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O diretor de ensino do Pensi Colégio e Curso, Pedro Rocha, fala neste artigo para o educador21 sobre o riscos e vantagens do uso de inteligência artificial na gestão educacional

Pedro Rocha*

A inteligência artificial veio para ficar e, desde a década de 60, quando John McCarthy cunhou esse termo pensando na ciência da construção de sistemas inteligentes, ela vem impactando de forma significativa a vida das pessoas e, claro, os ambientes educacionais. É inegável que até os críticos da IA na escola já são grandes usuários e, diria, até dependentes desse tipo de tecnologia. No mundo atual, diria ser impossível não esbarrar com algum tipo de IA. Afinal, um aplicativo de rota de trânsito ou um chatbot para obter a 2ª via da fatura da conta de luz têm bastante inteligência artificial por detrás de sua operação. Ou seja, a discussão sobre IA é um debate intenso e polêmico. Resta, portanto, às escolas terem plena ciência das possibilidades, desafios e riscos na adoção dessa tecnologia no cotidiano escolar.

No campo das discussões sobre IA e educação está a perspectiva dessas inteligências automatizarem o ensino. A automatização pode ser vista de forma negativa (quando o uso da IA faz com que haja menos debate, construção e o processo de aprendizagem fica exageradamente mecanizado). Contudo, se pensada de forma pedagógica, pode ajudar a trazer agilidade para processos repetitivos, garantir personalização da aprendizagem (pensando, por exemplo, em plataformas adaptativas mediadas por IA) e trazer análises mais rápidas e completas para professores e gestores escolares. O risco da automatização é a mecanização. Um olhar atento e responsável do educador e das famílias faz com que tenhamos muitos benefícios aos estudantes.

Outro importante debate é sobre a empregabilidade e o papel do docente com as IAs. Em alguns países, pesquisas mostram que a grande maioria dos estudantes prefere estudar com algum tipo de inteligência artificial generativa (como o ChatGPT, por exemplo) ao invés de um tutor. Esse relato e outros promovem uma discussão sobre a aparente substituição de professores/tutores por formas de inteligência artificial. Vejo isso de uma forma bem distinta. Considero que jamais as máquinas irão substituir os professores no processo de ensino-aprendizagem, afinal, a IA nunca terá a mesma vivência de desenvolvimento humano, afetivo e social que, obviamente, um professor pode ter.

Os sistemas inteligentes podem ser mais ágeis e guardar mais informações que um ser humano, mas nunca terão, obviamente, a experiência humana. Por sua vez, estamos em um momento da educação no qual é imperioso pensar em um processo educacional aluno-centrado, e não professor-centrado (como ocorre desde os jesuítas). Vejo, portanto, que a IA vai impulsionar o professor para este lugar: não o centro da aprendizagem, mas um modus operandi de orientador na busca por conhecimento (ainda que esse venha de uma inteligência artificial).

Por fim, é fundamental que as escolas sejam espaços para tratar sobre cidadania digital, educação midiática e certos cuidados no uso de sistemas de IA. É basilar que as escolas possam pensar sobre desafios inerentes ao uso dessa tecnologia: veracidade da informação, plágio, desinformação, dependência excessiva, mecanicidade da aprendizagem, entre outros. Um currículo que traga esses debates para os alunos e que assim seja possível educá-los digitalmente para o uso harmônico das tecnologias, incluindo as tais inteligências artificiais.

*Diretor de ensino do Pensi Colégio e Curso

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