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A Sala de Aula Invertida (Flipped Classroom) é uma metodologia de ensino onde se procura dar destaque, na sala de aula, as atividades mais complexas

A Educação é um “ser vivo em constante evolução”. A afirmação, feita pelo professor Jonathan Bergmann, criador da metodologia Sala de Aula Invertida — ou flipped classroom, do original em inglês –, vai bem ao encontro das mudanças ocorridas no setor por conta da pandemia do novo coronavírus.

A Sala de Aula Invertida propõe que os alunos façam “a parte mais fácil” das tarefas (pesquisa sobre os assuntos propostos e leitura de textos) em casa, destinando o tempo presencial (ou online) para discussões e realização de tarefas criativas, por exemplo. Bergmann, entretanto, admite que o modelo da Sala de Aula Invertida propõe uma série de desafios que nem sempre são fáceis de ultrapassar.

“Um dos principais obstáculos para a implementação da sala de aula invertida é conseguir o engajamento dos alunos. É preciso que os alunos estejam totalmente motivados e isso exige um esforço e treinamento extra dos professores”, disse o pedagogo, que participou, recentemente, o evento ‘hub20’, realizad pela escola bilíngue Edify no início de julho.

De acordo com o Flipped Learning Global Initiative, o número de salas de aula invertidas cresce quase 40% ao ano. Um dos maiores exemplos é a Islândia, onde mais de 25% das escolas já adotaram o modelo. Na Itália cerca de 100 professores são capacitados por ano para atuar com a sala de aula invertida. Outras iniciativas de destaque também existem na Austrália, Espanha, Argentina e China. 

Como funciona a metodologia da sala de aula invertida 

O conceito se baseia na premissa de que o aluno deve se preparar para a discussão em sala de aula fazendo em casa o que no modelo tradicional se faz na escola, aprender o conteúdo. Para isso, é preciso que o professor esteja treinado para utilizar a tecnologia disponível e crie desafios que incentivem os alunos em separar uma parte do seu tempo “livre” para cumprir funções acadêmicas.

“Essa metodologia de ensino é mais trabalhosa para professores e alunos, mas é uma maneira muito mais efetiva e moderna de levar o conhecimento. Afinal, nós estamos vivendo na era em que as pessoas querem resolver problemas do mundo. Na era da criatividade. É necessário preparar o aluno para um mundo incerto e flexível e usar formas para incentivar o seu desenvolvimento”, explicou o criador.

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O infográfico detalha as principais diferenças entre o modelo tradicional e a sala de aula invertida

Ainda segundo Bergmann, o tempo presencial se tornou muito mais importante, principalmente após o surgimento da COVID-19. Mesmo que remotamente, é preciso aproveitar cada segundo desse tempo com atividades que exijam mais dos alunos.

“Não faz mais sentido perder tempo de sala de aula com leitura e pesquisa. Isso deve ser feito em casa. Precisamos incentivar o aluno a debater, discutir e entender os assuntos. Para isso, o professor precisa se transformar em uma espécie de instigador e mediador”, disse Jonathan Bergmann.

Prós e contras da sala de aula invertida

Como tudo na vida, o modelo tem seus prós e contras. Os apoiadores afirmam que a metodologia estimula a autonomia dos alunos, permitindo a escolha da melhor maneira e o ritmo mais adequado para assimilar o conteúdo proposto. Outro benefício é poder fazer pesquisas online durante o aprendizado e principalmente o estímulo à troca de informações entre alunos com a curadoria dos professores.

Já os que se opõem, dizem que conseguir convencer os alunos (principalmente os mais jovens) a realizar tarefas escolares em seus lares é um grande entrave ao modelo.

Um ponto no qual apoiadores e opositores não conseguem chegar a uma conclusão é a melhor maneira de avaliação dos alunos. O próprio Bergmann admite que não existe uma resposta definitiva para essa questão.

“Essa é uma pergunta de US$ 1 milhão. É possível continuar com a avaliação tradicional (com provas e testes) ou implementar uma maneira de mensurar a absorção do conhecimento dos alunos através da análise dos seus trabalhos e das suas conclusões e produções originais sobre determinado assunto. Mas tudo depende das características da turma, do seu engajamento, do professor e, claro, das ferramentas e assuntos abordados e utilizados”, ponderou o professor.

Pequenos grupos costumam otimizar a metodologia

Com a pandemia, todos os modelos de ensino passaram por modificações profundas. As plataformas de reunião virtual foram adaptadas por alunos e professores para serem utilizadas como salas de aula.

A reunião virtual em pequenos grupos vem sendo uma ferramenta imprescindível para que o ensinamento continue a ser ministrado. A mesma técnica deve ser utilizada quando as aulas presenciais forem retomadas, já que são poucas as possibilidade e que todos os alunos sejam reunidos no mesmo espaço em um futuro de curto prazo.

Os professores precisarão se preparar para trabalhar com pequenos grupos nas salas e preparar atividades para aqueles alunos que estiverem em casa.

De acordo com Bergmann, como tratar essa nova realidade é outra questão sem uma resposta única. Tudo vai depender das características de cada escola, do número de alunos por turma, série, idade e da capacidade de cada professor em preparar um conteúdo atraente para os estudantes.

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