Palestras e workshops em Bauru destacam o papel das relações humanas, da liderança e da gestão intencional na transformação da educação
O 5º Encontro FourC de Educadores, realizado em Bauru (SP), reuniu mais de 220 profissionais de 18 cidades em dois dias de palestras, minicursos e workshops. Sob o tema “Inspirar & Transformar”, o evento, realizado pela FourC Learning nos dias 12 e 13 de setembro, abriu espaço para reflexões sobre inovação, propósito e cultura escolar, reforçando a importância do professor como agente de mudança.
Entre os destaques esteve a palestra de Rafael Parente, ex-secretário de Educação do Distrito Federal e pesquisador em Nova York. Ele defendeu que não existe aprendizagem sem relação, destacando o impacto das conexões cotidianas entre professores e alunos. Segundo Parente, até pequenas ações, como um olhar atento ou uma palavra de reconhecimento, podem transformar trajetórias de vida. “Às vezes, uma única frase pode reescrever a história de uma vida”, afirmou.

O especialista também apresentou o Mapa da Escuta Ampliada, ferramenta voltada a ampliar a capacidade de ouvir em diferentes níveis. Para ele, o protagonismo juvenil não é uma concessão, mas uma condição de cidadania: “Vocês são os adultos na sala e os tutores do conhecimento. Precisamos criar espaços reais e seguros para que os alunos possam questionar e ter voz”.
Além disso, os participantes puderam vivenciar práticas e trilhas temáticas sobre escuta ativa, metodologias inovadoras, protagonismo do aluno e gestão escolar, em atividades que reforçaram a urgência de repensar a educação a partir das relações humanas e do propósito.
Inovação como prática cotidiana nas escolas
As primeiras palestras do encontro ficaram a cargo de Sara Hughes, mantenedora da FourC, e Juliana Storniolo, diretora de ensino. Ambas provocaram os educadores a enxergarem a inovação como resultado de pequenas mudanças consistentes no cotidiano escolar.
Juliana apresentou a “Regra dos 3%”, inspirada no estilista Virgil Abloh, segundo a qual um pequeno ajuste pode ser suficiente para que algo seja percebido como inovador. “Muitas vezes achamos que precisamos fazer um projeto grande para inovar e, com isso, acabamos travando. É possível inovar com apenas 3%, uma pequena ação diária”, destacou.

Sara complementou que a inovação também é feita de relações. “A educação é o lugar onde decidimos, todos os dias, que humanidade queremos ser. O educador é o guardião da cultura escolar, quem define o que se mantém e o que muda”, afirmou.
As duas ressaltaram ainda a importância de criar ambientes seguros e confiáveis, nos quais perguntas e escuta ativa sejam incentivadas. “São pré-requisitos para desenvolver habilidades de planejamento e perseverança”, acrescentou Juliana.
Gestão intencional e cultura escolar em foco
Um dos momentos mais marcantes foi o workshop para gestores escolares, conduzido por Juliana Storniolo. A atividade teve como tema “O papel da gestão na cultura escolar” e discutiu como as lideranças podem transformar os ambientes educacionais de forma intencional e gradual.
Os participantes trocaram experiências sobre suas práticas e refletiram sobre os desafios de construir uma gestão que vá além de respostas imediatas. Nesse sentido, destacou-se a diferença entre uma gestão reativa e uma gestão intencional, capaz de desenhar processos, fortalecer a cultura e planejar mudanças sustentáveis.

“Inovação não precisa estar ligada apenas à tecnologia. Ela é, sobretudo, pensamento e coragem para olhar sob outra perspectiva”, explicou Juliana. Para ela, dar voz às próprias dores e transformar ideias em ações é o ponto de partida para mudanças reais.
O encontro terminou com o consenso de que a gestão escolar é mais do que administrar: é moldar a cultura, inspirar pessoas e criar condições para novas formas de aprender e ensinar.










