Na Coluna Edtechs de novembro, Leonardo Libman traz um panorama do Open Education, que revolucionará os conteúdos educacionais
Você já parou para refletir sobre seus primeiros desenhos, pinturas e esboço de letras no papel durante os anos iniciais no infantil?
No início da vida escolar, quando aprendemos a socializar com o amiguinho, a compartilhar brinquedos, somos impulsionados a realizar nossas primeiras atividades manuais de corte e colagem, desenvolvemos rabiscos que se transformam em obras de arte aos olhos dos pais.
Ao final do semestre, nossos pequeninos alunos chegam em casa com uma pasta de plástico lotada de trabalhinhos desenvolvidos dia após dia. Mas será que os pais entendem efetivamente o propósito ou a mensagem de todos esses papéis coloridos?
Pense durante quanto tempo guardamos esses incontáveis registros. Provavelmente, você, nosso leitor, não tem atualmente nenhuma evidência desta fase de seu aprendizado.
Reflita comigo.
Onde foram parar aquelas maquetes da feira de ciência que, com tanto esforço e afinco você construiu? Provavelmente estas maquetes ficaram em cima de armários, pegando poeira durante alguns meses e depois invariavelmente sumiram de sua casa. Lixo.
Ao longo de nossa vida, eliminamos quase todos os testemunhos de nossas provas, testes e boletins.
Dos anos de escola, guardo com carinho algumas poucas fotos, um único boletim, o certificado de conclusão e incontáveis memórias. Boas histórias e muita amizade.
E se pudéssemos registrar e armazenar todas as nossas atividades escolares através da tecnologia? E se tivéssemos durante toda a vida uma plataforma na qual pudéssemos incluir toda construção educacional ao longo de anos?
Imagine podermos mostrar aos nossos netos, num futuro próximo, todo nosso currículo e desenvolvimento escolar de forma atemporal.
Sim, isso é possível.
Da mesma forma como vimos nos últimos anos o fenômeno do Open Banking, que resumidamente transformou o usuário do mercado financeiro em dono de sua própria informação, estamos iniciando a era do Open Education, onde haverá a revolução na criação, armazenamento, compartilhamento e disseminação de conteúdos educacionais produzido pelo aluno em seu ciclo educacional.
Este movimento do Open Education, ainda tímido no Brasil, pois nossos órgãos reguladores são extremamente cartesianos, necessita ser chancelado e impulsionado para que tenhamos mais tecnologia, transparência, maior agilidade no trânsito de dados curriculares e uma visibilidade integral sobre elementos da construção do histórico do estudante.
Assim como no mundo financeiro o usuário tem um ativo nas mãos com seu histórico de relacionamento bancário, na educação do futuro, o portfólio construído em mais de dez mil horas de dedicação escolar, também será um recurso não só mensurado por notas do vestibular.
Será que assim conseguiremos finalmente permitir uma análise mais profunda acerca das múltiplas inteligências do ser humano? Tomemos como exemplo a Teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, será que com um portfólio digital que registra os pontos altos desta carga horária tão intensa conseguirá mensurar o quão cinestésico, lógico, linguístico, espacial, musical, intra e interpessoal e naturalista é o aluno?
Associe essa capacidade a um processo de construção vocacional que tenha condições de identificar o interesse mais genuíno durante seu desenvolvimento e descoberta do mundo profissional, desta forma teremos uma sociedade feliz profissionalmente.
Será que esta mudança impacta nosso futuro?