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Dado foi revelado pela pesquisa “Tecnologias Digitais nas escolas municipais do Brasil: cenário e recomendações”, lançada na Bett 23

A obrigatoriedade do ensino de Tecnologia da Computação no currículo das redes municipais de todo o país tem deixado dirigentes, gestores e educadores com sintomas de ansiedade. Para identificar e mapear quais são as estruturas de apoio das Secretarias de Educação para garantir a implementação e o uso de tecnologias digitais nas escolas, foram revelados na Bett Brasil, nesta quarta, dia 10, os resultados do estudo “Tecnologias Digitais nas escolas municipais do Brasil: cenário e recomendações”.

Organizado pelo Centro de Inovação para Educação Brasileira (Cieb), pela Fundação Telefônica Vivo e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com parceria técnica do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), o levantamento foi tema de um painel no evento, com a presença de representantes de todos os envolvidos nesse processo, para discutir possíveis caminhos para possibilitar a oferta da disciplina.

A partir de uma amostra representativa — foram consideradas as respostas de 1.065 municípios, espalhados por todos os Estados, garantindo ao estudo um nível de confiança de 95% para o resultado nacional, com margem de erro de 3 pontos percentuais –, a pesquisa identificou desigualdade entre redes.

Entenda os pontos considerados pelo levantamento

A pesquisa considerou dados como a existência de orçamento específico para a área de tecnologia e como é feita sua gestão; equipes ou de áreas de planejamento e implementação de tecnologias digitais nas escolas; o perfil dos profissionais que atuam nesse setor; se há formação de professores, para citar alguns.

Dentre os principais dados, ficou demonstrado que 21% das redes municipais ainda não têm o ensino de Tecnologia e Computação no currículo dos anos iniciais do Ensino Fundamental:

  • Nos anos finais são 17%
  • Na Educação Infantil esse índice chega a 37%

“Sabemos que não há como avançar se não tivermos uma infraestrutura de tecnologia adequada em todo país, que tenha como princípio de oferta a equidade. Caso contrário, aumentaremos ainda mais o fosso das desigualdades gerando, por meio da exclusão digital, maiores distâncias entre os incluídos e os excluídos. Para transformar é preciso conhecer e não tem jeito melhor de conhecer do que indo às fontes”, disse Luiz Miguel Martins Garcia, Dirigente Municipal de Sud Mennucci/ SP e presidente da Undime.

Falta pessoal preparado para lidar com a transformação digital nas redes

Uma das preocupações da ex-secretária de Estado de educação de Minas Gerais e, atualmente, diretora executiva do CIEB, Julia Sant’Anna, foi quanto aos dados revelados acerca do item que mostra o preparo de pessoal para lidar com essa transformação digital nas redes.

Pelo menos 73% das redes municipais afirmaram não contar com uma área nem uma equipe dedicada ao planejamento, apoio e monitoramento de ações para uso de tecnologias digitais nas escolas. Em mais da metade dessas redes, 55%, não foram identificados outros profissionais na estrutura organizacional das prefeituras habilitados para atuarem no setor.

“Uma das principais consequências da falta de estrutura organizacional adequada é um cenário onde as secretarias trabalham a partir das demandas das escolas, uma vez que não conseguem atuar de forma preventiva e planejada. Nesse sentido, o maior desafio é desenvolver uma equipe de tecnologia integrada entre as diversas áreas, que garanta um planejamento transversal e que seja capaz de englobar as perspectivas de infraestrutura, pedagógica e de docentes”, declarou Julia Sant’Anna.

Já o diretor-fundador do Iede, Ernesto Martins Faria, falou sobre a desigualdade para garantir as ações estruturantes para viabilizar o impacto das tecnologias na aprendizagem: “O estudo mostra que em eixos estruturantes, como currículo e formação continuada, há uma desvantagem das redes de ensino que atendem alunos de baixo nível socioeconômico. Isto é, os alunos que mais precisam de uma escola de qualidade têm menos possibilidades de serem impactados por uma adoção qualificada da tecnologia”.

Um outro ponto revelado, a respeito da formação continuada dos docentes para uso de tecnologia, em 39% das redes municipais essa oferta não existe — chegando a 44% nas regiões Sudeste e Nordeste.

“A tecnologia é uma aliada da educação e pode ser usada de forma transversal em atividades curriculares de diversas disciplinas. Mas, para isso, é primordial que os educadores estejam preparados para aplicá-la em sala de aula. Não basta conhecer as ferramentas, é necessário compreender seu potencial pedagógico e, assim, torná-las parte dos processos de ensino e de aprendizagem”, defendeu Lia Glaz, diretora presidente da Fundação Telefônica.

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