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Na opinião do autor, tecnologia chega para tornar o processo de aprendizado mais sofisticado, mais bem planejado e executado, o que proporciona maior dinamismo e atratividade às aulas

Carlos Lambert*

Neste ano, com o enfrentamento da pandemia, passamos por um desafio de adaptação que alterou as perspectivas dos educadores e agilizou um processo inevitável: a transformação digital da educação.

Algumas escolas, assim como o Colégio Poliedro,  já trabalham com tecnologia no Ensino Fundamental há anos. Trata-se de uma escolha, de estratégia. O objetivo sempre foi aumentar a interconexão entre professor e aluno, a difusão de uma cultura de planejamento entre os profissionais e que eles tivessem a facilidade de ferramentas que permitissem o desenvolvimento de uma aula bem estruturada. Já para o aluno, visamos a influência no processo de aprendizado dentro e fora de sala de aula, afinal, o fluxo educacional vai para além do ambiente escolar.

Uma pesquisa do Instituto Península, que mapeou o comportamento de professores durante a pandemia, revelou que nos meses de abril e maio 83% dos respondentes não se sentiam preparados para o ensino virtual. Após a prática ter sido adotada em virtude da quarentena, 94% indicaram que, agora, enxergam a tecnologia como muito importante no processo de aprendizagem dos alunos.

A tecnologia chega para tornar o processo de aprendizado mais sofisticado, mais bem planejado e executado. Facilita o desenvolvimento da aula por parte do educador, permitindo que implemente metodologias diversificadas e novas dinâmicas, a exemplo da realidade virtual e avaliações parametrizadas, além de proporcionar a gestão do estudo por parte do aluno.

É difícil imaginar qualquer atividade no mundo atual sem a inserção da tecnologia. Agora, é possível ensinar conceitos completamente abstratos para crianças por meio de um tour virtual ou de fotografias, por exemplo, permitindo o acesso facilitado à informação. Mas é preciso ter a percepção de que se trata de uma ferramenta. Dessa forma, cabe ao professor transformar informação em conhecimento. Em educação, desenvolvimento de aprendizado, metodologia e aquisição de valores sempre vem à frente.

Quando falamos em implementação, temos de relembrar que os jovens e as crianças são naturalmente inseridos na tecnologia pela família. Quem estava mais distante do processo eram os professores, que permaneciam inseguros, já que acostumados com um outro modelo educacional. Então, o primeiro passo deve ser ambientá-los com a tecnologia em sala de aula.

Trata-se de um processo gradual, que exige preparo. Criar um departamento para acompanhar os colaboradores, fazer a curadoria de novos aplicativos, realizar aulas em parceria com a equipe de tecnologia, capaz de evitar falhas técnicas, entre outros pontos, são fundamentais para facilitar a adaptação ao uso das plataformas e a desenvolver uma nova cultura educacional. Nada acontece do dia para a noite e tudo deve ser planejado.

Mesmo com a pandemia e a necessidade de rápida transformação do modelo de ensino para dar continuidade ao cronograma educacional, ainda podemos notar que existe certa resistência, mas, por outro lado, também já observamos uma nova geração de professores muito próximos da tecnologia, com uma nova cultura de trabalho.

Agora, o serviço que as escolas oferecem é mais sofisticado. O estudante não vai até a instituição para apenas anotar informações. Os dados estão disponíveis a todo o tempo na internet. Tudo mudou. Os jovens buscam interação, preparo, desenvolvimento de habilidades técnicas e comportamentais, entre outras questões.

O fator humano e a tecnologia caminham juntos. O homem planeja e projeta. O aparelho retém informações e pode computá-las. O professor, que antes era transmissor de conhecimento, passa a ser gerente, induzindo o aluno a refletir a partir dos dados oferecidos em aula. Dessa forma, deve fazer a gestão de projetos e pessoas, além de planejar seu conteúdo com o apoio das novas ferramentas.

Com a tecnologia que empenhamos, toda a aula do professor é disponibilizada em uma plataforma para que os alunos possam consultar. Os livros ganharam versões digitais e os estudantes ampliaram os espaços de colaboração para que desenvolvam projetos e pesquisas.

Agora, é fácil notar como o método de aprendizado é muito diferente do convencional. As aulas são mais dinâmicas, profundas e interativas, permitindo o maior engajamento dos estudantes. Imagine a dificuldade em explicar para um aluno o que era o Egito Antigo. Era preciso algumas aulas para oferecer conteúdo suficiente que permitisse ao aluno criar imagens mentais. Hoje, por meio de um tablet é possível realizar um tour virtual pela região e ver tudo com detalhes. Os professores ganham tempo para oferecer maior compreensão acerca dos temas e para aprofundar assuntos que julgarem necessários de diferentes formas, proporcionando o desenvolvimento intelectual.

Estamos passando por mais uma das grandes revoluções da história humana. Não só a sociedade, a política e a economia vão mudar, mas também a cultura e a maneira de viver. Como educadores, precisamos entender os processos que estão acontecendo e enxergar o mundo de outra maneira para irmos adiante.

*Coordenador do Ensino Fundamental – Anos Finais do Colégio Poliedro

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