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Em sua estreia no portal educador21, o colunista Marcel Costa fala sobre a importância da personalização do aprendizado e do papel do professor mediador nesse novo contexto da educação do século 21

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano sempre foi um mediador. Não teríamos saído da “caverna” sem mediação, nem resolvido conflitos, guerras ou disputas territoriais sem esse processo. No cotidiano, a mediação está presente em todos os momentos: na fila de carros de pais em frente às escolas, na cantina, no recreio – agora sem celulares, uma mudança mediada pela sociedade – e, claro, dentro da sala de aula.

Para mediar, é essencial compreender os aspectos humanos, suas fortalezas e fragilidades. O mediador é o ator que facilita interações, resolve conflitos, promove comunicação eficaz entre as partes e conduz a soluções consensuais. Seu papel é fomentar diálogos construtivos, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas.

Em sala de aula, o professor assume esse papel ao mediar a formação de seus estudantes. Ele incentiva o pensamento crítico, a autonomia e a atenção aos aspectos socioemocionais, equilibrando o amadurecimento acadêmico e pessoal. Seu objetivo é maximizar o potencial de ensino-aprendizagem, adaptando-se às necessidades individuais de alunos e alunas.

Em qualquer fase educacional – incluindo o lifelong learning, aprendizado ao longo da vida –, o docente deve direcionar esforços para metodologias que promovam a assimilação de conteúdos de forma dinâmica, prazerosa e eficaz, sem negligenciar as emoções dos estudantes. Essa tarefa exige mediação constante: com a direção da escola, com os alunos e com as famílias.

Autonomia e personalização no século 21

No século 21, a aprendizagem centra-se na autonomia, no equilíbrio entre crescimento intelectual e desenvolvimento pessoal, e no estímulo a capacidades como atenção, comunicação e raciocínio profundo. Esses elementos são intrínsecos à atuação do professor mediador, que dialoga, observa habilidades individuais e guia cada estudante em sua jornada.

Diferentemente do ensino tradicional – homogêneo e padronizado –, hoje é essencial uma educação personalizada. Cada aluno é único, com interesses, ritmos e preferências distintos. Reconhecer essa diversidade permite métodos e conteúdos adaptados, tornando o aprendizado mais relevante e motivador.

Conhecimento compartilhado e reengenharia educacional

A Educação vive em constante transformação, reinventando-se a cada aula, semana ou semestre. Nesse contexto, o professor já não é o “senhor da razão”, detentor de todo o conhecimento. A tecnologia, por exemplo, permite sua presença digital, mas também exige que ele divida espaço com outras fontes de saber.

Como mediador, o docente cria oportunidades para que os alunos trabalhem em equipe, compartilhem ideias e aprendam uns com os outros, respeitando diferentes perspectivas. Esse ambiente inclusivo prepara os estudantes para um mundo que valoriza a colaboração, a ética e a regulação emocional.

Além da sala de aula: um compromisso coletivo

A mediação não se limita ao professor. Psicólogos e outros profissionais também acompanham a evolução dos alunos, dentro e fora da escola, auxiliando no desenvolvimento de competências socioemocionais, como interação social e trabalho em equipe. Juntos, esses agentes formam uma rede de apoio essencial para enfrentar os desafios do futuro.

Afinal, as transformações globais exigirão mediação em escolhas éticas, comportamentos e relações sociais. Se pensarmos bem, em todos os contextos, foi assim que a humanidade chegou até aqui, e precisa avançar ainda mais no futuro, principalmente na Educação.

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