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CEO da edtech Blox — especializada em flexibilização curricular para os ensinos médio e superior –, Bruno Berchielli aponta, neste artigo, elementos que facilitam identificar se a cultura de inovação na instituição de ensino 

Bruno Berchielli*

Recentemente observei que algumas instituições de ensino se libertaram com maestria desta cultura, enquanto outras, infelizmente, continuam acorrentadas ao passado e veem seus esforços, cada vez maiores, gerarem menos resultados. Por isso, o objetivo deste artigo é trazer elementos que facilitem identificar se a cultura atua como contribuinte ou mitigadora da inovação no processo de aprendizagem.

Após ter participado de mais de 20 projetos de grande porte sobre inovação acadêmica, identifiquei que a principal competência para tanto é a capacidade de uma instituição “aprender” continuamente. Isso significa estar aberto para novas ideias e informações, e colocá-las em prática sem medo de errar. Constatei também algumas atitudes que as instituições de ensino praticam que minimizam ou potencializam o aprendizado.

Um exemplo é o impacto dos indicadores financeiro-operacionais na instituição. Algumas organizações parecem esquecer que os indicadores financeiros são resultados finais e pretéritos da estratégia, tendendo a focar em dados como “quantidade de alunos captados”, “ticket médio” e “evasão”. Porém, olhar apenas para estes pontos é como ler apenas o último capítulo de um livro e tentar inferir a história toda a partir disso.

Medir a evasão é interessante. Mas que tal medir NPS? E os índices de presença em sala de aula? Indicadores de utilização da biblioteca? Como os alunos têm avaliado os professores?

Todos esses podem ser preditores da evasão, engajamento e aderência da estratégia acadêmica adotada. Acompanhar e discutir uma gama de indicadores é uma qualidade presente nas instituições que aprendem. A partir dos dados coletados e do conhecimento adquirido são propostos ajustes contínuos. Dessa forma, a instituição passa a ser gerida com a percepção sob si mesma aguçada.

Outro ponto é a relação entre os processos e as necessidades. Instituições que colocam o aluno no centro do processo costumam proporcionar maior comodidade e satisfação aos seus clientes, ao contrário daquelas que mantêm um método há décadas simplesmente para preservação do status quo. Fato é que as organizações com políticas rígidas terão mais dificuldades para implementar a inovação acadêmica do que as que se adaptam conforme as necessidades de seus alunos.

Terceira questão está relacionada no apoio do departamento de TI à área pedagógica. Muitas vezes a cultura da instituição trata o departamento de TI meramente como suporte e não como um ponto de contribuição estratégica. Contudo, esta área precisa estar ciente das discussões de inovação acadêmica para implementar a “integração tecnológica” e “customização” nas entidades de ensino.

Gosto de fazer uma analogia do processo de inovação com uma reação química. Você pode até ter os elementos necessários, mas se não possuir também as condições adequadas de temperatura, pressão e a presença do catalisador correto, a reação esperada simplesmente não acontece. Inovação também é assim, se não tiver as pessoas corretas, a cultura correta, os incentivos corretos e o ambiente correto, ela não acontece.

* Bruno Berchielli é CEO da Blox, edtech especialista em flexibilização curricular para Ensino Médio e Ensino Superior oferecendo alternativa ao tradicional “Sistema Seriado” de ensino

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