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O movimento da Educação Bilíngue ainda enfrenta desafios de implementação no Brasil para a formação de uma educação global

Em um mundo cada vez mais conectado e globalizado, a educação bilíngue torna-se um diferencial para vida profissional, à medida que amplia as possibilidades de conectar-se a novas culturas e estimula a comunicação integrada. Mas o movimento bilingue nas escolas precisa de apoio para ganhar força no país. E esse incentivo pode ser obtido por meio do apoio de organizações do ensino superior.

Para Letícia Lyle, cofundadora da Cloe, plataforma de aprendizagem ativa que promove o ensino bilíngue, e também da Camino School, a saída está na formação de cursos pedagógicos e no fornecimento de material contextualizado para a área.

“É muito importante para o Brasil fazer um movimento de implementação de escolas bilíngues e, para isso, é fundamental o apoio de fornecedores de conteúdo para suprir o déficit de experiência do professor em sala de aula e para oferecer um material atualizado que traga uma contextualização histórica. Precisamos fortalecer todo o mercado para darmos conta da legislação e dessa mudança”, afirmou Letícia, durante participação no evento Educa Week, realizado em outubro.

Na ocasião, Leticia Lyle participou do painel “Escolas bilíngues, escolas internacionais e a translinguagem. Quais as perspectivas e quais metodologias estão sendo discutidas para uma educação global?” ao lado de Júlio Cesar Ferreira, coordenador da Aubrick Escola Bilíngue Multicultural, Liamara Salamani, assessora de linguagem na Red House International School, e Kevin Sorger, diretor da Kindy Escola Americana e presidente da OEBi. Durante a conversa, os convidados discorrem sobre o processo de implementação do ensino bilíngue nas escolas. De acordo com Letícia, existe um processo de adaptação cultural complexo.

“Precisamos reconhecer a existência de diversas linguagens. Não podemos esquecer que, nesse conceito de bilinguismo, temos libras, temos as linguagens indígenas e também temos as escolas que focam no desenvolvimento de outros idiomas, como o alemão ou japonês, por exemplo. Por isso, o maior desafio é o cultural”, explicou a especialista.

Educação bilíngue promove aprendizado do idioma e relação cultural

Um programa bilíngue reúne um conjunto de métodos educacionais em que o ensino de uma língua estrangeira é inserido nas aulas de outras disciplinas, transformando-se em um recurso pedagógico. A língua escolhida para ser inserida nesse tipo de programa é geralmente o inglês, pois é uma das línguas mais faladas no mundo. Para Júlio César, da Escola Bilíngue Multicultural, mais do que o aprendizado de outro idioma, a escola deve promover as relações culturais.

“A educação global é aquela que tira o aluno da zona de conforto e o estimula a se aventurar, a desenvolver projetos individuais e coletivos que trazem a oportunidade de criar. O ensino deve formar o indivíduo com o olhar aberto aos problemas do mundo, sob o princípio dos valores democráticos e a noção de cidadania”, explicou o coordenador.

Um fator que dificulta a implementação do bilinguismo nas escolas é a falta de professores com esta formação específica. Segundo um estudo da Education First, em 2018, entre 88 países, o Brasil ficou na 53º posição em proficiência em inglês: “No Brasil faltam professores com formação específica. Temos poucos cursos superiores na área e, a formação em pedagogia bilíngue grande parte acontece em EAD. É necessário fortalecer todo o mercado para darmos conta dessa mudança”, disse .

Nessa perspectiva, além da formação especializada, os convidados enfatizaram a importância do planejamento pedagógico e da troca mútua de experiências e conhecimentos entre os educadores para que haja um espaço de fomento ao multiculturalismo e para grupos de apoio voltados a professores que não possuem nível de proficiência nativo.

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