Para o diretor-executivo das unidades escolares do Grupo Bernoulli Educação, Marcos Raggazzi, o aluno como protagonista é a chave para incentivar a criatividade
Marcos Raggazzi*
A escola professoral tem como ponto central o professor no processo de ensino. Entendemos que este modelo atualmente está morrendo e dando espaço a um protagonismo real do estudante no seu processo de aprendizagem. Isso ocorre quando o aluno está “colocando a mão na massa” no ensino e não apenas reproduzindo aquilo que é solicitado pelo professor em sala de aula. Essa mudança de ator central na escola se estabelece quando o estudante tem a possibilidade de desenvolver algo que se dá a partir do seu interesse e pode participar ativamente do processo de tomada de decisão.
É importante, porém, deixar bastante claro que o professor não perde a sua importância, mas agora ele terá um papel de gestão dos processos de ensino, de aprendizagem de planejamento da intencionalidade pedagógica. Ao invés dos professores terem a função de compor, eles vão utilizar o tempo deles não para fazer um processo mecânico, mas para, de uma forma muito criativa, com intencionalidade pedagógica, obter resultados e para o desenvolvimento de habilidades não só cognitivas, como também socioemocionais.
Essa metodologia, no entanto, ainda esbarra nos exames de acesso ao ensino superior, que primam pelos conteúdos e não pelas habilidades. Mas, a tendência no processo educacional, com a reforma do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é que os alunos possam fazer determinadas escolhas e que os processos avaliativos de acesso ao ensino superior sofram algumas mudanças. Isso tende a fazer com que os estudantes possam ser mais ativos nesse processo de estabelecer as suas trilhas de aprendizagem e desenvolvimento.
Muitas vezes, na educação professoral, a criação é colocada em segundo plano e nós entendemos que precisamos desenvolver essa capacidade de criar, de resolver situações-problema, porque a finalidade da educação é preparar os estudantes para enfrentar os desafios do futuro e perpetuar a espécie humana na terra.
A inteligência artificial, a internet das coisas, a internet de tudo, os algoritmos, que já estão presentes na nossa vida cotidiana e ficarão mais ainda, passam a fazer essas funções reprodutivas. Então, precisamos dar aos alunos o desenvolvimento de capacidades, habilidades e competências de criação para a resolução das demandas da vida moderna, da vida futura, dos grandes problemas da sociedade, como os problemas ambientais, a fome no mundo, epidemias e pandemias e outros.
E quanto mais tivermos pessoas capazes de criar, de produzir, de interpretar uma situação-problema e tentar resolvê-la de forma multidisciplinar e com vários focos de abordagem, maior a probabilidade de nós cumprimos o papel social da escola.
*Diretor-executivo das unidades escolares do Grupo Bernoulli Educação