Na edição de julho da Coluna LIV, o impacto das redes sociais na vida escolar é analisado, com destaque para o papel da educação socioemocional no apoio a adolescentes no mundo digital
As redes sociais já fazem parte da rotina de praticamente todo jovem. Elas estão presentes nas conversas com os amigos, nos momentos de diversão e, não raramente, até na hora de dormir. Nesse contexto, talvez a pergunta já não seja mais apenas “permitir ou não?”, e sim “como entendê-las para ajudar os adolescentes a lidar com seus efeitos?”.
Esse mesmo questionamento tem sido levantado por muitos que assistiram à série da Netflix Adolescência. A minissérie aborda temas delicados e muitas vezes difíceis de discutir — saúde mental, relação entre pais e filhos, o papel da escola no enfrentamento do bullying e do cyberbullying… e, acima de tudo, o impacto das redes sociais.
Nos episódios, acompanhamos jovens que enfrentam dilemas profundos: o desejo de se encaixar em um grupo, a busca por sua identidade e a constante necessidade de validação.
Esses desafios não surgem isoladamente, eles podem estar conectados, por exemplo, com a convivência familiar, as vivências escolares, as expectativas da sociedade e, evidentemente, o mundo digital. Nessas plataformas, os adolescentes encontram um espaço para se conectar, mas também fomentam comparações, frustrações, inseguranças e angústias.
A saúde mental dos adolescentes: entre conexão e conflito
Hoje, as plataformas digitais permeiam o dia a dia dos estudantes e exercem influência sobre suas relações e visão de mundo. E nesse cenário, surge uma pergunta fundamental: enquanto educadores e responsáveis, estamos realmente habilitados a compreender esse universo e a oferecer o suporte necessário?
As redes sociais podem afetar a saúde mental dos alunos de várias formas, como: queda da autoestima, isolamento, alteração no sono, dificuldade de concentração ou sensação de inadequação. Nesse momento da vida, a percepção alheia tem impacto ainda maior. Os jovens começam a definir quem são, descobrindo preferências, estilos e crenças.
Na série, observamos como Jamie se sente analisado o tempo todo, tentando corresponder a expectativas que nem sempre são suas. Esse estado pode aumentar inseguranças e gerar distorções profundas na autoimagem do adolescente.
Esse cenário também ressalta a necessidade urgente de prestarmos atenção ao que se esconde por trás da tela, principalmente a pessoa com quem estamos conectados através do mundo digital. Esse cuidado exige mais do que uma escuta: requer presença verdadeira, orientação e o estabelecimento colaborativo de limites saudáveis
E como a escola pode ajudar?
Na série Adolescência, a escola do Jamie espelha situações reais que afetam as relações entre os alunos. Apesar de desejarmos que a escola seja um espaço acolhedor, a realidade é que muitas vezes o sofrimento, as disputas por pertencimento, as desigualdades, o bullying e os preconceitos também aparecem no ambiente escolar.
É nesse cenário que a educação socioemocional ganha importância: ela promove a escuta atenta, a empatia, a autorregulação e a consciência dos nossos sentimentos e do impacto que causam no outro. Não se trata apenas de transmitir conteúdos, mas de criar vivências, relações e reflexões.
No LIV, essa proposta se materializa de forma concreta: nas atividades, surgem provocações sobre identidade, pertencimento, autocuidado e conexão entre as pessoas. O objetivo não é proteger os jovens de todo tipo de dor, mas ajudá-los a dar nome ao que sentem, a compreendê-lo e a atravessar essas experiências com mais consciência e suporte.
Não precisamos de respostas prontas!
Na série Adolescência, somos lembrados de algo fundamental: os adolescentes não precisam de soluções prontas, mas de alguém que esteja realmente disposto a escutar. Quando ouvimos com atenção, sem interromper, corrigir ou apressar, criamos um espaço de confiança onde eles se sentem confortáveis para se expressar e crescer.
A escuta, porém, é só o primeiro passo. Depois vem o diálogo contínuo, acompanhar com afeto, estabelecer limites juntos e oferecer apoio presente. Como educadores, nossa missão é construir pontes, mesmo sabendo que não controlamos tudo, estar por perto e disponível já faz toda a diferença.
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Adolescência conectada e jovens desconectados: olhares sobre a juventude atual foi o tema da mesa de abertura do 6º Congresso Socioemocional LIV. Reunimos especialistas na área, como Daniel Becker e Vanessa Cavalieri, que refletiram sobre os desafios de se educar crianças e, principalmente, adolescentes diante do mundo digital.
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