Juliana Storniolo, mestre em educação e diretora educacional da FourC Learning, explica o que é e como ser um educador inovador
É fato que a educação básica vem exigindo dos educadores um olhar atento para as necessidades do século 21. Segundo estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, em parceria com o Instituto Península, os professores são responsáveis por 60% da aprendizagem do aluno no Ensino Fundamental, independentemente da infraestrutura escolar – internet, biblioteca e até mesmo a escolaridade dos pais. A conclusão do levantamento é que existe uma associação estreita entre a qualidade docente e a compreensão do aprendizado dos estudantes.
Outra pesquisa elaborada pelo GEduc, Congresso de Gestão Educacional do Brasil promovido pela HUMUS, cujo objetivo foi revelar os principais desafios da gestão educacional brasileira, trouxe dados alarmantes. O levantamento citou que 61,5% dos docentes e gestores entrevistados ainda não utilizam ferramentas tecnológicas nas instituições de ensino, a exemplo da inteligência artificial.
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Considerando o cenário acima – influência dos docentes na vida estudantil e necessidade de atualização na formação, incorporando novas tecnologias e novos métodos –, surgem questões importantes a serem discutidas. Em se tratando de tecnologia, muitas pessoas se mostram avessas às mudanças que surgem, o que faz com que o setor educacional tenha um déficit em relação às inovações.
“Nestes casos, nós, educadores, é que precisamos nos adequar, não o contrário”, afirmou Juliana Storniolo, mestre em educação e diretora educacional da FourC Learning.
A partir desse panorama, é necessário discutir sobre a importância dos educadores se manterem atentos quanto às novas metodologias e às problemáticas que surgem no cenário da educação, e, para isso, conforme disse a diretora, “é preciso se formar enquanto um educador inovador”.
Mas afinal, como se tornar um educador inovador?
Para Juliana, o educador inovador é “aquele que realmente está em processo de ensino-aprendizagem o tempo todo, dos alunos e dele”. É necessário, ainda, que ele tenha o que ela chama de “mindset de crescimento”, ou seja, a perspectiva de que estamos em constante evolução e de que o ato de aprender tem que estar incorporado à rotina.
“O educador inovador precisa trabalhar com criatividade, ou seja, resolver problemas de modo criativo. O educador inovador foca no aluno, olha para quais são as necessidades individuais de cada um e quais são as metodologias que personalizam essa experiência de aprendizagem. Cada um tem o seu background, o seu ritmo, o seu estilo de aprendizagem e é importante abarcar todo esses aspectos”, disse Juliana.
A resistência em aderir à novas tecnologias geralmente vem do medo de perder o lugar para elas, mas a postura de um educador inovador é de se utilizar desses recursos em benefício do aluno. “O professor tem um papel multifacetado, com diversas responsabilidades e ações estratégicas. O professor é curador, atua selecionando e recomendando aos estudantes o que é mais relevante e completo, inclusive quando se trata da tecnologia, até mesmo na IA”, falou a especialista.
Nesse sentido, o desenvolvimento do pensamento crítico também é essencial. Quando o aluno compreende essa habilidade, a curadoria, que antes era feita somente pelo professor, passa a ser parte de sua rotina. Saber determinar por quais sites navegar na internet ou que tipo de conteúdo é confiável ou não são habilidades essenciais.
“A metodologia ativa e a personalização do ensino, juntas, resultam no desenvolvimento do aluno de maneira dinâmica e participativa, com aprendizado mais significativo. Ao mediar a relação do estudante com esses recursos, o professor promove uma cultura de colaboração e o pensamento crítico”, explicou a diretora da FourC Learning.