Autoridades no tema falam sobre os caminhos da gestão da aprendizagem e da avaliação no ensino híbrido no segundo dia do evento
Quando a professora Raquel Acciarito Motta, consultora associada da Humus, apresentou os participantes da rodada matinal de palestras do segundo dia do GEduc 2021, parecia uma escalação da seleção dos sonhos de todo educador que está trabalhando a transição de suas práticas pedagógicas para a nova realidade da Educação. Só o primeiro painel trouxe referências como Guiomar Namo de Mello, Amábile Pácios e Joaquim José Soares Neto.
As pautas que alimentaram o I Fórum de Gestão do Ensino Híbrido certamente possibilitaram um bom aprendizado para os professores que fazem as adaptações necessárias do ensino híbrido remoto. Para os especialistas reunidos em torno da discussão das estratégias e possibilidades do ensino híbrido, esse é um caminho sem volta, e as instituições de ensino de todos os segmentos devem se adaptar o quanto antes.
O evento continua suas atividades atividades até sexta, 16 de abril, das 9 às 18h30, com transmissão pela plataforma Zoom. Com um desenho diferenciado, o congresso propõe uma trilha de conhecimento a cada dia — tema seguido pelas palestras matinais e pelos workshops gratuitos, além da Masterclass que encerra a programação.
O Educador21, parceiro de conteúdo do GEduc 2021 Online, acompanha todo o evento para trazer as informações mais importantes sobre inovação, gestão do ensino híbrido, liderança, marketing educacional e outros assuntos que impactam no futuro da área em uma cobertura especial.
Nesta quarta, dia 14, será realizado o VI Fórum de Líderes Educacionais. Além disso, o GEduc conta com uma feira virtual com aproximadamente 20 empresas de produtos e serviços educacionais.
Realização dos sonhos dos pensadores da Educação do início do século XX
A segunda manhã de palestras do GEduc foi uma oportunidade de reforçar o entendimento e ampliar o conhecimento sobre o ensino híbrido. Os painéis mostraram conceitos e estratégias diversificadas de utilização dessa matriz, suas difrentes dimensões e complexidade. Os palestrantes, de um modo geral, orientam que a própria gestão educacional defina os instrumentos para implementá-lo em suas instituções, pois o ensino híbrido é “um caminho sem volta” para a educação.
Uma dos nomes mais respeitados no setor educacional do país, Guiomar Namo de Mello, diretora da Ebrap (Escola Brasileira de Professores), afirmou que a implementação do ensino híbrido extrapola a questão da pandemia. A educadora trouxe para o debate uma perspectiva um pouco mais histórica do ensino híbrido, que ajuda a entender sua força e capacidade.
“O ensino híbrido aponta para um horizonte onde a escola não é dividida em disciplinas. É um longo caminho até chegar lá, um longo processo adaptativo com uso da tecnologia e das metodologias ativas nos processos pedagógicos. Precisamos passar por uma pandemia para chegar a este momento muito frutífero e muito produtivo, e unir as tecnologias e pegadogias ativas. É como se os pensadores da educação do final do século XIX e início do século XX vissem as suas utopias realizadas”, definiu a especialista.
O presidente da Câmara de Educação Superior do CNE, Joaquim José Soares Neto, trouxe para a mesa um pouco da visão da rede pública, que encontra dificuldades para implementações de sistemas de gestão do ensino híbrido em algumas redes. Os principais entraves são a escassez (ou limite) de recursos financeiros e o enfrentamento de barreiras de como as realidades desiguais dos alunos — e até de muitos professores –, o que acaba por aumentar incidência de falhas.
Enquanto Rodrigo Neiva, diretor de Personalização na Anima Educação, apresentou as experiência de sucesso das escolas do grupo — que iniciaram a transformação digital em 2017, com a introdução das disciplinas híbridas formando uma equipe multidisciplinar capacitada no uso de metodologias ágeis –, a presidente na Comissão da Avaliação do CNE (Conselho Nacional de Educação) e diretora do Colégio Dromos, Amábile Pácios falou sobre os rtesultados doa processos de avaliação na sua escola.
Segundo a professora, o instrumento usado há 21 anos na instituição é o portfolio, que foi digitalizado por conta da pandemia, para facilitar acesso durante a fase de ensino remoto. “O portfolio permite um olhar singular sobre o aluno e um campo muito grande de pesquisas para o professor, que consegue detectar barreiras pedagógicas e orientar o desenvolvimento do estudante por meio de uma trilha individual a partir desses dados”, disse a diretora.
Possibilidades e modelos de ensino híbrido
Em uma palestra cheia de informações, materiais e interação, Lilian Bacich, cofundadora da Tríade educacional — e uma das maiores especialistas em ensino híbrido e metodologias ativas no Brasil –, deixou claro para os participantes quão importante é o seu uso neste momento. De acordo com Lilian, o ensino híbrido em diferentes espaços de apredizagem é um potencializador da personalização do ensino.
“O ensino híbrido modifica o papel do professor, oferece autonomia ao aluno sobre sua aprendizagem, torna a avaliação muito mais formativa. Enfim, muda a gestão da aula e do espaço escolar, mas isso não acontece do dia para a noite”, disse a especialista, ressaltando que o conceito de ensino híbrido que costuma trabalhar é definido pela presença do aluno na escola.
O que se está vendo neste momento, pelo esforço de gestores e educadores, é um ensino híbrido de transição, de acordo com Lilian Bacich, provocado pela pandemia, que ainda obriga, por questões sanitárias e de saúde pública, muitas instituições que já retomaram o presencial a ter parte dos alunos 100% no remoto.
“Online e presencial se complementam, com foco na personalização. Nesse caso do ensino híbrido de transição, os modelos de rotação são muito importantes, assim como o modelo virtual enriquecido, que funciona bem nos ensinos médio e superior, onde estudantes têm roteiros de trabalho na plataforma e vem para o presencial trocar e ter momentos de tutoria com o professor, que apoia na construção do conhecimento”, explicou Lilian Bacich.
Editora-chefe e cofounder do portal Educador21
