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Desafio para muitos gestores, a retomada presencial tornou-se um momento de recuperar as aprendizagens. Mas será que é preciso deixar as emoções de lado nessa hora?

O retorno presencial ao cenário escolar após o período de isolamento causado pela pandemia trouxe dificuldades que ainda são sentidas nas escolas, especialmente em relação às aprendizagens e ao comportamento dos estudantes. Muitos gestores e professores notam que os hábitos dos jovens estão diferentes e que eles estão cada vez mais ansiosos, agitados https://bit.ly/3QjdMf2 e até mais dependentes dos celulares e do computador.

Para Daniel Henrique Moraes, consultor pedagógico do programa LIV – Laboratório Inteligência de Vida, é importante entender que todo esse contexto de novos hábitos que veio com o isolamento social faz parte de um momento relevante na vida do aluno e precisa ser compreendido com múltiplos olhares.

“É claro que, quando nós retornamos para uma prática presencial, esses hábitos, como aumento no tempo de uso de telas, relações sociais mais distantes, a diferença entre assistir a aula de casa e, agora, fazer provas novamente de maneira presencial também vão estar presentes. Nós vamos encontrar dificuldade tanto na relação entre o espaço da escola e o espaço de casa quanto sentimentos que vão aflorando ao longo dessas experiências que foram deixadas de lado durante o período de isolamento social. Isso acontece, por exemplo, em um momento de prova no qual o estudante pode apresentar sintomas de ansiedade por precisar, agora, fazer a atividade dentro do modelo presencial.”

Ouça mais sobre esse tema na entrevista em áudio a seguir!

O papel dos gestores escolares para recuperar as aprendizagens

Na entrevista, Daniel destaca que, quando nós pensamos o contexto da pandemia, somos levados a refletir sobre o papel dos dois atores que são mais evidentes: os alunos e os professores. Mas os gestores escolares também ocupam um papel central na construção desse espaço, porque são eles que vão dialogar com as necessidades e as expectativas das famílias em torno da escola e, principalmente, em como a família vai perceber a evolução da construção do conhecimento da criança e do adolescente.

Nesse cenário, ele diz que é preciso lidar com a expectativa dos adultos, mas também olhar para as necessidades dos mais jovens. “As famílias estão preocupadas e os estudantes estão ansiosos, principalmente para atender essas expectativas que são depositadas em torno deles. Os gestores funcionam como um mediador dessas realidades diferentes”.

Por isso, continua o especialista, “também é importante que o gestor esteja atento para suas necessidades e aqueles aspectos que são levantados para sua relação com a escola, para que ele também consiga desenvolver ferramentas que serão importantes e que façam sentido para sua comunidade escolar”, afirma.

Quando António Nóvoa, um importante educador português contemporâneo, reflete o contexto da pandemia na escola, ele traz uma frase bem interessante, que diz: “Nada é novo, mas tudo está diferente”. Nesse sentido, Daniel diz que os gestores foram os primeiros a perceber as transformações que estavam acontecendo na escola, por isso é importante que eles se vejam como mediadores de todo esse processo.

“O gestor não precisa ter as respostas para tudo aquilo que está acontecendo na escola, mas é preciso mediar esses saberes diferentes e dividir esse peso da construção do espaço do conhecimento. Dividir esse peso com o estudante, que pode ser convidado sempre a entender a importância de todos os processos que ele passa dentro da escola e de todos os caminhos que ele percorre. E com o professor na sua vivência e as famílias em suas expectativas, porque é uma tarefa que o gestor também vivencia de forma conjunta”, completa.

Emoções em foco na escola

Por mais que exista a necessidade de recuperar conteúdos, é extremamente necessário que as escolas compreendam o impacto socioemocional acarretado por dois anos de aulas virtuais ou em formato híbrido. Afinal, nós, como adultos, vivenciamos isso à nossa maneira, através do nosso trabalho e nossas relações sociais. Sabemos como é ser adulto em um contexto de isolamento social e de pandemia. Mas só o estudante sabe como foi sua vivência.

“Nós não colocamos máscara para frequentar as salas de aulas em nossa época, mas as crianças e os adolescentes de hoje em dia, enquanto estudantes, vivenciaram essa experiência. Por isso é importante a gente também conseguir entender essas demandas e os conteúdos que são cobrados ao longo desse tempo. Eles não deixam o aspecto socioemocional fora da mochila. Eles levam todas essas questões para dentro da escola”, pondera o consultor pedagógico do LIV.

Ainda que a criança e o adolescente normalmente sejam vistos como seres em transição, eles também vivenciam essas experiências de acordo com a sua faixa etária e o momento de desenvolvimento da sua vida, como explica Daniel:

“Se nós utilizamos como exemplo uma criança de 7 anos de idade, nós podemos perceber que o início dessa pandemia começou por volta dos 5 anos da criança. Proporcionalmente, a pandemia ocupou um espaço muito maior na vivência dela do que para um adulto. Essa experiência vai ser levada também em sala de aula”.

Por isso é importante entender a criança e o adolescente não apenas como seres em transição, mas como um ser que está vivenciando essas experiências de mundo. Nós aprendemos através dos sentimentos e é através deles que nos relacionamos com o mundo.

Ter um programa socioemocional contribui para recuperar as aprendizagens

Trazer os aspectos socioemocionais para a experiência de aprendizagem escolar é uma indicação das práticas de educação integral incentivadas em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Segundo o consultor pedagógico do LIV, esses aspectos também estão relacionados com o processo de verificação da aprendizagem, seja ele através da prova, da vivência, das atividades ou de qualquer forma que a escola estabeleça para avaliar os conteúdos que foram ministrados em sala de aula.

“Quem nunca fez uma prova em um dia que não estava tão bem porque brigou com alguém da família ou brigou com algum amigo e naquele dia acabou tirando uma nota baixa no teste? Quando nós olhamos para todo esse período de pandemia, nós podemos perceber que as vivências foram caracterizadas por experiências marcantes. Por isso, é importante que nós tenhamos um olhar atento para o estudante”, pondera.

Esse olhar atento é um dos pontos centrais do programa LIV. “O Laboratório Inteligência de Vida é um laboratório diferente dos outros. Nele não vai haver um tubo de ensaio, um microscópio para o aluno olhar alguma coisa ou procurar através de uma lâmina o sentido daquilo que está estudando. O laboratório é a própria vida, é a vivência, aquilo que ele carrega consigo, das experiências, do seu ato de experimentar o mundo”, explica.

O LIV entende a escola como um lugar de falar sobre sentimentos e emoções, porque isso é significativo para a experiência da vivência do estudante e também para suas aprendizagens. “Podemos compreender como aprendemos sentindo o mundo. O sentimento estabelece relações e elas são importantes para o conhecimento. Por isso é preciso que a escola seja um local de escuta e de fala e que potencialize esse ambiente seguro, no qual o estudante possa falar sobre aquilo que ele está experimentando do mundo”.

O consultor do LIV conclui dizendo que, quando falamos da educação socioemocional, precisamos partir justamente do conceito de educação integral. “Todos nós sabemos que o processo de aprendizagem é contínuo e não acontece de uma hora para outra. Não existe uma fórmula mágica. Por isso, é importante que todas as escolas mantenham um canal de diálogo aberto com as famílias, com os estudantes e com os professores, para que todos eles possam construir junto as melhores alternativas que vão suprir as necessidades do momento. Cada um de nós vai sentir a experiência de mundo de uma forma diferente. Assim também é com a escola”, completa.

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