Encontro em Recife reuniu 2,2 mil educadores e trouxe reflexões sobre inteligência artificial, saúde mental e futuro da aprendizagem
A Jornada Bett Nordeste 2025, realizada no Recife, nos dias 26 e 27 de agosto, consolidou-se como um dos maiores eventos educacionais da região. O evento reuniu 2,2 mil participantes em dois dias de intensa programação. Com mais de 60 palestrantes nacionais e internacionais, 40 empresas expositoras e 20 horas de conteúdo, trouxe reflexões sobre inovação, inclusão, inteligência artificial e saúde socioemocional.
Promovida pela Bett Brasil em parceria com o Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco (Sinepe-PE), a edição reuniu gestores, professores e especialistas em torno de quatro trilhas temáticas — Consciência, Criação, Cuidado e Convivência — que abriram espaço para debates práticos e inspiradores.
Para Adriana Martinelli, diretora de conteúdo da Bett Brasil, a Jornada cumpre um papel de conexão essencial entre escolas, redes públicas e privadas e o setor de inovação. Ela destacou que o encontro amplia as oportunidades de diálogo e aproxima soluções que impactam diretamente a educação.
“O evento é uma oportunidade de conectar profissionais, promover debates e apresentar soluções que impactam diretamente a educação. Essa jornada acontece justamente para que a gente consiga colocar as pessoas em contato, fazer conexões, aprendizagens, trazer inovação e novos debates”, afirmou.
Ao longo da programação, os temas mais discutidos incluíram educação midiática, conectividade e equidade digital, protagonismo estudantil, inteligência artificial aplicada ao ensino, saúde mental e inclusão. O evento também reforçou o papel estratégico do Nordeste como polo de inovação e intercâmbio de experiências para o futuro da educação brasileira. A Jornada Bett Nordeste 2026 já tem data marcada: 19 e 20 de agosto.




Primeiro dia: inovação, protagonismo e novas metodologias
A abertura oficial reuniu lideranças educacionais para refletir sobre a necessidade de práticas pedagógicas capazes de preparar os estudantes para um futuro em constante transformação. O painel inaugural, “Uma Nova Aprendizagem para Construir Futuros Regenerativos”, chamou atenção para a importância da colaboração entre redes e do desenvolvimento de competências digitais e socioemocionais.
Entre os destaques da programação, a trilha Consciência abordou a alfabetização digital e a educação midiática como competências essenciais para formar cidadãos críticos diante da avalanche de informações. O painel reuniu a diretora pedagógica da Somos Educação, Tania Fontolan, e a coordenadora geral de Educação Midiática da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Mariana Filizola.
A discussão reforçou que, de agora em diante, essas práticas devem ser incorporadas de forma contínua ao longo da educação básica. “Se nós estamos preparando os nossos alunos para 2035 ou 2040, precisamos incorporar alfabetização digital e educação mediática nos nossos currículos. De maneira orgânica, permanente e com regularidade ao longo dos 14 anos da educação básica”, afirmou Tania.
“A educação midiática não é mais um diferencial. Mas é uma competência essencial para formar cidadãos conscientes, capazes de lidar com os desafios da era da informação”, destacou Mariana Filizola.
Na trilha Criação, o tema central foi a conectividade como fator de equidade. O debate “Tecnologia para todos” reuniu o diretor de Tecnologia e Inovação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Delson Silva, e Leo Gmeiner (School Guardian).
Os especialistas enfatizaram a urgência de políticas públicas que transformem a infraestrutura digital em oportunidades reais de aprendizagem, evitando que a falta de acesso aprofunde desigualdades. “A meta é garantir que a conectividade seja usada com intencionalidade pedagógica, elevando a qualidade da educação”, afirmou Silva.
O primeiro dia foi encerrado com a palestra internacional de Xavier Aragay. O presidente da Reimagine Education apresentou experiências e metodologias inovadoras voltadas à transformação educacional em um século marcado pela disrupção tecnológica.
“As transformações serão profundas. Precisamos liderar essa mudança educacional. Enfrentar desafios e pressões. Apoiar professores e famílias, de agora em diante, para então promover experiências inovadoras que tornem a educação das novas gerações uma realidade neste século de mudanças constantes e disruptivas”, afirmou Aragay.



Segundo dia: saúde mental, IA e práticas inclusivas
O segundo dia trouxe discussões fundamentais sobre bem-estar e futuro da aprendizagem. O painel sobre saúde socioemocional destacou a importância de estratégias que incluam escuta ativa, empatia e acolhimento como parte do cotidiano escolar. Os palestrantes — o médico, educador, escritor e apresentador de televisão Jairo Bouer, e a psicóloga do Colégio Apoio e professora na Faculdade Pernambucana de Saúde, Rafaella Cursino — reforçaram que a saúde mental é, antes de tudo, condição para a aprendizagem.
“A gente dedica muito tempo à aparência, mas pouco às nossas emoções. Quantas vezes você para e se pergunta: como eu estou hoje? Se eu estou mal, há quantos dias eu estou mal e por quê? Esse é o primeiro passo para cuidar da saúde mental”, ressaltou Bauer.
Em outra sessão, pesquisadores e gestores discutiram os desafios de criar ambientes escolares verdadeiramente acolhedores, capazes de apoiar tanto alunos quanto educadores. O alerta foi, principalmente, de que sem cuidar dos profissionais não é possível sustentar uma educação de qualidade.
Na trilha Consciência, o “Case Piauí” apresentou avanços em robótica, conectividade e cursos digitais. Os especialistas em inovação debateram os impactos da inteligência artificial nos currículos e nas práticas pedagógicas. E a palestra “Será que a educação pública JÁ PERDEU a onda da Inteligência Artificial?”, trouxe reflexões sobre como a IA está impactando a educação. O painel abordou os caminhos a serem seguidos para que, sobretudo, as escolas públicas não fiquem para trás.
“A adoção da IA exige intencionalidade pedagógica, formação docente e mudanças profundas na forma de ensinar e aprender. Isso é para que as escolas preparem os alunos tanto para avaliações tradicionais quanto para o mercado de trabalho”, destacou o coordenador de Inovação e professor da Proz Educação/UFPE, Luciano Meira. Ficou evidente, dessa maneira, que a adoção da IA exige intencionalidade, formação docente e revisão de métodos avaliativos.
A programação ainda reforçou o valor da inclusão com o painel “Cabe todo mundo no mundo”. A plestra emocionou o público ao trazer relatos sobre respeito às diferenças e valorização de potencialidades. No encerramento, uma palestra sobre educação financeira mostrou como o ensino de finanças pode se tornar lúdico e conectado ao cotidiano dos estudantes.










