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A colunista Constanza Hummel afirma que diretores e líderes de escola precisam ser protagonistas, mobilizar suas equipes e a comunidade escolar por um objetivo comum, transformar a educação

O cenário educacional passa por profundas transformações impulsionadas por mudanças tecnológicas, sociais e culturais que desafiam as estruturas tradicionais das escolas. Assim como no mundo corporativo, onde líderes visionários e transformacionais são essenciais para guiar equipes e inovar, o ambiente escolar também exige diretores que transcendam o papel de gestores e se tornem verdadeiros líderes. Hoje, mais do que nunca, os diretores, gestores e coordenadores de escola precisam ser protagonistas em um movimento de adaptação e inovação para enfrentar os desafios da educação contemporânea.

Lições do mundo corporativo para a liderança educacional

No ambiente corporativo, a liderança transformacional tem sido a base para organizações que se destacam pela capacidade de inovação e adaptabilidade. CEOs de empresas como Apple, Google e Amazon são reconhecidos não apenas pela gestão de recursos e processos, mas por criarem culturas organizacionais que valorizam a criatividade, o aprendizado contínuo e o engajamento das equipes. Esses líderes visionários possuem algumas características essenciais para o sucesso, como a habilidade de comunicar uma visão inspiradora, fomentar a colaboração, e promover o desenvolvimento de cada indivíduo da organização.

Essas qualidades, aplicadas ao contexto educacional, podem transformar diretores e gestores de escolas em agentes de mudança, capazes de inspirar e capacitar professores, engajar estudantes e mobilizar a comunidade escolar. Assim como em uma empresa, o sucesso de uma escola no século 21 depende de uma liderança que vá além da administração rotineira e se conecte com um propósito maior.

Desafios da escola contemporânea

Dentre tantos desafios, abordamos três que me parecem ser comuns entre escolas públicas e privadas. Obviamente existem outros que abordaremos em outros artigos, mas é certo que em todos eles uma liderança transformacional pode contribuir demais para superá-los.

Preparar os alunos para o futuro do trabalho e para serem cidadãos que impactem positivamente a sociedade

A escola precisa de líderes que compreendam que educar vai além da preparação para exames e vestibulares. Hoje, formar estudantes significa equipá-los com habilidades essenciais para um mundo em rápida transformação, onde profissões emergem e desaparecem com frequência. A adaptabilidade, a criatividade, o pensamento crítico e as habilidades socioemocionais são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho e são fundamentais para que cada aluno possa impactar positivamente a sociedade e a comunidade em que está inserido.

Nesse contexto, diretores e coordenadores desempenham um papel crucial, liderando não só os professores, mas também toda a equipe de apoio da escola. Essa liderança vai além da gestão administrativa e se torna inspiradora e visionária, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo, colaboração e multidisciplinaridade. Ao impulsionarem uma equipe comprometida e alinhada com a missão de formar cidadãos para o futuro, esses líderes criam condições para que novas metodologias, como a educação baseada em projetos e a aprendizagem ativa, sejam implementadas com qualidade e profundidade.

Dessa forma, os diretores e coordenadores não apenas incentivam a inovação no ensino, mas também capacitam professores e profissionais de apoio a serem mediadores de uma educação que desperta a curiosidade, o engajamento e o desenvolvimento integral dos alunos. Essa liderança integrada e inspiradora é essencial para construir uma escola que prepara os alunos para o mundo do trabalho e para serem agentes de mudança em suas comunidades.

Garantir um ambiente inclusivo e seguro

O ambiente escolar precisa ser um espaço seguro e inclusivo para todos os estudantes, um princípio que se tornou central também no mundo corporativo. Empresas que valorizam a diversidade e a inclusão são reconhecidas por melhores resultados e por um ambiente mais harmonioso. Da mesma forma, uma escola que promove a inclusão, seja ela cultural, econômica ou de necessidades especiais, prepara alunos para serem cidadãos empáticos e conscientes.

Diretores como líderes transformacionais precisam criar políticas e práticas inclusivas que acolham a diversidade e promovam o respeito. Eles devem ser exemplo de empatia e ter a capacidade de identificar barreiras ao aprendizado, promovendo estratégias de apoio individualizado e acolhendo diferentes perfis e realidades dos alunos. Criar esse tipo de cultura começa com a liderança e se estende a toda a equipe, criando um ambiente onde todos se sintam seguros e valorizados.

Incorporar a tecnologia de forma eficiente e ética

A incorporação da tecnologia na educação é um desafio complexo e que exige uma abordagem cuidadosa. Embora tablets, computadores e aplicativos digitais possam enriquecer o ensino, a crescente preocupação global com o uso excessivo de tecnologia entre os jovens ressalta a importância de um equilíbrio. Estudos recentes apontam que o tempo excessivo de tela pode impactar a saúde mental e física dos adolescentes, aumentando a ansiedade, a distração e até mesmo a sensação de isolamento.

Iniciativas como o movimento “Wait Until 8th” nos Estados Unidos, que incentiva os pais a retardarem a introdução de smartphones aos filhos até o oitavo ano escolar, ilustram uma preocupação crescente com os efeitos do uso indiscriminado de tecnologia entre crianças e adolescentes. Aqui no Brasil, temos visto diversas iniciativas como o “Movimento Desconecta” e alguns governos já baniram o celular da escola.

Nesse cenário, o desafio das escolas não é simplesmente banir ou implantar tecnologias, mas usá-las de maneira pedagógica e ética, promovendo um aprendizado digital que seja relevante, seguro e equilibrado. Inspirados por líderes corporativos que integram a tecnologia de forma responsável, os líderes escolares devem adotar uma visão estratégica que promova o uso das ferramentas digitais como recursos para personalizar o ensino e aumentar o engajamento dos alunos, mas sem negligenciar os riscos. Isso pode acontecer, em especial com as escolas que possuem plataformas de educação online.

Para que isso aconteça, é essencial que as escolas desenvolvam um plano claro e bem estruturado, que vá além da simples aquisição de dispositivos. Esse plano deve incluir a capacitação contínua dos professores, para que eles possam utilizar as novas ferramentas de maneira eficaz e ética, bem como orientações para que saibam gerenciar o tempo de uso da tecnologia nas atividades de ensino. Além disso, é fundamental promover o aprendizado sobre cidadania digital, preparando os alunos para usarem a tecnologia de forma consciente e crítica, incluindo temas como privacidade, segurança online e o impacto social das redes.

Exemplos de boas práticas incluem escolas que adotam “horários desconectados” para reduzir o uso de telas e incentivam atividades fora do ambiente digital, ou que promovem workshops sobre bem-estar digital, como o desenvolvimento de habilidades para controlar o tempo de tela e manter uma postura crítica diante das mídias. Diretores e coordenadores que lideram essa integração tecnológica com uma visão ética e equilibrada não apenas oferecem uma educação mais rica, mas também ajudam a preparar os alunos para serem cidadãos responsáveis em um mundo cada vez mais digital.

A necessidade de uma nova liderança escolar

Assim como CEOs transformacionais, diretores e líderes de escola precisam ser protagonistas, mobilizar suas equipes e a comunidade escolar para que todos trabalhem juntos por um objetivo comum. Com essa abordagem, cada escola pode se tornar um verdadeiro espaço de inovação e desenvolvimento humano, preparando as próximas gerações para os desafios e as oportunidades que virão.

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