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Escolas brasileiras investem em orientação acadêmica e feiras internacionais para ampliar as chances de alunos em universidades globais

O cenário da internacionalização na educação básica brasileira vive uma expansão estratégica. Cada vez mais escolas bilíngues e internacionais têm incorporado programas de orientação acadêmica e profissional para apoiar alunos que desejam ingressar em universidades no exterior. O movimento responde a uma realidade desafiadora: processos seletivos internacionais exigem muito além de boas notas, incluindo cartas de recomendação, redações pessoais, entrevistas e atividades extracurriculares.

Nesse contexto, ganha destaque a figura do counselor — profissional que atua na mediação entre o projeto de vida do estudante e as exigências do mercado educacional global. Mais do que um orientador, ele ajuda a alinhar interesses pessoais, aptidões acadêmicas e metas profissionais às oportunidades disponíveis em diferentes países. A função, já consolidada em sistemas como o norte-americano e o britânico, começa a se fortalecer também nas escolas brasileiras.

“A avaliação do jovem não pode ser apenas curricular. O papel do counselor é estimular o autoconhecimento e oferecer informações claras sobre as áreas profissionais, preparando os alunos para uma escolha mais consciente”, explicou Ana Cláudia Gomes, counselor do Brazilian International School (BIS), em São Paulo.

A preparação começa cedo: escolas como hubs de orientação

Instituições de ensino básico têm desenhado trajetórias de orientação que começam ainda na infância e se consolidam no Ensino Médio. No BIS, a prática inclui simulações de profissões, palestras com profissionais do mercado e acompanhamento contínuo. Entre 2021 e 2024, dos 72 alunos concluintes, 14 seguiram diretamente para universidades internacionais em áreas como Relações Internacionais, Psicologia e Filmmaking.

A Escola Bilíngue Aubrick, em São Paulo, também reforça a combinação entre excelência acadêmica e suporte socioemocional. Reuniões regulares com famílias e programas estruturados de autoconfiança e resiliência ajudam a preparar os jovens para enfrentar com clareza o processo de escolha. Já a Escola Internacional de Alphaville (EIA), em Barueri, destaca-se pelo índice de 95% de aprovação em universidades de prestígio, com mais de um terço dos alunos escolhendo o ensino superior no exterior.

Além de formar para os vestibulares nacionais, essas escolas ampliam repertórios com certificações como A Levels, IGCSEs e Advanced Placement (AP), fortalecendo a competitividade dos estudantes. A combinação de orientação personalizada, mentoria e programas de bem-estar consolida o ambiente escolar como hub estratégico para a internacionalização.

Panorama da mobilidade estudantil brasileira

IMAGEM

Fonte: UNESCO, ICEF Monitor, The PIE News, GSL Global, International Trade Administration e Collab International.

Feiras internacionais: ponte direta com universidades globais

Outro recurso que vem se firmando no calendário educacional são as feiras universitárias, que funcionam como espaços de conexão direta entre escolas, alunos e instituições globais. O Future Pathways Festival, por exemplo, reúne dezenas de universidades internacionais e nacionais em encontros promovidos por escolas como Aubrick, BIS e EIA.

Nesses eventos, estudantes e famílias têm contato com representantes de universidades de países como Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Itália, participando de palestras, workshops e rodas de conversa. A experiência amplia o repertório de escolhas e fortalece a confiança para enfrentar processos seletivos altamente competitivos.

Esse movimento também se estende para fora das escolas. No dia 25 de setembro, o Hotel Hilton Copacabana (RJ) recebe a Feira de Educação Internacional da CI Intercâmbio, que contará com mais de 50 universidades de 15 países. O evento gratuito permitirá contato direto com instituições estrangeiras, além de orientações sobre planejamento financeiro, bolsas de estudo e processos de visto.

Foto: divulgação

Evento “Future Pathways Festival” de 2024

Missão UK 2026: imersão no ecossistema britânico

A internacionalização não se resume a processos de aplicação ou feiras acadêmicas. Ela envolve compreender como diferentes sistemas educacionais estruturam currículos, orientam escolhas de carreira e articulam políticas de equidade no acesso ao ensino superior. Foi justamente com esse propósito que a Missão UK 2026 levará gestores brasileiros para uma imersão no ecossistema educacional britânico em janeiro.

Durante a experiência organizada pela Efígie Academy, lideranças educacionais visitarão escolas públicas e privadas, academies e centros de formação, além de dialogar com especialistas de instituições como UCL, Imperial College, Ark Schools e Microsoft Education. A proposta é oferecer não apenas referências, mas também materiais inéditos, sistematizados em white papers, que traduzem as práticas britânicas para o contexto brasileiro.

Mais do que ampliar repertório, a missão estimula conexões estratégicas entre participantes, fomentando redes de colaboração entre escolas brasileiras com realidades diversas, mas que compartilham desafios semelhantes. Esse movimento evidencia que o processo de internacionalização começa muito antes do embarque dos estudantes: ele nasce na formação e na visão de quem lidera as instituições.

Internacionalização como estratégia de futuro

O crescimento do interesse pelo ensino superior internacional entre estudantes brasileiros não se limita a uma tendência de mercado, mas reflete transformações mais amplas no campo educacional. Ao investir em counselors, programas de orientação e feiras especializadas, as escolas assumem papel ativo na construção de trajetórias globais para seus alunos.

Para gestores, trata-se de um movimento estratégico: preparar estudantes para processos seletivos internacionais fortalece a reputação institucional, amplia a atratividade no mercado educacional e consolida a escola como ponte entre realidades locais e globais.

No fim, a internacionalização não é apenas uma meta individual, mas parte de um projeto coletivo: formar cidadãos preparados para navegar em um mundo interconectado, onde competências acadêmicas e socioemocionais se entrelaçam com oportunidades de impacto global.

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