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Especialistas e parceiros da Geekie falam sobre a questão da necessidade de adequação das avaliações no ensino remoto

A pesquisa Vozes Docentes — realizada recentemente com 8.786 professores de 87 municípios brasileiros — registrou que 98% dos educadores têm dificuldade em realizar avaliações no ensino remoto. Entre os entrevistados, 27% relataram que o seu município não promove avaliações diagnósticas estruturadas para identificar lacunas de aprendizagem. O tema tornou-se relevante e recorrente nas discussões entre educadores e responsáveis. O mapeamento é uma iniciativa da rede Conectando Saberes, apoiada pela Fundação Lemann.

A necessidade imposta de se manter aulas online tem demandado dos educadores a criação de novas maneiras de avaliação e pode ser uma oportunidade de transformação das formas avaliativas em sala de aula. E, de acordo com especialistas da Geekie — edtech que é referência no ensino em educação com apoio de inovação e tecnologia com intencionalidade pedagógica –, o ensino a distância não é um impeditivo para o docente realizar avaliações.

“Não falo da perspectiva convencional baseada em examinar o processo final de ensino-aprendizagem por meio de uma prova, mas de uma prática avaliativa que ocorre durante o processo. Ou seja, em diferentes etapas e com propósitos distintos. Nesse contexto, as evidências de aprendizagem coletadas durante as dinâmicas educacionais permitem aos professores tornar visível o real aprendizado – são dados coletados que direcionam as decisões pedagógicas e facilitam esse processo de avaliação, mesmo a distância”, disse Camila Karino, diretora pedagógica da Geekie.

Ainda de acordo com a diretora, para garantir que o processo avaliativo ocorra de forma integral é importante que sejam avaliados três elementos do processo de aprendizagem:

  • participação (engajamento e colaboração)
  • desenvolvimento (acompanhamento da evolução da aprendizagem: a avaliação formativa)
  • resultado
Por onde começar a mudar aS avaliaçÕES no ensino remoto

Mas como avaliar a participação do estudante a distância? Essa tarefa se refere à possibilidade de o educador observar comportamentos e atitudes que os estudantes demonstram durante todo o percurso da aprendizagem. Essa análise é realmente importante, pois transmite ao aluno a noção do quão valorizado é o engajamento dele — revelado por uma atitude aberta à mentalidade de crescimento (em substituição a uma mentalidade mais fixa) e de aprendizado contínuo. Essa assimilação é essencial porque substitui a concepção negativa de que avaliar é somente comprovar o domínio do conteúdo ao final do processo.

De acordo com especialistas da Geekie, esse olhar mais amplo e valorizando a jornada mostra a coerência dos projetos pedagógicos que buscam desenvolver habilidades como empatia e colaboração. Na análise, itens como a entrega de atividades no prazo estipulado; presença e interações nos momentos síncronos; interação nos encontros virtuais; e colaboração com membros da turma são indicadores a serem utilizados pelos professores.

Investir nessa forma de pensar é ter um ciclo mais completo do impacto da educação. Um ponto importante é que esse processo seja claramente apresentado ao aluno. Todo processo avaliativo precisa ser transparente, inclusive para fortalecer a autonomia e as escolhas dos alunos. Muitas escolas utilizam a rubrica como suporte para a avaliação da participação, é realmente um bom instrumento.

Para medir o desenvolvimento da aprendizagem, segundo tópico apontado pela equipe de especialistas da Geekie, o professor precisa estar atento às devolutivas claras dos alunos que possam gerar as evidências do domínio de assuntos e do desenvolvimento de habilidades. Ou seja, no progresso do estudante. Essa forma possibilita uma análise da evolução da aprendizagem em diferentes momentos e por múltiplas estratégias do docente, direcionando cada ação. Mostra para o estudante o quanto o processo é importante para o resultado.

“Nessa seara, uma maneira eficiente de avaliar é analisar o desempenho da turma nas atividades; os resultados individuais dos estudantes em exercícios; além disso, é importante conceber que as evidências estão no dia a dia em todas as interações que realizamos com os estudantes, em uma discussão realizada em sala de aula ou numa reflexão ao final de um capítulo. Um bom instrumento que permite um registro contínuo do desenvolvimento é os portfólios”, salientou Camila Karino.

A função é gerar para o professor (mediador e tutor do conhecimento) evidências da assimilação da evolução -– o pensamento do estudante fica visível para o educador. Quanto mais o docente registra essas evidências, melhores serão a sua tomada de decisão e sua ação pedagógica. Assim, quando a escola consegue se apropriar e ter o domínio dessas informações, o processo de ensino-aprendizagem se torna mais eficiente. Além disso, prover essa mesma visibilidade para as famílias dará segurança de que o processo de aprendizagem está preservado, mesmo diante de um momento tão desafiador como o que estamos vivendo.

Parceiros da Geekie compartilham suas experiências

Com a experiência de atender mais de 250 escolas brasileiras, especialistas da Geekie  apontam quais são as formas de realizar avaliações no ensino reoto por meio das evidênciasde aprendizagem. Gestores dos colégios Camilo Toscano (Rio Grande do Norte) e Saber Viver (Recife), parceiros da Geekie, revelam como reformularam a maneira de avaliar os alunos. Alena Nobre, diretora pedagógica do Colégio Saber Viver, no Recife, Pernambuco, disse que a avaliação formativa ganhou destaque.

“A pandemia fez com que os modelos de avaliação se modificassem. Na angústia do processo de adaptação à educação online, passamos a nos questionar para que servia a avaliação, ou seja, iniciamos uma reflexão para além do objetivo de ter notas para ser aprovado ao final do ano. E, os pais se aproximaram muito dos educadores nesse questionamento. Com o apoio da Geekie, no nosso colégio, a avaliação processual (formativa ou contínua) ganhou mais força”, afirmou a educadora.

Leonardo Toscano, mantenedor do Colégio Camilo Toscano, da cidade de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, concordou com Alena. “Durante muitos anos, o modelo tradicional foi seguido por conta dos vestibulares. Agora, vemos que a escola passa a ter uma avaliação continuada. Ou seja, não precisa ter um momento de avaliação, pois podemos avaliar em todas as horas. Cada vez que um aluno traz o próprio ponto de vista, temos uma oportunidade de avaliá-lo.”

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