Na coluna de abril, Christian Rocha Coelho traz à tona o assunto liderança geracional, que pode influenciar o desempenho da equipe de gestão
No sentido literal, a palavra “geração” se refere a um conjunto de pessoas que nascem no mesmo período, possuem muitas experiências concretas e abstratas em comum que determinam sua personalidade e comportamento.
Acontecimentos culturais, políticos e socioeconômicos moldam a visão de mundo e a forma de pensar, agir e se relacionar das pessoas que nascem e vivem em diferentes épocas. Neste contexto, tornou-se relevante compreender as diferenças geracionais que possuem algumas caraterísticas específicas.
A liderança geracional é uma ciência comprovada e que, se bem administrada, trará ganhos significativos para os líderes e seus colaboradores. A falta de uma gestão que respeite e se posicione de forma assertiva com as diferentes gerações que atuam nas escolas poderá causar desmotivação e baixa performance.
Crise geracional nas escolas
No ambiente escolar, é cada vez mais comum ocorrerem conflitos com colaboradores e alunos devido ao estresse proveniente da pandemia e à crescente polarização e intolerância social. Outro fator que afeta tanto quanto as questões citadas é o conflito geracional, que ocorre de forma silenciosa e, por isso, de difícil detecção. Este fenômeno é proveniente de quatro fatores:
• O aumento médio de vida do ser humano proporciona um distanciamento entre as gerações e, consequentemente, um gap maior no que se refere à visão de mundo.
• No universo educacional, muitos professores se aposentam e permanecem ministrando aulas em razão da necessidade ou por vontade própria.
• A geração com idade acima de 60 anos se orgulha da sua carreira, experiência e maturidade profissional, por isso tende a se aposentar mais tarde.
• As drásticas mudanças comportamentais decorrentes do surgimento da internet afetaram toda a humanidade.
Após inúmeras pesquisas e estudos, especialistas agruparam, especificaram e criam nomenclaturas para cada geração com o objetivo de melhorar a compreensão. Estas foram reunidas em dois grandes grupos: a geração baby boomer e X, anteriores à internet; e as gerações Y (millennials), Z e Alpha, que nasceram no mundo digital.
A pandemia impactou todas as pessoas, mas de forma mais enfática as crianças. Estas passaram grande parte da vida em quarentena e, devido a isso, foram superestimuladas pela internet, reduziram a interação social e perderam parte da aprendizagem em decorrência do fechamento das escolas.
Além disso, conviveram com adultos mascarados, estressados e amedrontados, em um mundo cada vez mais polarizado.
Não há como prever a influência desta situação nas crianças, por enquanto, ainda estamos na base das suposições. Somente daqui a alguns anos, saberemos como os jovens e adultos se comportarão.
Se o líder tende a utilizar técnicas que o motivou ao longo da carreira, pode deixar de fora uma grande parcela dos colaboradores que não pertencem a sua geração.
O ideal é criar um plano de ações que mescle estratégias que englobem todas as gerações para que a motivação e gestão não proporcionem uma sensação de privilégio para determinados grupos.
Plano de ação
Momentos de interação diversificados – A tendência natural das pessoas é conviver com outras que possuam a mesma visão de mundo, e isso ocorre, geralmente, com colegas das mesmas gerações.
Um erro de liderança geracional é se aproximar de seus iguais e se distanciar dos colaboradores de outras gerações. Isso fica mais claro nos poucos momentos de interação social, como no almoço, horário do café e visitas às salas dos professores.
É preciso manter o equilíbrio nos relacionamentos com todas as gerações, mesmo que às vezes você não se sinta tão à vontade
Feedback – Existem formatos específicos de feedback que se adequam a cada geração e podem proporcionar resultados ainda melhores.
Gestão por meio de valores – A geração Y e Z apreciam empresas com missão, propósito e valores que compartilham com os seus e privilegiam a diversidade de gênero, etnia, idade, formação e outros fatores que tornam as gerações subsequentes mais evoluídas.
Os millennials são da geração que possui o maior turnover. Para amenizar este problema, é importante que os líderes utilizem as definições dos princípios em suas reuniões de forma clara e concreta.
Equipe diversificada – Se todos os colaboradores possuírem os mesmos conhecimentos e experiências podem formar um time de pensamento homogêneo e pouca criatividade. Para que isso não ocorra, fomente a formação de um grupo de gerações diversificadas para que se possa promover com mais facilidade o pensamento criativo, divergente e inovador.
Empresário e CEO do Grupo Rabbit Educação, um ecossistema composto por empresas voltadas ao mercado educacional especializadas em gestão, treinamento e comunicação educacional para mais de 1.500 estabelecimentos de ensino em todo o Brasil.