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Realizada com apoio da Unicef e do Itaú Social, pesquisa da Undime detalha dificuldades de 2020 e os desafios na volta às aulas em 2021

Nem resistência ao digital, nem problemas de adaptação ao ensino remoto emergencial. O acesso à internet e a infraestrutura escolar precária foram os maiores desafios das redes municipais de educação em 2020. A conclusão é de uma pesquisa recém-divulgada, feita pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com apoio de Itaú Social e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

O estudo ouviu 3.672 municípios para entender como foi o ano letivo de 2020 e quais foram as estratégias de ensino não presenciais adotadas. Neste momento, a maioria das redes discute protocolos sanitários e as aulas estão recomeçando de forma não presencial. O levantamento aborda a preparação e planejamento para o ano letivo de 2021 — como foram e como estão sendo feitas as estratégias de formação de profissionais e de protocolos de segurança, bem como as principais dificuldades enfrentadas pelas secretarias municipais de educação neste momento.

A consulta apurou que pouco mais da metade dos municípios respondentes (53%) iniciaram novas gestões a partir de 2021. Para o presidente da Undime, Luiz Miguel Martins Garcia, dirigente Municipal de Educação de Sud Mennucci/ SP, o levantamento realizado vai pautar a discussão e a implementação de programas e políticas públicas.

“Sabemos que em 2021 e nos anos seguintes a educação básica pública enfrentará muitos desafios adicionais com a retomada das aulas presenciais, devido às mudanças impostas pelo enfrentamento à pandemia da covid-19. Os municípios necessitarão de várias ações, como: implementação de protocolos sanitários e de segurança; elaboração e aplicação de protocolos pedagógicos; investimentos em infraestrutura; capacitação dos profissionais da educação com atividades pedagógicas locais e em regime de colaboração”, disse o presidente da Undime.

As dificuldades da educação em 2020 devem perdurar em 2021

A maioria das secretarias afirmou que o maior desafio de 2020 foi com o acesso de estudantes à internet – 78,6% das redes respondentes identificaram um grau de dificuldade de médio a alto nesse quesito. A constatação reforça a importância de ampliar a conectividade no país por meio de, entre outras ações, a sanção do Projeto de Lei 3447/2020.

Ítalo Dutra, chefe de Educação do Unicef no Brasil., enfatizou que durante o ano de 2020, mais de 5,5 milhões de estudantes no Brasil não tiveram atividades escolares. Muitos tiveram acesso limitado, em especial os mais vulneráveis. Segundo o especialista, uma das razões é a falta de acesso à internet, que contribui para a perda do vínculo com a escola e, consequentemente, a exclusão escolar.

 

“Neste momento, é essencial realizar todos os esforços para reabrir as escolas em segurança e mantê-las abertas. Mesmo que não seja possível aulas presenciais por conta do agravamento da pandemia, a escola aberta é um espaço de acolhimento em que estudantes e famílias podem buscar atividades, acessar a internet e manter a aprendizagem. Além disso, é preciso investir para ampliar o acesso à internet e ir atrás de cada criança e adolescente que não conseguiu seguir aprendendo”, disse Dutra.

Além da internet, outras dificuldades foram apontadas pelas redes como adequação da infraestrutura das escolas públicas municipais; planejamento pedagógico; acesso dos professores à internet; formação dos profissionais e trabalhadores em educação; e, por fim, a reorganização do calendário letivo 2020 e 2021, que aparece como a menor das dificuldades.

Confira os principais dados coletados pela pesquisa da Unidme

Essa é a quarta fase da pesquisa realizada pela Undime desde o início da pandemia, em abril de 2020. O objetivo é entender como as redes municipais de educação estão se organizando, nesse período, com as atividades educacionais. No estudo atual, as respostas foram coletadas entre os dias 29 de janeiro a 21 de fevereiro de 2021 e teve a participação de 3.672 redes, responsáveis por 66,9% do total de municípios do país, o que representa duas em cada três redes municipais de educação.

“Cada estado e seus municípios devem levar em consideração a situação da pandemia em seus territórios para decidir quando e de que maneira se dará a volta às aulas presenciais. Enquanto não houver um número suficiente de vacinas para todos, precisamos confiar no ensino remoto como uma estratégia de suporte importante, mas sem negligenciar uma proposta de retorno gradual às atividades presenciais”, declarou Patricia Mota Guedes, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social.

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As aulas estão sendo retomadas na maioria das redes entre os meses de janeiro e março

  • 63,3% das redes planejaram começar o ano letivo de forma remota
  • 26,3% pretendem iniciar de forma híbrida
  • 3,8% de forma presencial
  • 6,6% ainda não definiu

Com relação aos protocolos de segurança sanitária, 33,9% das redes já os concluíram, 59,6% estão em processo de discussão e 6,5% ainda não iniciaram esse processo. Já os protocolos pedagógicos para a volta às aulas presenciais estão sendo discutidos por 70,4% das redes, já foram concluídos em 22,7% delas e não foram iniciados em 6,9%.

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