantes trabalhos sobre educação e liderou o movimento conhecido como Revolução Cognitiva, na década de 1960.

Benefícios – Para contrabalancear as pressões da nova gestão e o sentimento de insegurança que as novidades podem proporcionar, é importante que a instituição desenvolva, durante todo o processo, estratégias meritocráticas de motivação intrínseca, isto é, práticas motivacionais e de reconhecimento intangível, como elogios falados, escritos, comemorações, etc.
Ao final de cada ciclo ou período determinado, utilize as estratégias de motivação extrínseca, com as premiações tangíveis.

Objetivos definidos – O desempenho das equipes docentes e não docentes melhora quando são estabelecidos objetivos bem definidos, isto é, metas preestabelecidas. Portanto, a etapa de análise de desempenho tem um papel importante para tirar as pessoas da zona de conforto e melhorar a performance da equipe.

Na reunião de planejamento do início do ano, devem ser apresentados todos os sistemas de avaliação e análises diagnóstica e de desempenho.

Existem várias formas de traçar metas e objetivos específicos como, por exemplo: análise dos resultados obtidos na época de alta sazonalidade (contatos – matrículas – rematrículas – perdas de alunos), resultado das pesquisas de satisfação e de staff, desempenho do formando em vestibulares e no ENEM, análise do desempenho do corpo docente em planos meritocráticos (participação em eventos, assiduidade, atrasos, entrega de relatórios, produção de projetos, etc.).

Estratégias diferenciadas – Simplesmente por terem vivido mais, os adultos acumularam mais experiências que as crianças e jovens. Consequentemente, constituem um grupo mais heterogêneo. Por isso, uma forma importante de incutir conhecimento, mudar determinados comportamentos e criar novas atitudes é partir justamente das próprias experiências dos integrantes das equipes. Logo, sempre que possível, as estratégias devem ser focadas em técnicas experienciais, como: discussões em grupo, laboratórios, dinâmicas, estudo de casos, ao invés de se resumirem apenas em técnicas de transmissão.

Por outro lado, mais experiência traz efeitos colaterais, como os vícios, dogmas, preconceitos e pressuposições que reduzem a abertura para novas possibilidades. As técnicas de sensibilização, como exercícios de desenvolvimento das inteligências intrapessoal e interpessoal e desenvolvimento de processos criativos, são algumas ações empregadas para amenizar o problema.

Todas as reuniões e encontros entre adultos necessitam de comunicação transacional (orientações, informações, clareza nas metas e papéis), experiencial e de sensibilização ou relacional (entendimento comum, motivação e união) com periodicidade fixa e utilização de várias formas de expressão como: verbal, corporal, pictórica, musical e sinestésica.

Aumento da autoestima e valorização da escola – Nada é mais motivador do que valorizar a empresa que você trabalha diariamente. Além do clima e da gestão, a imagem da escola para seus colaboradores é de grande importância.

A imagem é construída, ao longo dos anos, pela forma como a prestação de seus serviços educacionais é conduzida. O marketing pedagógico tem a missão de potencializar, tornar a marca mais conhecida e valorizada, com uma identidade própria, identificável e, principalmente, compreendida por seu público-alvo, que neste caso são os seus colaboradores.

Outra forma de conquistar a autoestima do corpo docente é elogiar suas ações. Para isso, as estratégias de endomarketing, isto é, a divulgação do trabalho que é feito em sala de aula tem um papel relevante. A partir do momento que alguns professores começam a receber elogios dos alunos, familiares e colaboradores, outros são incentivados a aderir e divulgar seus trabalhos.

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