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Na retomada da Coluna Edtechs em 2025, Leonardo Libman traz à tona, sob a ótica dos desenvolvedores de tecnologia, os impactos da Lei que proíbe o uso de celulares no ensino básico

Recente medida sancionada pelo governo federal proibindo o uso de smartphones em sala de aula reacendeu debate público sobre os desafios e limitações no uso da tecnologia dentro das instituições de ensino.

O uso smartphones em sala de aula pode, de fato, levar a distrações que comprometem o aprendizado se não for bem gerido. Não obstante, os smartphones ofereçam várias vantagens pedagógicas e conveniências educacionais, entretanto eles também apresentam desafios que podem afetar negativamente o foco dos alunos.

Os smartphones são projetados para manter os usuários engajados, com aplicativos enviando notificações constantes para redes sociais e mensagens. Toda vez que uma notificação aparece, a atenção dos alunos é dividida, tornando mais difícil concentrar no que está sendo ensinado.

É corriqueiro notarmos crianças e adolescentes acreditarem ser multitarefas, possibilitando a realização de múltiplas ações concomitantemente, verificando seus telefones enquanto ouvem o professor, mas estudos mostram que a multitarefa na verdade reduz a absorção do conteúdo.  Como resultado, os alunos fatalmente perderão pontos cruciais durante a explanação.

Uma pesquisa realizada em 2017 pela Consumer Research, explorou o impacto do uso de smartphones no desempenho acadêmico. Diagnosticou que os alunos que tinham permissão para usar smartphones em sala de aula pontuaram 20% menos nos exames em comparação com aqueles que não tinham permissão para usá-los.

Vivemos uma era muito especial alicerçada no digital, onde os estudantes inevitavelmente estão profundamente imersos em tecnologias móveis de diferentes propósitos.

O uso pedagógico consciente dos smartphones nas instituições de ensino tem se mostrado cada vez mais relevante no contexto educacional. O número de edtechs, startups focadas em tecnologia educacional, que vêm desenvolvendo soluções para smartphones e dispositivos móveis vem crescendo significativamente em todo mundo.

A razão incontestável para construção de soluções educacionais deste formato é a popularização do uso de smartphones, facilidade de acesso, mobilidade e portabilidade.

Os países situados no sul global apresentam um déficit de infraestrutura tecnológica alarmante, em especial nas instituições de ensino. Este passa a ser um dos motivos para que mais empresas focadas em tecnologia educacional desenvolvam soluções adaptáveis com possibilidade de customização e personalização da aprendizagem, impulsionando uma democratização do acesso à tecnologia.

A facilidade do manejo e uso do smartphone e seu caráter intuitivo para todas idades também é um dos diferenciais nesta escolha pelos jovens e instituições de ensino. Outra questão relevante é a análise do custo benefício, já que um smartphone é muito mais acessível que um laptop ou desktop para garantir acesso a centenas de alunos.

É indispensável reconhecermos que o uso dessas tecnologias seja acompanhado de práticas pedagógicas bem estruturadas e de uma orientação adequada para que seu potencial seja aproveitado de forma eficaz e responsável.

Estas características reunidas, impulsionam também o engajamento do aluno, já que muitas edtechs vem desenvolvendo soluções baseadas em gamificação e Inteligência Artificial para entreter e ao mesmo tempo ensinar. Podemos citar rapidamente exemplos como a americana Duolingo, amplamente utilizada nas instituições de ensino com milhões de downloads em todo mundo na Play store e Apple store. No Sul da Ásia, mais especificamente na Índia vimos o surgimento da Byju’s e um crescimento exponencial onde sua solução ganhou popularidade atingindo mais de 100 milhões de usuários em todo mundo.

A startup CriasAI, acelerada recentemente pela Canastra Ventures, desenvolve soluções educacionais via WhatsApp com inteligência artificial. A ideia é simples, utilizar o WhatsApp para criar processos inovadores de seleção, avaliação e ensino, garantindo simplicidade e impacto. A startup cofundada por Thiago Vasconcelos foi selecionada pela Fundação Lemann para desenvolver o processo seletivo de sua Rede de Líderes pelo WhatsApp. O convite veio após Thiago criar esta solução quando liderava a área de produto do RenovaBR, escola de formação de lideranças políticas do terceiro setor.

As etapas da seleção se mostraram mais acessíveis e dinâmicas, resultando em uma adesão significativa e alta satisfação. Desde o ano passado, a CriasAI vem trabalhando em colaboração com o Instituto Sol, um projeto que visa apoiar jovens de baixa renda de São Paulo, preparando-os para ingressar nas ETECs (Escolas Técnicas Estaduais) e outras escolas de ensino médio com bolsas de estudo. Além de adaptar o processo seletivo de 2025 para o WhatsApp, a CriasAI tem ajudado o Instituto a transformar a lógica como o conteúdo educacional é entregue aos alunos: neste ano, o Programa Aurora que antes era oferecido somente presencialmente, agora será oferecido também de forma híbrida, com conteúdo diários via WhatsApp e aulas presenciais.

A CriasAI também desenvolve o Crias™, um assistente para estudos no WhatsApp que utiliza agentes de IA para personalizar o estudo ao perfil e progresso do aluno, respondendo dúvidas sobre textos, áudios, imagens, PDFs e vídeos, com explicações rápidas e eficazes. O️ assistente também pode ser treinado com a matriz curricular e as diretrizes pedagógicas das instituições parceiras para uma experiência de ensino mais estruturada.

De acordo com Thiago Vasconcelos, “a combinação de inteligência artificial com uma plataforma tão acessível como o WhatsApp, aliada ao respaldo pedagógico de instituições de ensino, constitui uma grande potência”. A CriasAI aposta nas parcerias com essas instituições para construir casos de alto impacto na educação, transformando como o aprendizado chega aos alunos e ampliando as oportunidades de ensino para todos.

Os smartphones, quando usados de forma consciente e com objetivos pedagógicos, podem ser poderosas ferramentas de aprendizado, facilitando a colaboração entre alunos, preparando-os para os desafios do futuro digital.


Para colaborar com as startups que desenvolvem tecnologias para a educação a se aproximarem cada vez mais das instituições de ensino, o educador21 está formando um “Cadastro de Edtechs”.

Se você deseja ver a sua empresa abordada pela Coluna Edtechs, ou gostaria de enviar um pitch para a playlist Pitch – Educador21 do Canal do Educador21 no YouTube, responda a este formulário.

Faremos contato o quanto antes!

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