Skip to main content

Competição global de pensamento computacional cresce no Brasil e reforça o letramento digital como pilar estratégico da educação

O Brasil vem consolidando sua presença em iniciativas globais de letramento digital. Um exemplo é o Desafio Bebras, olimpíada internacional de pensamento computacional criada na Lituânia em 2004 e que, em apenas três anos no país, já cresceu mais de 200%. A competição saltou de 8,2 mil inscritos em 2022 para 25 mil participantes em 2024, e prepara-se agora para sua 4ª edição, com expectativa de expansão ainda maior.

Voltado a estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, o desafio é realizado simultaneamente em 80 países e busca desenvolver, de maneira lúdica, habilidades centrais para a vida digital e profissional. Em escala global, já mobiliza quase 4 milhões de alunos por ano.

O pensamento computacional, base da proposta, é considerado por especialistas tão essencial quanto a alfabetização em letras e números no início do século XX. Dividir problemas, identificar padrões e criar estratégias são competências que vão além da tecnologia e impactam a forma de aprender, interagir e resolver questões complexas.

Segundo Cristina Diaz, CEO da UpMat Educacional — edtech responsável pela organização no Brasil —, não é necessário conhecimento prévio em computação para participar. “O Bebras estimula o raciocínio lógico, a criatividade e a construção de soluções, sem depender de equipamentos ou pré-requisitos técnicos”, disse.

Educação digital no centro da agenda global

A crescente relevância do Desafio Bebras conecta-se a movimentos mais amplos. A OCDE incluiu, já em 2025, questões de pensamento computacional no PISA, ao lado de leitura, matemática e ciências. O Fórum Econômico Mundial também aponta a competência como decisiva para as profissões emergentes ligadas a dados, inteligência artificial, cibersegurança e engenharia de software.

No Brasil, diretrizes complementares à BNCC definiram em 2022 a Educação Digital em três eixos: Pensamento Computacional, Mundo Digital e Cultura Digital. A meta é formar cidadãos capazes de resolver problemas de forma sistemática, criativa e crítica, preparados para atuar como agentes de transformação.

Para Cristina Diaz, esse é um ponto estratégico. “O Brasil está entre os países que mais utilizam redes sociais, mas também entre os que mais sofrem com problemas de saúde mental pelo uso excessivo de telas e com ataques cibernéticos. Avançar na educação digital é urgente”, destacou.

Brasil no mapa das olimpíadas acadêmicas

Em 2024, países como França, Alemanha, Reino Unido e República Tcheca somaram quase metade dos participantes globais do Bebras, com centenas de milhares de inscritos cada. O Brasil, com um universo potencial de 34 milhões de estudantes do Fundamental e Médio, ainda tem amplo espaço para crescer.

A inserção do Desafio Bebras como atividade extracurricular ou complementar ao currículo ajuda escolas públicas e privadas a integrar o pensamento computacional de forma prática, oferecendo aos alunos contato com desafios globais. O modelo também aproxima gestores e educadores de métricas comparativas internacionais e de relatórios sobre o desenvolvimento de competências.

As inscrições para a edição de 2025 estão abertas até 24 de setembro, sem limite de alunos por escola. A competição será realizada em outubro. As participações devem ser efetuadas neste site.

A UpMat, responsável pela iniciativa no Brasil, também organiza o Concurso Internacional Canguru de Matemática e a Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira, reforçando o papel das competições acadêmicas como instrumentos de engajamento e inovação pedagógica.

O avanço do Bebras no Brasil sinaliza não apenas a adesão crescente das escolas, mas uma mudança cultural: formar estudantes preparados para os desafios digitais e gestores atentos a integrar habilidades essenciais do século 21 no cotidiano escolar.

Compartilhe: