Na estreia como colunista do educador21, Lara Crivelaro fala da internacionalização da educação como estratégia na formação de cidadãos globais
A internacionalização da educação básica emerge como uma estratégia importante no preparo de jovens para um mundo cada vez mais interconectado. Este processo não se limita ao ensino de idiomas ou ao intercâmbio estudantil, mas abrange uma transformação profunda nos currículos, metodologias de ensino e na perspectiva cultural que é oferecida aos estudantes. A internacionalização é um pilar para a formação de cidadãos globais, capazes de navegar por diversas culturas, economias e desafios globais.
A primeira grande contribuição da internacionalização na educação básica é a ampliação de perspectivas. Ao integrar elementos internacionais ao currículo, os estudantes são expostos a diferentes pontos de vista e modos de vida, o que fomenta a empatia e o respeito pela diversidade. Este ambiente educacional enriquecido prepara os alunos não apenas para serem competentes em suas carreiras, mas também conscientes e sensíveis às necessidades globais.
A educação que incorpora aspectos internacionais prepara os jovens com competências essenciais para o século 21, como pensamento crítico, resolução de problemas complexos e capacidade de colaboração com pessoas de diferentes culturas e nacionalidades. Estas habilidades são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho globalizado e em contextos profissionais que exigem inovação e adaptação contínua.
Outra vantagem incontestável da internacionalização é a proficiência em idiomas estrangeiros. O domínio de idiomas como o inglês, espanhol ou mandarim abre portas para oportunidades acadêmicas e profissionais em escala global. Além disso, o aprendizado de um idioma é também o aprendizado de uma cultura, promovendo uma compreensão mais profunda e respeitosa das diferenças.
A internacionalização na educação básica também prepara os estudantes para aproveitar oportunidades de estudos superiores no exterior. Este preparo vai além do acadêmico, englobando a capacidade de adaptação a novos ambientes, o que é crucial para quem busca carreiras internacionais. A experiência internacional no ensino básico pode significar uma transição mais suave para universidades fora do país, onde os alunos podem enfrentar menos barreiras culturais e acadêmicas.
A defesa da internacionalização na educação básica como um catalisador para o desenvolvimento de uma consciência global é fundamental em um mundo cada vez mais interdependente e multifacetado. Ao considerar questões globais como as mudanças climáticas, a desigualdade econômica e os conflitos internacionais, os estudantes são expostos a uma visão de mundo que transcende as fronteiras geográficas e culturais. Isso os capacita não apenas a entender, mas também a agir sobre esses desafios de maneiras críticas e informadas.
O aprendizado sobre tópicos globais dentro de uma estrutura de educação internacionalizada não se limita ao conhecimento acadêmico; ele engaja os alunos em um processo de pensamento que integra ética, responsabilidade social e sustentabilidade. Este tipo de educação fomenta uma ética de interdependência, onde os jovens reconhecem que suas ações têm impactos que vão além de suas comunidades locais. Ao entenderem os complexos sistemas globais, eles se tornam mais aptos a contribuir positivamente para o mundo.
Ademais, a internacionalização na educação básica equipa os estudantes com ferramentas para participar ativamente na resolução de problemas globais. Por exemplo, projetos escolares que simulam conferências de mudanças climáticas ou debates sobre políticas econômicas internacionais permitem que os alunos experimentem diretamente o processo de negociação e tomada de decisão em escalas globais. Tais atividades incentivam os alunos a desenvolver habilidades práticas e a aplicar seus conhecimentos de forma concreta, preparando-os para serem agentes de mudança.
A colaboração internacional entre escolas também promove uma troca rica de ideias e soluções, permitindo que os alunos construam redes globais desde cedo. Tais conexões podem ser a base para futuras colaborações profissionais e acadêmicas, ampliando assim o impacto de suas ações e soluções inovadoras para problemas globais.
Ao fomentar a compreensão intercultural e o respeito mútuo, a educação internacionalizada ajuda a construir uma cultura de paz. Os alunos aprendem a negociar diferenças e a encontrar terreno comum com pessoas de diversas origens, o que é essencial em um mundo onde muitos conflitos ainda têm raízes em mal-entendidos culturais e preconceitos.
A internacionalização na educação básica representa muito mais do que a aquisição de conhecimento global; ela é uma jornada que molda os cidadãos do mundo, equipados para enfrentar e resolver os desafios globais de forma colaborativa e sustentável. As escolas que incorporam essa perspectiva estão não apenas ampliando os horizontes acadêmicos e profissionais dos alunos, mas também cultivando líderes globais capacitados para promover justiça, equidade e sustentabilidade. Em última análise, a educação internacionalizada é um investimento no potencial humano que promove uma sociedade mais consciente e conectada globalmente, com benefícios que reverberam por gerações.
Doutora em Sociologia pela Unesp, Lara Crivelaro foi diretora de cursos de graduação e pós-graduação, pró-reitora, coordenadora geral de educação à distância e consultora de diversas universidades do Brasil.
Fundou a Efígie ao identificar uma lacuna na educação internacional e atualmente é CEO da empresa e também diretora-executiva do Instituto Educbank de Educação e Cultura.
Lara é avaliadora do Ministério da Educação (MEC) para credenciamento e autorização de cursos a distância e autora de cinco livros, sendo o último “A educação básica no palco internacional”.