Plataforma lançada pelo Semesp reúne dados estratégicos sobre a educação a distância no Brasil e apoia decisões de gestores e líderes educacionais
O Semesp apresentou, em evento realizado na ESPM Tech, no dia 26 de agosto, em São Paulo, o Observatório EAD Semesp, espaço que pretende preencher a lacuna existente entre regulação e prática no ensino a distância. A iniciativa nasce como desdobramento do Grupo de Trabalho de EAD do Semesp e foi anunciada durante o encontro Desafios do Decreto EAD: Uso das tecnologias e engajamento pedagógico.
Segundo Luciana Maia Campos Machado, coordenadora da Rede de EAD do Semesp, 70% dos cursos atuais utilizam modelos assíncronos, com baixa exigência de interação. Para ela, esse dado reforça a necessidade de adaptação. “As instituições que alcançam melhores resultados são as que investem em monitoramento consistente, com foco em engajamento e desempenho acadêmico”, afirmou.
O Observatório terá como funções realizar pesquisas, produzir relatórios técnicos, promover seminários e articular parcerias. A primeira entrega já foi definida: a Pesquisa de Mediação Pedagógica na EAD: Diagnóstico e Perspectivas até 2027 está disponível para acesso de respondentes.
Na abertura do evento, a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Marta Abramo, destacou a relevância da iniciativa. “Publicar decretos não é suficiente. O grande desafio é implementar políticas públicas e acompanhar sua aplicação na prática”, disse.
Abramo ressaltou ainda que Brasília não consegue enxergar todas as realidades. Por isso, o Observatório se torna um espaço estratégico para fornecer insumos técnicos que ajudem a aprimorar a regulação e apoiar gestores em suas decisões.

Especialistas discutem impactos das mudanças da EAD (Foto: Leandro Felix/Semesp)
Novo marco regulatório e seus impactos
O encontro também abriu espaço para especialistas analisarem os efeitos do novo decreto da EAD. Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, e Carlos Longo, diretor da ABED, avaliaram que o marco representa uma oportunidade de reorganizar o modelo acadêmico.
Segundo Longo, até 2027 haverá redução no número de polos, aumento do ticket médio e maior relevância para instituições regionais. Ele ressaltou ainda que o cenário exige revisão das matrizes curriculares e maior controle de custos.
Capelato destacou que a expansão acelerada da EAD, sustentada por modelos de baixo custo, comprometeu a qualidade e manteve índices de evasão elevados. “O novo marco é chance de corrigir esse percurso e fortalecer a percepção de valor da modalidade na sociedade”, afirmou.
Outro ponto central do debate foi o papel do mediador pedagógico. Para Daniel de Aquino Ximenes, diretor do MEC, essa figura é a chave para garantir interação e acompanhamento próximo. “Autonomia não é abandono. O mediador é peça fundamental para que o aluno se sinta apoiado e para que a avaliação de qualidade seja consistente”, destacou.
O professor Sérgio Franco, da UFRGS, reforçou que a mediação é o cerne do processo formativo. Para ele, a crescente complexidade dos cursos exige clareza sobre os papéis de docentes e mediadores. “Educar vai além de transmitir conteúdo. É formar sujeitos preparados para contextos reais e complexos”, afirmou.










